Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Edson & Terezinha: Uma história de vida e amor

Edson Pícolo, natural de Conquista, chegou nas terras do Borá, aos cinco anos, portanto há 71 anos e daqui não saiu mais. Adotou Sacramento como sua terra, até que foi adotado por ela com o Título de Cidadania Honorária. Mas, independente de título, era um autêntico sacramentano. Aqui constituiu família, investiu e continua investindo, ao lado da esposa, Terezinha Gomide. Edson é o primogênito dos sete filhos do casal Hermínio Pícolo e Alvarina Rezende: Argélia, Iolanda (falecida), Nígima, Débora, Claudiner e Eli.
Terezinha, que para Edson é mais que a cara metade, "a Terezinha é mais que meu braço direito, é o direito, o esquerdo, o corpo inteiro", é filha de Josias Gonçalves Gomide e Ludovica Santana Gomide.
A nossa entrevista, na realidade, foi com o casal, numa bela manhã de domingo, onde tivemos momentos de boas gargalhadas, de emoção, de saudades... Mas tudo isso faz parte da vida dessas maravilhosas pessoas, Edson e Terezinha, que mais que donos da inesquecível Casa dos Presentes, construíram uma história de vida e de amor; e muito contribuíram e contribuem com a história de nossa cidade.

ET - Bom, Edson, vamos retrospectar aos seus cinco anos de idade. Como foi a chegada aqui com seus pais Hermínio Pícolo e Alvarina Rezende?
Edson - Papai tinha um comércio em Conquista e mudou para cá por precisão. Moramos na Benedito Valadares. Hoje não tem mais a casa, mas tenho saudades daquele tempo. Tinha um clube onde é o Zé Pandó, a padaria do Américo Bonatti, logo abaixo onde hoje é o Sindicato Rural. Tem até um fato interessante daquela época, ocorrido com o filho do Seu Américo, o Maurício Bonatti.

ET - Conta lá...
Edson - Um dia, na aula de Matemática, o professor deu um problema: 'Cada pão custa 200 réis. Quantos pães posso comprar com um mil réis?. Aí todos se embaraçaram, chamaram o filho do padeiro, o Maurício e perguntaram.E ele tascou logo: ´Sete´. O professor argumentou: 'Não, Mauricio, não são sete, são cinco'. Aí ele respondeu: 'Na padaria do meu pai são sete'. (risos). Papai abriu aqui uma relojoaria e ourivesaria. Mais tarde, tornou-se dentista prático e saía pelas fazendas para o oficio de dentista.

ET - De onde vem o nome Pícolo?
Edson - Vem da Itália, o Nono veio de lá com oito anos e a Nona com seis, em navios diferentes. Aqui cresceram, se conheceram e o nome ficou no Brasil. O nome correto em italiano é com dois cês 'Piccolo', mas o papai utilizou só um pra nós.

ET - Fale um pouquinho mais de seu pai, o Sr. Hermínio.
Edson - Papai era natural de Santa Cruz das Palmeiras, depois Casa Branca (SP). Quando criança foi sacristão, quando ficou moço, mudou-se para Tambaú (SP), onde foi alfaiate e logo se casou com a mamãe. Depois, mudamos para Conquista, a convite da tia Dina, irmã da mamãe, que se casou com Belarmino, de Conquista, e veio antes morar nessa cidade.

ET - Você disse, Sacristão. Eram católicos?
Edson - O papai levou muito tempo para se tornar espírita. Aliás, o espiritismo em nossa vida é um caso interessante. A mamãe ficou muito doente, e viemos para Conquista, como disse, em busca de cura, e também porque a situação financeira em Tambaú não estava boa. Tia Dina e Belarmino contavam das curas que aconteciam em Santa Maria. Falavam do Sinhô Mariano. Então, o padrinho Zequinha emprestou para papai, 200 contos de réis e ele veio com a família para Conquista, onde se estabeleceu. Aí mamãe tornou-se espírita, mas o papai, não. Ele se dizia católico, muito mais tarde se tornou espírita também. Por aqui, o papai, além de ser ourives virou dentista prático, andava pelas roças acudindo as pessoas e aqui na cidade também. Ele fazia dentaduras muito bem... Ele se virava, depois a coisa modernizou...

