Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Tesoureira do Lar São Vicente, Nei Manzan coloca cargo á disposição


Há dez anos, Neí Maria Manzan ocupa o cargo de tesoureira na diretoria do Lar São Vicente de Paulo (antigo Asilo). Durante todos esses anos vem se dedicando á instituição, muitas vezes driblando as inúmeras crises. “Quando assumi a tesouraria havia oito meses de encargos e de contas a serem pagas. Hoje, estou colocando o cargo à disposição e, se sair, não deixo dinheiro em caixa, mas não deixarei dividas”, afirma, contrariada com tudo o que aconteceu.

Tudo começou quando Neí e diretores estiveram na Prefeitura, na última quarta-feira, 13, para cobrar o repasse de verba do Lar. Dos R$ 62.500,00 votados no orçamento, o prefeito Joaquim Rosa Pinheiro só repassou até agora, R$ 5 mil, no dia 26 de junho. E, para piorar as coisas, há três meses cortou os remédios dos velhinhos, só fornecendo os medicamentos constantes da UBS. “Fomos informados de que não há previsão de quando será repassado o dinheiro, mas fomos orientados para procurar o secretário Reginaldo Afonso dos Santos para negociar a questão dos remédios e, também, para nos ajudar a atender as exigências do Conselho Regional de Enfermagem – Coren, exigindo que, em 30 dias, a instituição contrate uma enfermeira padrão e mais cinco técnicas, com dedicação integral”, disse.

Informou a presidente que a diretoria já havia enviado cópias das exigências do Coren ao prefeito, ao secretário de Saúde e ao Promotor de Justiça, mas não obteve nenhuma resposta, por isso decidiu ir pessoalmente buscar uma solução. A conversa com o secretário Reginaldo, dia 8, só rendeu resultados em relação aos remédios. “O secretário prometeu voltar com os medicamentos para os idosos, porém quanto aos enfermeiros, disse que a prefeitura não tem pessoal concursado, mas oferecia o pessoal do PSF para nos ajudar. Foi quando falei das exigências e perguntei, o que faríamos se o Coren voltasse a cobrar os profissionais. Ele respondeu que cada entidade teria que caminhar com seus próprios pés, se não tivesse condições, que fechasse”, afirmou,

Mal entendido de vereador causa a polêmica

A frase impensada do secretário foi parar na reunião da Câmara na última segunda-feira, 11, no requerimento do vereador José Carlos Basso De Santi Vieira, que, ouvida a casa, requereu uma moção de solidariedade à tesoureira Neí Manzam, por sinal agraciada no ano passado pela Câmara com a comenda do Mérito Legislativo, pelos relevantes serviços prestados à comunidade. Fofão justificou “o tratamento que a mesma recebeu do senhor Reginaldo Afonso dos Santos, Superintendente de Municipal de Saúde, que em ato, talvez impensado, afirmou àquela senhorita que se a entidade da qual a mesma é membro da diretoria na consegue se manter, que fechasse as portas”. O requerimento, porém, foi engavetado pelo presidente interino, José Maria Sobrinho.

Fazendo fofoca, o vereador Alex Venício Bovi, no dia seguinte, terça-feira 12, procurou o secretário para afirmar que Neí teria dito que Reginaldo iria fechar o Asilo. “Na verdade, Reginaldo não disse isso. Ele afirmou que, se o Asilo não consegue funcionar, que feche”. Não deu outra, Reginaldo, por telefone, desabou com Neí. “Ele me disse: o vereador está aqui do meu lado e teceu vários elogios a ele, ou seja acreditou naquilo que ele disse”.

Não bastasse o mal entendido, outros comentários maldosos saíram, inclusive de que os idosos estariam passando necessidades e que estariam tomando água com farinha em lugar de refeições. “Isso foi falado no Quenta-Sol, no dia da inauguração da Escola Mas já foi resolvido, chamei os três professores (citando inclusive os nomes) que fizeram o comentário, já conversamos. Mas um deles não nos atendeu o nosso convite para conversar”, explica Neí.

Segundo Neí, o Lar de São Vicente resistiu até agora sem o repasse da prefeitura, porque sempre trabalhou muito seguro. “No ano passado, mês a mês, o que sobrava a gente ia guardando para emergências. Então havia um dinheirinho guardado, até o mês de junho conseguimos caminhar, mas agora não dá mais sem o repasse”, explica a tesoureira, ressaltando que a folha de setembro só foi paga graças à renda do baile da Solidariedade que o jovem Carlos Antonio Rodrigues, Bananal realizou no São Clemente, no sábado, 9. “O baile rendeu R$ 2 mil, com esse dinheiro completamos a folha de pagamento e o restante demos na farmácia”.