Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Prédio do Colégio Allan Kardec recebe manutenção

Edição nº 1682 - 05 de Julho de 2019

O centenário prédio do Colégio Allan Kardec (CAK) está passando por manutenção,  através da empresa SIPEG (Soluções Inteligentes em Projetos Execução e Gestão) dos sócios Guilherme Ranuzzi Urbano e Paulo Sérgio Rodrigues. Na obra de manutenção do CAK, de acordo com Guilherme, no momento trabalham sete pessoas, mas há a possibilidade de mais pessoas para outras frentes.  

Falando sobre a obra, Ranuzzi explica que a manutenção será geral. “Começamos pelo destelhamento, cujas telhas não foi possível identificar a data devido ao desgaste sofrido pelas mesmas devido ao tempo, que serão substituídas por novas telhas francesas adquiridas em Taió, Santa Catarina.  O madeiramento, que tem mais de 100 anos, por incrível que pareça está muito bem conservado, mas haverá algumas substituições de peças, entre ripas e caibros, por jatobá, porque não identificamos com precisão. Consultamos especialistas  que divergem sobre sua identidade”. Guilherme informa que são 520 m² de cobertura, que necessitará de cerca de 8.200 telhas. 

A partir do telhado, avalia-se a manutenção das redes elétrica e hidráulica e instalação do Projeto de Proteção e Combate contra Incêndios, uma exigência do Corpo de Bombeiros, que até então não existia, além do cumprimento de outras obrigações, como banheiros com acessibilidade, rampas e toda a pintura do prédio, tanto interna quanto externa, mantendo o padrão de cores. 

Graduado em Engenharia Civil pela UFTM desde 2016, Guilherme trabalhou em grandes obras no ABC Paulista, Passos, São José dos Campos e, concomitante a sua experiência profissional, cursa MBA em Gestão de Projetos na USP/SP. No final do ano passado decidiu retornar à terra natal, quando criou com Paulo Rodrigues a SIPEG.

“A SIPEG é uma empresa que nasceu em fevereiro de 2019 e essa é a primeira grande obra na cidade, mas temos também outras obras em casas residenciais e comerciais. É uma empresa que está saindo do forno, mas com todo o profissionalismo e exigências que normatizam o segmento da construção civil”, afirma, ressaltando a qualidade do serviço prestado e a segurança.

“- Segurança é tudo, um fator primordial, por isso todos nossos profissionais são devidamente treinados para trabalhar em altura, escadas normatizadas com tubulação e todos os itens necessários à segurança, tanto dos trabalhadores quanto dos pedestres e dos veículos que trafeguem pela avenida. Segurança é um item primordial para nós. E, naturalmente, sem abrir mão da qualidade do serviço prestado”.  

Filho de Alaor Urbano Júnior e Luciane Ranuzzi Urbano, Guilherme tem no avô, Mauricio Ranuzzi, uma referência no ramo de construção. Sucesso aos jovens empreendedores! 


Prédio do Colégio tem 101 anos

De acordo com Alzira Bessa França Amui (foto), presidenta do Grupo Espírita Esperança e Caridade, entidade responsável pela administração do Colégio Allan Kardec, o histórico prédio vai passar por uma manutenção geral, conforme avaliação da empresa que assumiu a obra, cumprindo também algumas exigências e normas que regem a construção civil, inexistentes quando o prédio foi construído, no início do século XX. 

“Nossa preocupação foi muito grande, quando vimos o incêndio do Museu Nacional do Rio de Janeiro. Confesso que aquilo mexeu muito comigo, por ser o Colégio um patrimônio que precisa ser olhado. Há muito víamos a necessidade dessa manutenção, mas não tínhamos e não temos o dinheiro necessário para essa manutenção, até que a família Sortini, que tantas vezes já nos ajudou com gestos de caridade, mais uma vez demonstra seu carinho para com esse grande patrimônio histórico da cidade, idealizado por Eurípedes, e inaugurado no ano de sua morte, em 1918”, destaca Alzira, lembrando alguns fatos históricos.

De acordo com Alzira, o prédio do CAK começou a ser construído em 1916. “São 103 anos desde o início da obra. O projeto arquitetônico é de um engenheiro de São Paulo, que no momento não recordo o nome e o mestre de obras foi um senhor italiano, que morava em Maringá (PR). É uma construção muito sólida, aliás, os engenheiros estão impressionados com ela. Na manutenção que está sendo feita, que tem a supervisão do engenheiro Carlos Cassiano, um grande amigo da família Sortini, dá pra reparar a solidez das paredes, o madeiramento quase todo intacto, com apenas algumas ripas quebradas, alguns caibros que precisam ser trocados. Mas tudo continua original”, resumiu a presidenta, demonstrando sua alegria pelo serviço que está sendo feito. 

“- Eu estou muito feliz, aguardando   o término de uma coisa que será para o bem de todos. Então, isso para nós é gratificante e acredito que até para a cidade, por ter a preservação de um patrimônio que recebe gente do Brasil inteiro”. 

Sobre a data 1907, inscrita na fachada do prédio, segundo Alzira, ela marca a fundação do Colégio. “1907 é o ano da abertura do Colégio Allan Kardec, fundado por Eurípedes Barsanulfo, mas a construção do prédio começou em 1916. Outra placa foi feita pelos alunos de Eurípedes quando ele morreu, para colocar no cemitério, mas como Eurípedes pediu muitas vezes que não queria nem túmulo, nem placa, nem homenagem, atendendo a esse pedido, seus alunos decidiram afixá-la na frente do Colégio, em 1918”, conta. 

Outra revelação de Alzira, de como era o espaço no início dos anos 1900, é que no local, onde foi construído o colégio havia uma casa velha. Veja a história:

“Ali havia uma casa antiga de propriedade de um fazendeiro, que foi alugada pelo pai de Eurípedes para transferir para lá uma farmácia que ele abriu, aos 16 anos, mas que funcionava em sua casa. E devido ao incômodo que causava aos pais, Mogico e Meca, por conta da grande frequência de pessoas que batiam à sua porta em busca de remédios, o pai decidiu alugar essa casa.

E ali Eurípedes passou a viver. Dormia, ficava o dia inteiro, só ia em casa para tomar banho e comer. Nessa casa funcionou o Liceu Sacramentano, fundado em 1902. Quando ele se tornou espírita, em 1904, no ano seguinte ele fundou o Grupo Esperança e Caridade, ali mesmo na casa alugada e, em 1907, fundou o colégio Allan Kardec. Mais tarde, vovô Mogico comprou toda essa área e em 1916 iniciou-se a construção do Colégio Allan Kardec, que foi inaugurado dois anos depois”.