Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Moradores do Sta. Maria querem recuperar Lageado


A médica Célia Menezes de Melo (foto), representando o Instituto Cultural ´Leopoldina Geovana de Araújo´, situado na comunidade de Santa Maria, participou da reunião para discussão de legislação relativa à cana-de-açúcar, dia 03 de junho e por um motivo, segundo a médica, nobre: "os moradores de Santa Maria, liderados pelo Instituto estão recuperando a bacia do córrego Lajeado, que nasce no município de Sacramento, abastece os moradores de Santa Maria e a cidade de Conquista, seguindo até desaguar no Rio Grande".

Antes de iniciar as preocupações com a chegada da cana no município de Sacramento, Célia e um grupo de moradores de Santa Maria já haviam contatado autoridades na cidade de Conquista e o promotor e curador do meio ambiente de Sacramento, José do Egyto de Castro Souza, justamente para mostrar a sua preocupação com as nascentes do córrego, por causa da invasão da cana. "Procuramos o promotor, porque o Instituto Cultural é o proponente do Projeto Lajeado, que visa a recuperação da bacia do córrego Lageado. O Projeto está em tramitação no Fundo Nacional de Meio Ambiente, em Brasília, que financiará toda a parte de educação ambiental e recuperação do meio ambiente", explicou.

Segundo Geovana, o projeto de recuperação da bacia já está em andamento. "Temos vários parceiros e um deles é a Copasa, que já construiu 80 bolsões, caixas de contenção acima das nascentes. Essas caixas de contenção são muito importantes para o aumento da água no subsolo e a proteção ambiental. Porém, as propriedades no entorno estão sendo procuradas por arrendatários e a nossa preocupação reside aí, que o plantio da cana chegue até lá. Se forem usadas máquinas no local, arados, grades e toda a sorte que promovem no preparo da terra, sem nenhum respeito com o meio ambiente, vão desaparecer com todos os bolsões e vegetação existente ali, as nascentes vão acabar", explica.

"Não queremos impedir o plantio da cana, disse mais a médica, o que queremos é que os arrendatários assumam um compromisso de não destruírem os bolsões e as nascentes. Se as nascentes acabarem Santa Maria e Conquista ficarão sem água. Tememos muito, porque temos conhecimento de que há locais em que as nascentes anoitecem e não amanhecem. Chega no outro dia, cadê as nascentes?", argumenta, lembrando como agem os usineiros na degradação ambiental.

Segundo Célia, são muitas as nascentes que formam o córrego Lajeado e os bolsões foram designados pela equipe técnica do Projeto Lajeado, formada por engenheiros da Emater, SAAE e Copasa. "Foi feito um estudo e a equipe técnica determinou o local dos bolsões no entorno da cabeceira do córrego, são oitenta bolsões, todos feitos pela Copasa e eles correm o risco de desaparecerem. Se os arrendatários forem plantando inadvertidamente vão desaparecer os bolsões, as nascentes e consequentemente o córrego Lajeado".