Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Cruzeiro da Ritinha Oralda diz que nunca autorizou nada

Edição nº 1127 - 09 Novembro 2008

“Nunca autorizei nada. Não fui ouvida. Não estava na cidade e, mesmo que a comunidade do Rosário houvesse concordado, eu seria a última a assinar a lista” Oralda Martins Manzan

Na última edição deste jornal, publicamos reportagem noticiando a transferência do Cruzeiro da Ritinha de seu local de origem para uma reserva de mata permanente, na mesma área. Segundo o funcionário que trabalhava na remoção da grande cruz, o proprietário do loteamento, Mário Antônio de Almeida Jr., o Basinho, obteve dos moradores do bairro o consentimento para a mudança do local. 

Após a reportagem, vários moradores do bairro reclamaram da transferência do Cruzeiro, afirmando que nunca foram consultados. Citada na matéria, Oralda Martins Manzan, lamentou a versão apresentada pelo jornal. “Nunca autorizei nada. Não fui ouvida. Não estava na cidade e, mesmo que a comunidade do Rosário houvesse concordado, eu seria a última a assinar a lista”, disse em entrevista a este jornal. 

 

A história contada por Oralda contraria tudo o que foi dito na matéria, pelo tratorista que fazia o serviço no local. “No ano passado, fiquei sabendo do loteamento nas margens da rua, que construiriam 20 casas de cada lado. Na quarta-feira de cinzas daquele ano, pensando em mobilizar o povo para não deixar destruir o Cruzeiro, iniciamos lá a via-sacra, propositalmente. Falei da possível intenção do empresário em destruir o local e pedi o apoio”,  lembrou.

 

O Cruzeiro é nosso!!

Ao lembrar sua história, Oralda disse que os moradores inflamaram, dizendo que não deixariam tirar. “ 'O cruzeiro é nosso. O Hugo deu o terreno para implantá-lo. Foi o seu Pedro do Seminário que fez. Nós é que zelamos dele...', afirmaram os moradores com várias outras justificativas. E passou”, contou.

Lembra Oralda que não se falou mais na destruição do Cruzeiro, até que neste ano, tudo voltou à tona. “De repente, tivemos a notícia de que o Júnior havia comprado a parte esquerda do terreno e que iria destruir tudo. Ele tirou a minha água, que tenho posse há 60 anos, junto com mais três sócios. Aí eu reclamei, ele ficou bravo, mas se propôs a emendar o canos e a água voltou. Há uns cinco meses numa conversa com ele sobre a água, perguntei-lhe se ele iria tirar o cruzeiro e ele negou. 'Imagine se eu vou tirar o cruzeiro!'. E não se falou mais nisso. Foi esta minha participação. Portanto, nunca dei autorização, nem tinha que dar. Sou apenas uma moradora da comunidade. E lamento que ele não tenha cumprido o que prometeu. Ele tirou porque quis tirar, porque ia tirar. Eu só fiquei sabendo que o cruzeiro foi retirado no dia seguinte”. 

 

Na opinião de Oralda, o Cruzeiro não deveria ser retirado do local. “Ali é um loteamento, será um bairro, mas se dependesse de assinatura, eu seria a última pessoa a assinar, igual aconteceu com o corte das árvores, a minha foi a última a ser cortada. Agora, já tirou, ele não vai voltar mesmo, mas ali era lugar do povo rezar, sempre havia gente ali rezando... O lote do Cruzeiro foi acrescentando à área para onde ele foi transferido? Cabe aos responsáveis fiscalizar. Em Sacramento está assim, faz-se o que quer e fica nisso mesmo”, lamentou.