Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Só tenho que agradecer

Edição nº 1342 - 28 Dezembro 2012

O prefeito Wesley De Santi de Melo, Baguá, encerrando neste dia 31 a sua gestão, fez ao ET um balanço de seu governo. Falou das obras, dos convênios em tramitação, das subvenções, do fechamento das contas  e até da transição. Falou também de seu futuro político e expressou um sincero agradecimento à população... 

 

 

ET  - Prefeito, sempre no final de um trabalho,  as pessoas citam Timóteo 4:7 “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé”, que significa que cumpriram o que propuseram e saem com a certeza do dever cumprido. O Sr. deixa a prefeitura com essa sensação?

Prefeito Wesley – Com certeza, nestes quatro anos meu governo pôde fazer e fez muito por Sacramento, veja que cumprimos quase que a totalidade do nosso programa de governo e em muitos itens fomos muito além do prometido, como nas reformas e construção de casas para famílias que, certamente,e não teriam conseguido financiar sua casa não fosse os terrenos que doamos. Avançamos muito na Saúde e sem sombra de dúvidas no Esporte, na Assistência Social e na Educação, superando todas as expectativas, tanto nossas como da própria população. Já na zona rural acho difícil outros governos fazerem o que fizemos para levar qualidade de vida aos produtores. Portanto, deixo meu mandato com a certeza de que realmente realizei muito em benefício da população sacramentana.

 

ET - Dizem que o Baguá não tem rejeição, mas o governo teve muitas. Muitos disseram e dizem isso repetidas vezes. Por que o Sr. manteve a mesma linha de governo os quatro anos apesar das críticas? E olha que a presidente Dilma, num ano trocou sete ministros, o que ficou conhecido nacionalmente como a “faxina”...

Prefeito – Vamos juntos fazer uma retrospectiva dos governos que me antecederam, o Joaquim tinha a sua equipe de rejeitados; o Biro, nem se fala; e eu tive a minha e o próximo prefeito terá a sua. Esse é o preço que o governante tem que pagar por estar no governo ou você pensa que o próprio Bruno também não terá pedras e espinhos no caminho. A rejeição começa com a formação do governo e dura por todo seu mandato. Na maioria das vezes, a rejeição não são pelas pessoas que estão no cargo e sim por aquilo que elas não podem fazer para atender as muitas necessidades individuais do povo. Esse fator é que leva as pessoas criarem certa indiferença com quem está no cargo. É na questão da doação de material, é no atendimento de saúde é na zona rural quando não dá pra fazer o que o produtor precisa na sua individualidade. Por fim, o município não pode fazer tudo que é preciso e muito menos na velocidade que as pessoas querem. Daí cria-se a rejeição que todos tiveram e que todos que passarem pelo cargo terão.

 

ET - Prefeito, ano de eleição é um ano atípico, tudo é limitado, isto é “pode-se pouca coisa” e praticamente pára tudo. E as obras que são feitas com emendas parlamentares por que pararam? 

Prefeito – Não é bem assim... Nós não paramos, nem começamos nenhuma obra em função do ano eleitoral. O que se tem de diferente é a legislação eleitoral que determina que, para algumas situações, o governo só pode praticar o que já vinha praticando em anos anteriores. Com relação a obras de convênios ou emendas, como você referiu, elas são tocadas de acordo com a disponibilidade de verba. Vou exemplificar, a Creche do S. Geraldo tem uma limitação financeira no convênio e o município tem muita dificuldade para complementar o seu custo, por isso está parada a obra, mas estamos em negociação com o FNDE, buscando o que falta para sua conclusão, sendo liberada a verba tudo volta ao normal. Obras como o Centro de Apoio ao Produtor e Desemboque, que tiveram seu repasses totalizados, não pararam e as obras foram concluídas. É assim que funcionam as coisas.  

 

ET - Sobre as emendas parlamentares para obras em andamento (Creche, Escola Técnica, praça do Cajuru, etc), qual a situação atual?

Prefeito – As obras são tocadas de acordo com os repasses a creche esta em andamento a negociação para a complementação da verba necessária para sua continuidade. A praça e o Centro comunitário do Cajuru, foram concluídos a primeira fase. Fizemos a prestação parcial das contas e estamos aguardando o repasse do restante do convênio pelo governo do estado. A escola técnica as obras estão em pleno andamento, tendo ainda mais de 2 milhões em caixa, para conclusão da primeira fase da obra. A verba para sua conclusão já está também empenhada, assim como a verba para equipar e dotar a escola para pleno funcionamento. Estamos publicando, para conhecimento da população os convênios em andamento, que estamos deixando para o próximo governo.

