Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Críticas da mídia e Ong sobre asfaltamento do centro leva prefeito a asfaltar periferia

Edição nº 1470 - 19 de Junho 2015

Valeram as cobranças, reuniões e denúncias feitas pela revista Destaque IN, jornal ET e Ong Veredas, contra o asfaltamento de ruas no centro da cidade, e acolhidas pelo promotor José do Egito de Castro Souza. No início dessa semana, a Prefeitura iniciou o asfaltamento da av. Tomás Novelino e rua Maria da Cruz, no bairro João XXIII, que não estavam contempladas na relação de ruas que seriam pavimentada, já com novos acessos. 

“A alteração, além de melhorar o tráfego, vem oferecer mais segurança aos motoristas e pedestres, que não mais têm que voltar do Cajuru pela contramão. Também um sistema de drenagem pluvial foi promovido em parte da Avenida para garantir o melhor escoamento das águas no período de chuva”, explicou o engenheiro Francisco Antonello. 

Os trabalhos devem ser concluídos nos próximos dias, o que veio beneficiar os motoristas que entram e saem do bairro e o trânsito de modo geral. 

Também as ruas Argila e Caramuru Paraguaçu, no Alto Santa Cruz já estão com a pavimentação pronta. A Alameda dos Trabalhadores e a rua Onofre Cândido Pontes, no Alto Boa Vista, também deixam de ser vias de terra e estão preparadas para receber a pavimentação asfáltica. 

 

Valorizando a história da cidade

“A modernidade não explica desfigurar o aspecto físico da cidade, sem um profundo, abalizado e amplo debate sobre o valor histórico, paisagístico, cultural, e ainda sobre o resultado eficiente da mudança do calçamento para asfalto, como está na preocupação do representante do Ministério Público, que teme o perigo de prejuízo ambiental e pugna pela vigilância do Plano Diretor”

O material betuminoso espalhado nas ruas até então esburacadas do bairro João XXIII, por certo estaria todo espalhado no centro não fosse a liminar concedida, no dia 30 de abril, pela juíza Cíntia Fonseca Nunes Junqueira de Moraes, à ação civil pública proposta pelo promotor da comarca, José do Egito de Castro Souza, contra o município de Sacramento, na pessoa do prefeito Joaquim Rosa Pinheiro, visando “a proteção do patrimônio público e social, e do meio ambiente”, representado pelas ruas já calçadas com paralelepípedos. 

A juíza Cíntia entendeu que a modernidade não pode desvalorizar os aspectos históricos das cidades. “A modernidade não explica desfigurar o aspecto físico da cidade, sem um profundo, abalizado e amplo debate sobre o valor histórico, paisagístico, cultural, e ainda sobre o resultado eficiente da mudança do calçamento para asfalto, como está na preocupação do representante do Ministério Público, que teme o perigo de prejuízo ambiental e pugna pela vigilância do Plano Diretor”, justificou.

Antecedentes - Tudo começou em março de 2006, quando o prefeito Joaquim, “em nome da modernidade” espalhou 15.865 m2 de asfalto nas ruas Ângelo Crema, Visconde do Rio Branco, Major Lima, Silva Jardim, Cristo Rei e a rua Capitão Ferreira, a bela e tradicional rua dos Fazendeiros.  E quando se pensou que a ação destruidora da história pararia ali, o ano de 2008, ano de eleições municipais, iniciou com surpresas: o asfaltamento de novas ruas. Por sorte, as autoridades acudiram em tempo.   

 Foram reuniões, discussões, audiência pública, para sensibilizar o prefeito Joaquim a não utilizar o asfalto para cobrir as pedras do calçamento das ruas da cidade. Não deu. Na audiência pública, (7 de abril) o promotor chegou a propor aos vereadores o tombamento das ruas calçadas de pedras.  O prefeito chegou a desrespeitar pedido do promotor, para suspender o asfaltamento das ruas já calçadas até que fossem dirimidas todas as dúvidas que envolviam a realização das referidas obras em discussão. Assim, não restou outra alternativa a não ser a ação civil pública e a liminar. 

E venceu mais uma vez a democracia, a vontade do povo e parte desse povo que não participou do movimento de defesa ao patrimônio histórico, que são as ruas de pedra, mas ganharam, merecidamente, o asfaltamento das ruas de seus bairros. Enquanto isso, as pedras do calçamento sufocadas pela matéria asfáltica começam a dar o ar da graça e quem sabe nuns dez, quinze anos, estejam todas limpas da modernidade que lhes tentaram impor.