ET - E como foi a vida do jovem Edson ao chegar por aqui?
Edson - Logo que completei a idade, iniciei os estudos no Colégio Allan Kardec, mas já era alfabetizado. Mamãe me ensinou as primeiras letras. A vida era muito difícil. Mamãe fazia sabão pra vender, tinha frutas e verduras da horta também, que vendi até os 13 anos. Aliás, eu tinha uns clientes muito bons, às vezes nem precisavam, mas compravam, porque às seis da manhã eu já estava na rua com a cestinha.

ET- E os estudos ficavam de lado?
Edson - Eu estudei até o quarto ano e o Admissão, aquele curso que fazíamos, antigamente, para entrar no Ginásio, lá no Colégio Allan Kardec. Lembro-me de alguns professores: o Augustinho, que foi Oficial de Justiça; a dona Euzápia; Corina Novelino; Leoni Cunha, a Nizinha; o Homilton Wilson; Sr. Antenor Germano... Agora, colegas eu não saberia enumerar os nomes agora, não. Lembro de algumas artes. Posso relembrar?

ET - Claro. É bom.
Edson - Naquela época, quando iniciaram o calçamento da rua da ponte do Rosário, que era a avenida Municipal, um português veio calçá-la Não me lembro do nome dele, nem do filho dele, que era meu colega...

ET - Devem ser Manoel e Joaquim. (risos)
Edson - Pode ser... (risos). Ali não tinha casas, era um campo aberto. E começou um redemoinho muito forte do lado da Estação e veio vindo. O prof. Homilton, que estava dando aulas, estava nos preparando, mas o redemoinho chegou de uma vez e foi descobrindo a escola. O professor subiu numa janela e gritou: 'Salve-se quem puder'. Lembro-me perfeitamente que foi uma correria geral. Esse filho do calceteiro estava na carteira e caiu uma telha sobre ele. Mas, antes que o atingisse ela estourou. Aquilo pra nós foi fantástico.

ET - Quem espatifou a telha? Vocês acreditaram que foi um espírito?
Edson - Não sei ... Mas tem outra boa. Tinha o Jair, filho do Fioravante, muito levado. Um dia ele fez uma arte grande na escola. Havia o alpendre na escola e como era um tempo de chuva, os guarda-chuvas ficavam abertos no alpendre. A dona Maria da Cruz era a responsável pelos alunos e era muito brava. Ela saiu correndo para pegá-lo. Ele entrou no alpendre, pegou um guarda-chuva e saltou lá embaixo, uma altura enorme, como num paraquedas, e pernas pra que te quero... (risos).

ET - E concluídos a quarta série e Admissão, o Sr. foi estudar onde?
Edson - Em lugar nenhum, parei aí. Eu era o mais velho, a família não tinha condições e eu não tinha oportunidade de sair. As minhas irmãs estudaram. A mamãe conseguiu ajuda com os parentes. A Nígima foi para São Bernardo; a Débora, para São Joaquim da Barra; a Iolanda, para Casa Branca e o Dinê, foi mais tarde. Eu, filho mais velho, tinha que trabalhar. Eu vendia verduras. Formei-me mesmo na universidade da vida. Aos 13 anos, eu já possui noções de ourivesaria e relojoaria, que aprendi com papai, quando fui para Casa Branca me aperfeiçoar na arte. Havia muito serviço e fiquei lá dois anos, até aprender bem. Voltei para Sacramento e cá estamos até hoje. Fiquei trabalhando com papai, na casa ali no Rosário. Faz 64 anos que estou como 'aprendiz velho'. (risos).

