Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Monumento da Padroeira está abandonado

Edição nº 1124 - 19 Outubro 2008

O Monumento da Padroeira Nossa Senhora do Patrocínio do Santíssimo Sacramento, ao lado da Igreja Matriz, onde encontram-se também os restos mortais do fundador da cidade, Cônego Hermógenes Cassimiro de Araújo Brunswik, está em total abandono. A denúncia foi feita pelo ex-prefeito, José Alberto Bernardes Borges, esta semana. “Não há iluminação, não há uma flor, não há uma comemoração no local, as datas passam e a nossa história vai ficando para trás”, lamentou o ex-prefeito, que idealizou e construiu o monumento, inaugurado em 31 de maio de 1981, ano da primeira festa de Nossa Senhora do Patrocínio do Santíssimo Sacramento, proclamada padroeira da cidade em 12 de outubro de 1980, também em seu governo. 

Revendo as fotos da inauguração, o dia foi de uma reverência total à Padroeira da cidade. A fanfarra da Escola Coronel, os alunos em desfile, a decoração da praça Getúlio Vargas ao Marquezinho, enormes cruzes com iluminação interna  e símbolos nas cores oficiais da bandeira do município, mostravam o clima de festa da cidade. Milhares de pessoas acompanharam o cortejo até o monumento, onde foi inaugurado pelo então arcebispo metropolitano, Dom Benedito de Ulhoa Vieira.

No ano seguinte o bispo autorizou a proclamação e o traslado dos restos do fundador de Sacramento, Cgo. Hermógenes, para ali serem depositados, em 31 de maio de 1982,  Dom Alexandre Gonçalves do Amaral, arcebispo resignatário da arquidiocese, representou Dom BeneditoVieira, sacerdotes redentoristas e muitas outras autoridades civis e religiosas participaram do evento.

Recordando a data, José Alberto mostra a gravação do sermão proferido por D. Alexandre. Na sua avaliação, o mais belo discurso pronunciado pelo bispo sobre Nossa Senhora do Patrocínio do Santíssimo Sacramento. “Nunca vi nada igual”, comenta, afirmando que a cópia será doada ao Arquivo Público Municipal. 

“Nossa Senhora do Patrocínio do Santíssimo Sacramento era padroeira da paróquia, mas como nascemos sob a égide do Espírito Santo, debaixo do patrocínio do Santíssimo Sacramento, por que não ela ser a padroeira da cidade? Assim, através da lei 173, de 1980, aprovada por unanimidade pela Câmara, ela foi proclamada padroeira e coroada em nome do povo sacramentano, com a autorização de Dom Benedito. Hoje fico abismado em ver o abandono do monumento, construído com tijolos da antiga estação de bonde, por isso são tijolos à vista, cobertos de resina e que hoje estão cheios de tinta”, afirma José Alberto, decepcionado com o descaso.

Para o ex-prefeito, a festa da padroeira em 31 de maio é uma festa cívico-religiosa, dada à estrita relação da padroeira com a história da cidade. “Essa não é uma festa só da paróquia, é uma festa da cidade, que além de religiosa é cívica. A iniciativa de cuidar do local não é da paróquia, mas de uma ação conjunta da Igreja e da prefeitura”, afirma. 

 

Patrimônio sagrado

São 27 anos da inauguração do monumento, também chamado de 'Altar da Pátria” e é com tristeza que José Alberto vê o descaso, desse marco. “Aquele monumento tem as mãos de operários da prefeitura, Odorico Vieira, que transportou os tijolos, Sibirica, José de Freitas e Ezequiel que o construíram como voluntários, depois do horário de trabalho. A iluminação vem do prédio da Câmara, que na época era a Prefeitura. Falei, recentemente, com o presidente da Câmara, Aristocles Borges da Matta, sobre a iluminação e ele se prontificou em ver o que está acontecendo.  Falei também com o prefeito Joaquim Rosa Pinheiro, há três anos, mas nada foi resolvido. Pelo contrário, ao invés de passar resina nos tijolos à vista, pintaram o monumento com tinta de pintar telhas. O lugar está acabando... Completaram-se 25 anos da proclamação de Nossa Senhora como padroeira e nenhuma comemoração” - lamentou.

 

Não bastasse a denúncia do descaso com o monumento, José Alberto fala também sobre a descaracterização interna do Museu Corália Venites e o desaparecimento de várias peças. “Isso tudo são as nossas raízes, a nossa história sócio-político-cultural e religiosa, que não podem desaparecer, pelo contrário, devem ser preservadas, cuidadas com a maior responsabilidade, pois trata-se de um patrimônio riquíssimo, diria, sagrado, para todos nós, para a história desta terra', concluiu.