Além da Bahia e Mato Grosso, MAPA declarou estado de emergência fitossanitária também em Minas, Goiás
O “risco de surto” da praga Helicoverpa armigera nas lavouras levou o Governo Federal, através do Ministério de Agricultura, Abastecimento e Pecuária (MAPA) a declarar, “estado de emergência fitossanitária” em Minas Gerais e Goiás por um ano.
Publicadas no Diário Oficial da União, do dia 27/11, as portarias 1.166 e 1.168 do Ministério da Agricultura reconhecem a necessidade de adoção de medidas emergenciais para combater a lagarta em todo Goiás e em parte de Minas Gerais. Por causa da mesma praga, que ataca plantações de soja, milho, algodão e outras, o MAPA já tinha declarado, recentemente, estado de emergência no oeste da Bahia e em todo o Mato Grosso, também por um ano.
O estado de Goiás teve todo o território declarado em estado emergencial. Em Minas Gerais, conforme o artigo 1º da Portaria 1.168, a delimitada a área afetada por Helicoverpa armigera, abrange cerca de 100 municípios dentre eles, Araxá, Sacramento, Uberaba, Uberlândia, Santa Juliana, etc.
De acordo com especialista, o reconhecimento da situação em ato oficial do Governo permite aos produtores das áreas atingidas implementar o plano de supressão da praga estabelecido pelo Ministério, o que inclui importação e uso de agrotóxicos que tenham benzoato de emamectina como ingrediente ativo. A importação e a aplicação dessa substância, proibida no Brasil em situações normais, foram autorizadas em caráter temporário e emergencial no dia 7/11, pela portaria 1.109/2013 do MAPA.
Além disso, o plano de supressão da Helicoverpa prevê ainda uso de cultivares que restrinjam a praga, janelas de plantios específicas para combater a lagarta, vazio sanitário, controle biológico e controle químico.
A lagarta ‘helicoverpa armigera’
Helicoverpa armigera é uma lagarta que foi identificada recentemente e que tem surpreendido produtores e pesquisadores pelo seu poder de destruição, principalmente, das lavouras de milho, soja, feijão. Sorgo e algodão. Até o início de 2013, a praga não havia sido identificada no Brasil, por isso produtores e pesquisadores pensavam que a causadora dos prejuízos seria a Helicoverpa zea, conhecida como lagarta da espigado milho.
De acordo com a Embrapa, a campo, é quase impossível identificar a Helicoverpa armigera e separá-la da subespécie zea. Apenas exames laboratoriais têm condições de diferenciá-las.
Segundo pesquisadores, armigera já é conhecida na literatura científica internacional desde 1809, quando foi descrita pelo entomologista alemão Jacob Hübner. Sua presença já foi registrada na África, Ásia, Oceania e Europa (regiões Sul e Central), mas não há ainda informações precisas sobre como a espécie chegou e o assunto veio a tona, em dezembro de 2012, quando a Embrapa recebeu pedidos de ajuda de agricultores baianos sobre uma lagarta que não conseguiam controlar.
A fase de lagarta da espécie armigera ataca as partes de frutificação das plantas, podendo também se alimentar de partes vegetativas, como folhas e hastes. A praga se alimenta mais rápido que outras pragas presentes no Brasil, por isso seu potencial de destruição é grande.
Além disso, a armigera tem alta fecundidade e a mariposa tem alta capacidade de dispersão, podendo colocar milhares de ovos, que são postos normalmente nos botões florais, nas vagens e nas sementes (no caso do milho), o que causa um dano muito maior do que as espécies que comem somente a folha.
A lagarta tem também alta capacidade de adaptação a diferentes ambientes, climas e sistemas de cultivo. Apresenta, ainda, uma elevada capacidade de reprodução e sobrevivência e tem potencial de desenvolvimento de resistência a inseticidas. A dose de produtos necessários para o controle da praga é maior na comparação com outras, o que torna o controle mais difícil. Esse conjunto de características está preocupando produtores e pesquisadores brasileiros. (Portaria 1.168/13, do MAPA e sites especializados)