 

ET - Passadas as eleições, veio o imediato enxugamento da máquina, o que muita gente considerou  vingança pela derrota nas urnas. O Sr. declarou que essas medidas tinham um único objetivo, fechar as contas para atender à Lei de Responsabilidade Fiscal? Vai fechar legal?

Prefeito – Se tem uma coisa que eu sempre tive com os servidores públicos foi respeito por eles, portanto fico muito tranqüilo para responder isso para você. Veja bem, no dia 06 de outubro de 2011 fiz uma reunião com todos os meus cargos comissionados, afirmando a todos que meu compromisso com eles iria até o dia 08 de outubro de 2012,, ganhando ou perdendo as eleições. Veja bem, um ano antes das eleições, isso porque sabíamos, tanto eles como eu, que de qualquer forma teríamos que adequar as despesas e as receitas para que pudéssemos fechar nossas contas dentro da lei de responsabilidade fiscal. Nenhum servidor foi pego de surpresa com relação a esta medida.

 

ET – Os demais cortes...

Prefeito – Os outros cortes de despesas também são uma rotinas, conforme aconteceu com todos meus antecessores, cortando subvenções e atendendo apenas as urgências e emergências na Saúde; na Assistência Social somente o que é extremamente necessário e por ai vai. Digo mais ainda, se o quadro continuar como aconteceu com nosso governo, onde as despesas fixas crescem mais que a receita, os próximos governos verão o quadro agravar-se cada vez mais. Ou seja, sempre haverá cortes no final de mandatos. Temos que considerar ainda, que, neste ano tivemos um agravamento de perda de receitas em função dos incentivos do governo federal para a chamada linha branca e para as montadoras de veículos. A situação se agravou levando a uma projeção impressionante, quase 80% os municípios não conseguirão fechar suas contas. No nosso caso graças a Deus tudo ocorrerá muito bem. 

 

ET - No que se refere ao funcionalismo há pendências salariais? O 13º foi todo pago.

Prefeito – Com relação ao funcionalismo a questão é a seguinte. Pagamentos integralmente o 13º e a Folha de Pagamento do pessoal será responsabilidade do próximo governo, pois ela é paga no quinto dia útil do mês subsequente. Mas estamos deixando recursos das receitas correspondentes, para cobrir estas despesas.

 

ET - Uma  questão polêmica é a das subvenções para as  entidades,  que é objeto de lei autorizativa e que este ano beirou a  R$ 3 milhões. Como ficaram os repasses em 2012? Todos os repasses foram feitos?

 Prefeito – Como você disse, a lei é autorizativa, portanto não obriga o seu repasse, mas mesmo assim considero cumprido meu compromisso com as entidades, algumas com seu repasse na totalidade, como a Santa Casa, e outras, em torno de 98% do que foi autorizado nos quatro anos do meu mandato. Podemos considerar ainda que para as entidades que conseguiram seu cadastramento junto ao PAA - Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar, repassamos no total mais de 135 mil reais em alimentos como queijo, frango, legumes e verduras neste ano de 2012. Portanto, fico muito tranqüilo com relação ao meu compromisso com as entidades sacramentanas.

 

ET - Deixa dívidas? Quais?

Prefeito – Para a alegria geral da população, vamos deixar nosso governo sem dividas. Sempre tive muita preocupação com esta questão, fizemos o que poderíamos fazer, planejamos nossos gastos e vamos deixar a casa em ordem para o futuro governo. Vamos, na verdade, deixar como demonstra o gráfico que sugeri, mais de 5 milhões em caixa embora sejam recursos vinculados. Entretanto, o prefeito Bruno terá muita facilidade no início do seu mandato, para dar continuidade naquilo que conseguimos trazer para Sacramento e não foi possível terminar em meu governo, como a Escola Técnica, o Centro Comunitário do Perpetuo Socorro; a praça e Centro Comunitário do Cajuru, recapeamento e pavimentação em mais 14 ruas; verbas para aquisição de veículos, equipamentos e remédios. Enfim, uma mudança da água para o vinho com relação ao que assumi há quatro anos.