ET - Modéstia sua... Aí ficou rapaz e foi quando a Tereza entrou na sua vida?
Edson - Conheci a Terezinha como todo rapaz da época, dando voltas no jardim da Matriz. Naquela época, os rapazes rodavam para a esquerda e as moças para a direita ou era o contrário, não me lembro. Naquele vai-vem a gente se conheceu, ela tinha uns doze pra treze anos e eu uns 20. Antes dela tive uns flertes, mas nada sério, porque naquele tempo não se namorava como hoje. As meninas eram muito guardadinhas, mas era 'bão'. E quando chegava a conversar era bom demais.... (risos).

ET - Terezinha com 12 anos... Casaram-se logo? Era costume casar-se aos 14 anos naquela época, não?
Edson - Nada, menina, a gente namorou sete anos. Teve um porém no nosso namoro. Ela era católica, fazia parte das irmandades e o pessoal falava que não ia dar certo, porque eu era espírita.
Tereza - O monsenhor Saul também falava, ele era totalmente contra. Mas eu fui teimosa, não escutei essas coisas, não... estamos com 49 anos de casados, vamos completar Bodas de Ouro em 28 de setembro de 2007.

ET - Casaram-se na igreja? Celebraram um festão?
Edson - Casamos só no civil. Não teve nem festão nem festinha (risos). Não tinha jeito, não. Os meus sogros fizeram uma janta, só pra família e cada um foi pra sua casa. Não teve viagem também, não. (risos).

ET - Vamos vasculhar um pouco a vida da Terezinha? Você trabalhava, estudava, como era sua vida?
Terezinha - Eu trabalhava com o doutor Bendito Mendes, no consultório. Eu era menina, quando comecei e trabalhei lá até me casar. Depois de casada, logo vieram os filhos de sangue e os do coração e veio um atrás do outro. Um ano e pouco de casada nasceu o Ederson, casado com o Ilíria; depois veio o Everton (Lícia); a Scheilla (Wagner) e Cinira (Gilson). Temos também a Cleusa Batista, o Jean (Wandercéia); Eurípedes, o Didi; a Débora, adotivos, além do Riquinho, que toda vida esteve com a gente e o Wilsinho, que veio pra cá bem novo ainda.

ET - Vocês estão revelando uma missão muito sublime. Além dos quatro filhos biológicos, criaram outros seis adotivos.. . Vocês os chamam de 'filhos do coração'. Fale um pouco sobre eles.
Terezinha - O Wilsinho não morava conosco, a gente ajudava a cuidar dele, que era muito pequeno, com um pouco de deficiência. E foi ficando, ficando, aos poucos começou a trabalhar e ficou sendo nosso. Hoje, estamos lutando para aposentá-lo, mas ele não passa na perícia, porque o problema dele é mais na fala, fisicamente ele não tem problemas. Ele sempre trabalhou registrado e ainda o é. Começou conosco, depois passamos o gás para o Riquinho e passamos o Wilsinho também. Ele não passa na perícia e não tem idade para aposentar.
Edson - Descobrimos o Wilsinho lá na Baixada (bairro São Geraldo). A casa de sua mãe, dona Anunciata, caiu. Reunimos a turma da Mocidade Espírita e fomos construir a casa pra ela. Aí vimos o Wilsinho, ele não andava, só se arrastava e já era grandinho, mas muito fraquinho. Aí o trouxemos pra cuidar. À tarde, ele voltava pra dormir em casa e foi se desenvolvendo. Ele comeu muito angu de fubá, que a dona Ludovica fazia. Hoje, ele não gosta de angu de jeito nenhum. Hoje ele está afastado do trabalho, porque quebrou o braço, engessaram o braço dele torto, teve que fazer cirurgia. Depois quebrou o dedo também, que deu muito trabalho...

