Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Produtores de leite reúnem-se para buscar alternativas

Edição nº 1202 - 23 Abril 2010

Um grupo de produtores de leite ligados à Associação dos Produtores de Leite da Rifaininha, Mumbuca e Santa Maria reuniu-se na sede do Sindicato dos Produtores Rurais na noite do dia 13, para discutir os problemas enfrentados pela associação e buscar soluções e alternativas de melhoria para o grupo. A associação, que já existe há alguns anos, foi criada para a instalação de um tanque comunitário. No início, eram 44 associados, hoje restam 33, que estão assistindo cada vez mais o crescimento do setor, mas eles mesmos continuam estagnados. 

A iniciativa de reunir os produtores foi de Maria de Fátima Fajardo Archanjo Sampaio, proprietário rural que se mudou para o município em junho de 2009 e que junto com o presidente da Associação, Antonio Donizete Gabriel Dias, visitou cada uma das propriedades, para conhecer as dificuldades dos produtores. 

A proposta de Fátima foi incentivar os produtores a aderirem ao projeto 'Balde Cheio', coordenado pelo Sindicato dos Produtores Rurais de Sacramento. 

“É um novo conceito para trabalhar com pecuária leiteira, representando a solução para aqueles produtores que estão vulneráveis e numa situação de exclusão do sistema. Felizmente, o problema da coleta do leite foi solucionado com o Laticínio Jussara, que passou a pegar o leite. Além de apoiar a iniciativa da Associação, está dando um incentivo no preço do leite, mais três centavos por litro, para quem participar do projeto Balde Cheio, por isso precisamos nos organizar”, afirmou, informando que a Associação tem também o apoio da Prefeitura e do Sindicato dos Produtores Rurais.

Maria de Fátima abraçou a causa dos produtores, porque tem conhecimento do assunto. E como!  É Doutora em Planejamento e Desenvolvimento Rural Sustentável, pesquisadora associada ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, com pesquisas na área políticas públicas de alimentos e agricultura, Engenheira de Alimentos e professora da Unicamp.

 Fátima decidiu deixar tudo na cidade grande e optou pelo interior para, de certa forma, colocar em pratica projetos de sua autoria que eram engavetados. “Gosto muito dessa região, do meio rural, e como estava cansada de fazer pesquisas e projetos para ficarem engavetados, apareceu uma propriedade no município (Capão do Mel). Meu marido e eu apostamos na ideia e decidimos mudar. Em casa, estamos desenvolvendo a agroecologia e já estamos produzindo leite agroecológico. Acredito muito nesses projetos e vamos investir, digamos que seja aquela coisa de 'seja a mudança que você quer ver no mundo'”, explicou. 

Maria de Fátima é casada com o engenheiro agrícola Fernando Sampaio e mãe de dois meninos, Pedro e Raul. 

 

Vontade e assistência técnica são a solução

 

O engenheiro Agrônomo Walter Miguel Ribeiro, da Federação da Agricultura de Minas Gerais e SENAR/MG, esteve presente à reunião da Associação dos Produtores de Leite, que ainda se utilizam do tanque coletivo, para dar-lhes subsídios e informações sobre o programa Balde Cheio, implantado no município em 2007 e com excelentes resultados. 

“- Sacramento possui o programa Balde Cheio e agora a Associação tomou a iniciativa de passar aos produtores o que é o programa e os seus benefícios, porque eles querem aumentar a produção e ter melhorias na parte técnica. Eu faço o acompanhamento no município e tenho constatado que está muito bem, o resultado é fantástico. Visitamos propriedades com três anos de programa e propriedades com um ano e realmente o êxito é muito grande, principalmente quando a gente vê produtores com pequenas propriedades tendo êxito no investimento”, elogia. 

Para Walter Ribeiro, o produtor está mudando a mentalidade. “Muito produtor acha que as coisas só funcionam se investir muito dinheiro e não é isso. Temos mostrado a eles que as coisas funcionam com técnicas, é claro, que é preciso fazer algum investimento, mas antes de mais nada, as coisas só funcionam se houver vontade e coragem para começar. É preciso técnica, preço não tem nada a ver, conheço gente que está vendendo leite a R$ 0,70 e está levando prejuízo, e R$ 0,70 é um preço bom. Então, o que falta é assistência técnica e acompanhamento. Infelizmente, o produtor ainda acha que assistência técnica é despesa, quando na verdade ela é investimento”, justifica.