 

ET - Nesses dois últimos meses, além do fechamento das contas, houve a questão da transição de governo. Pelo que vimos, não foi tranquila, a ponto do prefeito eleito, Bruno Scalon Cordeiro, impetrar mandado de segurança contra o Sr. Que análise faz dessa transição?

Prefeito – De nossa parte, transcorreu de forma tranquila. Sempre estivemos abertos a qualquer esclarecimento. Reuni com o prefeito Bruno e os vereadores, José Maria e Marcelino Marra, passando a eles algumas situações, mesmo porque o nosso município é de pequeno porte e não tem muita coisa para transição. A equipe técnica ficou de acertar outros detalhes, para dar andamento ao processo, mas depois veio a ação movida pelo prefeito Bruno. Não vejo como problema, mesmo porque já foi resolvido e superado, os documentos solicitados foram entregues. 

 

ET – Fazendo um retrospecto, quais as obras mais edificantes de seu mandato?

Prefeito – Se você for analisar todas tem sua importância, desde a simples ampliação do Barracão dos Pinheiros, que levou conforto e comodidade para a comunidade nas suas necessidades de lazer e entretenimento até a Escola Técnica Profissionalizante. Muitas vezes, a população visualiza apenas as obras que são edificadas e nessa seara realizei muito também.Mas o que mais me orgulha, foi ter dado o ponta pé inicial para uma mudança estrutural e social no nosso município, estabelecer mudanças no comportamento da população, fomentar atitudes visionárias capaz de colocar Sacramento no caminho do desenvolvimento continuado. Isso começou com o apoio as indústrias pré-existentes e com as que se instalaram no meu governo. Daríamos continuidade com a implantação do distrito industrial, do ensino técnico e superior e da efetivação de um pólo industrial consistente.  Este foi, é, e continuará sendo o que quero e considero edificante, não só apenas para um mandato, mas para todos os que querem ver Sacramento maior e melhor sempre.   

 

ET -A ntes de encerrar, prefeito, o que o Sr. gostaria de ter feito ou concluído e não foi possível? 

Prefeito – Sem duvida, gostaria de ter concluído a Escola Técnica Profissionalizante e implantado o Distrito Industrial. Primeiro, porque sei da importância dessas obras para o futuro do nosso município, segundo porque como prefeito que fui sei o quanto vamos precisar de estabelecer fontes alternativas de receitas para a manutenção do orçamento municipal, e só buscando novas alternativas de receita e crescimento do poder aquisitivo da população vamos conseguir manter o equilíbrio entre a receita e despesas num futuro próximo.

 

E o que mais te marcou neste governo?

Prefeito - Muitas coisas importantes marcaram meu governo, entre elas destacaria a própria escola técnica, que vai transformar nossa cidade. Destacaria os investimentos efetuados para levar melhores condições de vida ao produtor rural, os avanços que realmente concretizamos na saúde da população e, sem sombra de dúvidas, a oportunidade que levei para a juventude seja no esporte, na educação e nos programas da assistência social. Foram ações que, além de dar aos jovens mais qualidade de vida, possibilitaram que nossa sociedade pudesse contabilizar uma redução no tráfico e uso de drogas, em especial o crack, que, ao contrário da grande maioria das cidades brasileiras, tem aumentado seu consumo a cada dia. Aqui em Sacramento, tivemos neste período uma significativa redução no seu consumo, isso graças às nossas políticas sociais e ao apoio dado ao eficiente trabalho desenvolvido pelas polícias civil e militar, que sempre contaram e tiveram o apoio da minha administração. 

 

ET - Apesar de as eleições terem encerrado no dia 7/10, muita gente ainda vive num clima de disputa eleitoral. Isso é saudável para Sacramento? Como o senhor tem enfrentado tudo isso?

Prefeito – Creio que não. A disputa eleitoral encerra com o fechamento das urnas e a divulgação do resultado. Quando fomos vitoriosos em 2008, nos preocupamos mais em traçar nosso planejamento, para iniciarmos o novo governo. Naquele ano, como agora, também tivemos problemas com os estudantes universitários e fomos em busca de solução junto as empresas que os transportavam. Tivemos problemas com a Santa Casa e fomos conversar com funcionários e credores para tranqüilizá-los e assegurar a continuidade do atendimento a população e o compromisso com os repasses atrasados. Enfim, tratamos de começar o trabalho que sabíamos que não seria fácil nos próximos quatro anos. Agora, cada cabeça é uma sentença. E quem perde uma eleição não tem muito que ficar avaliando o quem venceu, o que está fazendo ou deixando de fazer. Nós fomos vitoriosos há quatro anos e tivemos outro comportamento, o qual penso ser o correto.

