Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

PF desmantela quadrilha em Uberaba

A Polícia Federal prendeu na amanhã do dia 26, em Uberaba, 15 pessoas envolvidas em fraudes com cartões bancários. A megaoperação, denominada Piraíba, foi realizada pela PF simultaneamente em quatro estados e no Distrito Federal, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa especializada em fraudes com cartões bancários, em prejuízo à Caixa Econômica Federal (CEF) e outras instituições bancárias, bem como a exploração clandestina de serviços de telecomunicações.

Dos 15 mandados de prisão expedidos para a região de Uberaba, 14 deles foram cumpridos, restando somente o policial civil de Frutal, César Eduardo Santiago, a ser capturado, pois ele estava viajando e encontra-se em lugar incerto. Os demais acusados presos são, Osmar Manoel Guedes, Evaldo José de Souza e Jenner Silvério Jaculi, todos detetives da Polícia Civil lotados em Uberaba. Para o detetive Ronaldo Pereira França, também transferido para Uberlândia, constava apenas mandado de busca e apreensão, mas, quando os federais chegaram em sua casa, na manhã do dia 26, ele não foi encontrado. Segundo o Jornal de Uberaba (foto) se Ronaldo estivesse em casa, seria preso pelo fato de os agentes terem achado em sua casa, armas e munições ilegais.

Para a Polícia Federal, os policiais presos garantiam a impunidade dos golpistas e, algumas vezes, agiam diretamente nas fraudes, efetuando saques ilegais. Os federais descobriram durante as investigações o envolvimento deles em corrupção, extorsão, prevaricação, tráfico de drogas e armas, além de roubo de cargas. Outra suspeita que recai sobre os policiais civis é o envolvimento em alguns homicídios e roubo a ônibus em rodovias da região.

Os demais presos são Fernando Aveiro Ferreira, Maruedison Silva, Marmo Ramos Camargo, José Afonso Neto, Cristiano Marcelo Carneiro Drigo, Lindomar Donizeti Sudário, Fernanda Silva Fernandes, Rodrigo Fernandes da Silva, Luciano Américo de Souza, Adilson Bento Oliveira, Marcos Kenith Mendonça Chaem. Foi preso também Luiz Carlos Ridemitsyu Chaem, pai de Marcos Kenith, que não tem envolvimento com as fraudes, mas foi preso por desacatar os policiais, tentando evitar a prisão de seu filho, que também não tinha envolvimento nas fraudes, mas no momento da prisão de Marcos Chaem, os policiais encontraram em sua casa 47 comprimidos de Ecstasy e produtos contrabandeados.

Durante seis meses de investigação, os policiais federais descobriram que a organização criminosa estava agindo há dois anos e tinha sua base operacional na região de Uberaba.

Clonagem de cartões

A ação da quadrilha consistia na clonagem de cartões magnéticos de duas formas: na primeira, os golpistas instalavam no interior do caixa de auto-atendimento um dispositivo eletrônico conhecido como "chupa-cabra", capaz de copiar e armazenar o número da conta corrente e a senha do cliente. Na segunda, era instalado um dispositivo que se encaixava sobre a leitora do caixa eletrônico, conhecido como "luva" e era copiado apenas o número da conta corrente do cliente, as senhas eram obtidas pela atuação de um olheiro ou pela instalação de microcâmeras escondidas na carenagem dos caixas eletrônicos, que remetiam as imagens a um monitor nas proximidades da agência bancária, ou ainda através da venda de informações de funcionários dos próprios bancos.

Os cartões clonados eram utilizados para saques, compras em supermercados e lojas, além de transferências bancárias. Após os vários meses de investigação, a PF concluiu que os criminosos conseguiram levar somente da CEF cerca de R$ 5,5 milhões, os números das outras instituições financeiras ainda não foram divulgados. Também foi descoberto que 29 pessoas estão envolvidas diretamente nos crimes, entre elas estão cinco detetives da Polícia Civil, sendo quatro lotados em Uberaba e um da cidade de Frutal (MG).E foi uma megaoperação, a Piraíba, pois foi realizada simultaneamente em todas as cidades, às 6h00 da manhã, para surpreender os acusados enquanto dormiam.