Segundo Ribeiro, a assistência técnica é dada pelo Sindicato Rural e pela prefeitura. “O técnico do sindicato, Marcos Vinícius, atende as 11 propriedades do programa no município e outras particulares, mas se o grupo quiser pode contratar técnicos por conta própria. Hoje não se produz leite como nos tempos dos avós, dos pais, e o importante é que eles entendam que, sem acompanhamento técnico não haverá melhoria e sem melhoria a tendência é a exclusão do mercado”, alertou. 

 

Produtor rural ganha dia de homenagem na Câmara

 

A Câmara Municipal de Sacramento aprovou por unanimidade o projeto de resolução de autoria do vereador Marcelino Marra Batista, que cria o 'Diploma Honra ao Mérito Jovenal Bizinotto', em comemoração ao Dia do Produtor Rural. O diploma, que será entregue, anualmente, no dia 23 de agosto, tem por finalidade, segundo o vereador, “homenagear os produtores rurais que tenham se destacado no município de Sacramento, no setor produtivo, primário, rural”. 

Segundo a resolução, cada vereador poderá apresentar um candidato, até o dia 7 de julho, que será apreciado e votado pela casa, com aprovação por maioria simples. “Para ser considerado destaque - diz mais a resolução que - os vereadores devem levar em conta a tradição familiar na produção, a inovação tecnológica, a produção orgânica, a inovação de cultura, o ganho de produtividade, a sustentabilidade da produção, a agregação de valor ao produtor final, a geração de empregos e a importância econômica para o município, preservação e conservação ambiental”. 

 

Quem foi Jovenal Bizinotto

 

Filho dos imigrantes italianos, Pedro Bizinoto e Palmira Zago, que chegaram ao Brasil em 1897, com 10 filhos, cinco meninos e cinco meninas, Jovenal cresceu com a família nas fazendas Lajeado, de Gabriel Araújo, e, depois, na fazenda Mumbuca, comprada pelo pai depois de muitos anos de trabalho e economia. 

Jovenal era casado com Olga Bizinoto e tiveram 13 filhos: Fabiano (falecido. Era casado com Maria Zélia), Cirley, Cigelfredo (Ana Maria), Ignês, Josefina  (falecida. Era casada com Saulo), Pedro (Maria de Fátima), Judity (Rodolfo), Arnaldo (Gláucia), Gabriel, Izaías (Eunice), Juvenal (Reny), Antônio (falecido) e Celeste (Marcos).

Para os filhos, netos, bisnetos, que participaram da reunião, a homenagem, primeiro foi uma surpresa, segundo, uma alegria. “Nosso pai viveu para o trabalhou, para a família e também ajudando muito a comunidade”, resume a filha Cirley, ladeada pelos irmãos. “Foi sempre muito simples, nunca quis aparecer, fazia as coisas em silêncio, e nos ensino muito. Foi uma vida de exemplos. Sempre trabalhou, não estudou. Criou a família, ensinou-nos a todos a trabalhar, não temos preguiça, e aprendemos isso com papai. Papai sempre trabalhou no meio rural, comprou a casa na cidade, mamãe veio pra cá, mas ele ficou lá trabalhando. Lá era o lugar dele. Além de ser bom pai, bom marido, homem trabalhador,  papai foi uma pessoa que ajudou muito as pessoas, as entidades como  o seminário, o dispensário dos pobres, mas não fazia alarde. Hoje a gente entende o porquê desse gesto da Câmara.  Ficamos muito agradecidos e felizes”, agradeceram. 

Jovenal Bizinoto faleceu no dia de São Francisco de Assis, 4 de outubro de 1993, aos 76 anos. 

 

Para presidente, Fátima é 'sangue novo'

 

De acordo com o presidente Antonio Donizete a associação precisa de um impulso. “Conhecemos a Fátima, que nos procurou, trazendo novas ideias, muita experiência e vamos trabalhar juntos para melhorar. Junto com ela, a primeira iniciativa foi ver a realidade de cada um, conversar, saber das dificuldades, as expectativas pra gente poder começar a trabalhar. Agora vamos dar conhecimento do programa ao pessoal para dar início com aqueles que se interessarem, mas a ideia é reunir todos. A situação precisa melhorar”, disse. 

Fazem parte da associação, os produtores de uma extensa área que vai do Capão do Mel, próximo ao DER, segue pela Rifaininha, Gruta dos Palhares, Mumbuca, até a fazenda Santa Maria. De acordo com o presidente, a associação começou com 44 associados, hoje restam 33, os demais instalaram seus próprio tanques. Hoje, os 33 associados produzem em média 60 mil litros (2 mil litros dia) de leite por mês, o maior produtor chega a 4 mil litros/mês e o menor cerca de 400 litros/mês. “A produção varia um pouco dependendo da época, mas em média é essa a produção, precisa mesmo de um empurrãozinho”, reconheceu.