 

ET – Falando nisso Baguá com tudo que foi nos dito a que você atribui a sua não reeleição?

Prefeito – As eleições de 2012 tiveram uma característica diferenciada, mostrando que que a população não quer mais o instituto da reeleição, 65% dos municípios não reelegeram os prefeitos ou seu sucessor apadrinhado. No meu caso, além dessa tendência, outros fatores contribuíram para isso, entre eles a própria rejeição que o cargo traz naturalmente, as obras que não chegaram há um estágio de conclusão que pudessem traduzir sua importância em votos. Outro fator importante, foi a unidade do grupo opositor que acabou dando certo. Muitos acreditavam que o antagonismo ideológico, político, e até de costume pessoal e cultural, não daria a liga política que deu. Mas na minha avaliação, o ponto mais importante nessa eleição e que culminou com a vitória do adversário, foi o sonho que eles venderam para a população de Sacramento, “Saúde com cinco médicos no pronto socorro a partir do dia 1º; ônibus gratuito para todos os estudantes a partir de fevereiro; 14º salário para o funcionalismo com promoção por graduação; bolsa integral para estudantes de curso técnico; geração de emprego e renda para a população e para o homem do campo; até a genética do rebanho será uma coisa extraordinária assim como seus currais silos e cooperativas de produtores de leite. Enfim, embalaram todo esse sonho em uma boa campanha e conseguiram seu objetivo que era de ser vitoriosos, para isso não lhes importava o preço. Agora vai dar certo tudo isso? Eu, sinceramente, acho muito difícil, mas no fundo mesmo, quero que meu sucessor faça um bom governo, um governo dentro da realidade orçamentária e que saiba fazer os investimentos que realmente mantenham Sacramento no caminho do desenvolvimento e do crescimento. Isso é o mais importante para nossa população.

 

ET - Voltando a Timóteo, lá nó início da entrevista, acabou a carreira de prefeito, mas, uma vez político sempre político, isto é,  a carreira política continua? 

Prefeito – Dizer que vou ficar fora da política estaria mentindo, até mesmo porque tenho amigos, tenho aliados, devo muito aos meus companheiros e vou estar com eles no futuro. Agora, hoje, nesse exato momento não penso em disputar qualquer cargo que seja ele. Assumir uma administração é muito gratificante, aqui você pode realizar muita coisa em benefício dos mais necessitados, a política faz diferença na vida dessas pessoas, mas sem dúvida alguma, o desgaste pessoal é muito grande e o convívio com a família fica relegado a segundo plano. E isso eu não quero mais para mim e para minha família.

 

ET - Sua mensagem final aos sacramentanos...

Prefeito – Primeiramente, desejar a todos um próspero ano novo com muita saúde e oportunidades para realizarem tudo aquilo que cada um deseja. Vou aproveitar para agradecer de coração aos 7.343 eleitores que, mais uma vez, depositaram em mim a sua confiança. Que acreditaram como eu acredito que o momento era para a continuidade, que o momento era para o crescimento, e que o momento era o de consolidar o trabalho que estava sendo realizado. A cada um de vocês, de coração, meu muito obrigado. Agradecer a todos os funcionários públicos efetivos e comissionados, que dedicaram ao máximo, não mediram esforços, independente de partidos políticos, torceram e me ajudaram administrar o Município, pensando no bem de todos. 

Aproveito também para agradecer à população de Sacramento de um modo geral, que. embora não tenha votado no nosso projeto, soube reconhecer e aprovar nossa forma de governo principalmente na educação, assistência social, esporte e cidadania, onde nossos índices de aprovação superaram os 92%. A agradecer ao carinho e respeito que sempre me dedicaram e dizer que, embora tenha sido derrotado no pleito eleitoral, continuo um cidadão sacramentano, e tenho orgulho disso. 

Continuarei a viver aqui com minha família e conclamo a todos os cidadãos para continuarmos nosso trabalho de construir a Sacramento que todos queremos e merecemos. Aproveito para deixar aqui de público, votos para que meu sucessor, o prefeito eleito, Bruno Cordeiro, faça um bom governo, proporcionando a todos, dias melhores. Agradeço ao ET, este prestigiado veículo de comunicação, pela entrevista e pela oportunidade que me dá de agradecer. Muito Obrigado!