Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Usineiros soterram nascentes


Falando da preocupação com o meio ambiente, o promotor público, José do Egyto de Castro Sousa, afirmou aos presentes na reunião sobre a degradação ambiental nas fazendas arrendadas. "O histórico que se tem é que ao preparar a terra fazem o soterramento dessas nascentes, muitas vezes à noite, e no dia seguinte não se sabe se ali um nascia água", alertou, mostrando sua preocupação também com as queimadas. "Eu me preocupo muito tanto quanto com as nascentes, é com a questão das queimadas. Estamos num grau de evolução tão grande, que é inadmissível a prática das queimadas para se colher cana. E, muito mais ainda, queimadas nas proximidades das cidades ou de áreas habitadas", disse, lembrando do projeto do vereador Papinha que limita a distância de um quilômetro. "Muito pouco, são necessários dez a 12 quilômetros de distância, devido à fumaça e à fuligem provocada pela queima", sugeriu.

Segundo o promotor, o objetivo da reunião foi o de aperfeiçoar a lei, cabendo às autoridade locais e à população lutar para regulamentar o plantio de cana. "Pode até plantar, mas colhe-se de outra forma, sem queimadas, sem soterrar nascentes. E antes que a cana seja plantada, temos que responder a algumas questões: É permitido a vinda da cana para o município? É possível impedir o plantio da cana? Que problemas de degradação vamos ter? Como será o trato dessa cana? São várias perguntas e várias respostas e isso tem que ser discutido", orientou.
"As leis que já existem, a mim como membro do Ministério Público, não satisfazem. E pela experiência que tenho, as pesquisas que fiz, vários membros de Ministérios Públicos e vários municípios brasileiros, inclusive Ribeirão Preto e Itumbiara tentaram de todas as formas impedir as queimadas das canas e os juízes, promotores que moram nessas cidades são sensíveis a essas questões, porque há comprovação através de laudos que constatam todos os malefícios com a poluição da cana", disse mais.

O vereador Papinha acatou as sugestões do promotor, afirmando que o objetivo da reunião proposta pelo PDT foi justamente esse. Ouvir a sociedade, colher sugestões para melhorar o projeto de lei que tramita na casa. "Para isso, a Câmara marcou uma Audiência Pública, a ser realizada no dia 6 de junho, para debater o assunto", informou.

Nenhum representante do prefeito Joaquim Rosa Pinheiro compareceu a reunião. Mas, enquanto isso, o prefeito, no seu modo peculiar de não ouvir a comunidade, já assinou, na última semana, em Belo Horizonte, com o grupo Carlos Lyra, BDMG e Secretaria de Indústria e Comércio de MG um protocolo de intenção, no valor de R$ 645 milhões, a ser implementado nos municípios de Sacramento, Conceição das Alagoas e Uberlândia.