ET - O Wilsinho foi o primeiro que chegou pra vocês, então?
Terezinha - Não, a Cleusinha chegou primeiro. Hoje, eu não acredito que demos conta disso tudo, porque os nossos filhos legítimos foram um atrás do outro. No intervalo entre Everton e Scheilla, chegou a Cleusinha com três meses, muito doente. O médico era o Dr. Clemente e eu era a enfermeira. Quando ela chegou, levei-a ao médico e ele me perguntou: 'Por que a senhora está fazendo isso, se essa criança vai morrer? A senhora já tem dois'. Eu lhe disse que ia fazer a minha parte. Ela estava com cimioto, em coma. Era pele e osso. Foi passando o tempo, depois de três meses ela começou a chorar, mas mais parecia um miado, de tão fraquinha ela era. Graças a Deus, e estão todos os filhos aí bem vivos e sadios e já com 13 netos.

ET - Então, a Terezinha ficava por conta de cuidar dos filhos? Quem cuidava da Casa dos Presentes?
Edson - Abrimos a loja três anos após o nosso casamento, em 1960. Quando nos casamos eu pensava em fazer uma oficina nos fundos da casa onde morávamos, mas um dia pareceu por lá, um viajante, vendedor de jóias, relógios e deixou comigo e o Walteron, irmão de Edson, um punhado de relógios e jóias para vender por consignação. Passado um mês, o Walteron falou: 'Edson, aqui no fundo não vendemos essas jóias'. E aceitando a sugestão de Walteron, afinal ele tinha aprendido a trabalhar com a gente, alugamos um cômodo do Alberto Furtado, onde hoje é a perfumaria do Gordo, Ideal. Deus nos ajudou e progredimos. Consertávamos e vendíamos relógios e jóias.

ET - E quando de fato passaram para o tradicional prédio da Casa dos Presentes, onde vendiam além de jóias, muitos presentes?
Edson - Ficamos nesse cômodo do Alberto Furtado só uns dois anos. o Wilson Fidélis, que era dono da loja no outro prédio deu na idéia de mudar e colocou a loja à venda. Walteron que era homem de coragem chegou e me falou: 'Vamos comprar?'. Aí compramos a loja e a Terezinha foi dar uma mão, porque o Walteron e eu ficávamos com a parte de jóias e consertos. Naquele tempo não tinha alianças prontas, era tudo artesanal. E o Walteron ficava com essa parte. Nós trabalhávamos lá no fundo e a Terezinha cuidava da loja. Como ela sempre teve tino pra negócios, foi prosperando...
Terezinha - Compramos a loja do Sr. Wilson, que vendia de tudo. De lança-perfume pra cima ele tinha. Armarinhos (botão, tira bordada, fitas, sinhaninha, ponto russo...), cosméticos, brinquedos... Eu cheguei e caprichei ainda mais, dei uma implementada na mercadoria. Aí o Walteron e o Edson ficavam na oficina, o Zita (José Frias Fonseca) e eu ficávamos na loja. O Zita foi nosso primeiro funcionário. Aos poucos, fomos melhorando... A Dirce, minha irmã, também nos ajudava muito, era uma companheirona na loja. Ela já havia trabalhado no comércio, e isso me ajudava muito.
Edson - No serviço de jóias e consertos, o Walteron ficava com a parte dele e eu com a minha. Daí pagava todas minhas despesas da casa. O que era da loja, era só pra loja, dali não tirávamos nada pras despesas. Loja era loja, ourivesaria era ourivesaria e conserto era conserto. O sustento de cada um era tirado do seu ofício. E aí a loja foi crescendo, crescendo.
Terezinha - O Zita e eu sempre melhorávamos alguma coisa, vitrines, artigos bonitos. Eu ia pra São Paulo sozinha fazer compras, depois o Ewerton foi crescendo e começou a ir comigo.

ET - Quando e como se desfez a sociedade e onde esta o Walteron?
Terezinha - Acho que depois de uns dez anos. Walteron mudou-se para Araxá, abriu a Relojoaria Rezende. Na sociedade estavam o Walteron e o Edson e mais o Zita, a Dirce e eu trabalhando. Um dia, o Walteron estava meio chateadinho, não sabíamos o que era, ou seja, a sociedade parecia que não estava mais agradando-o. Aí eu falei para o Zita: 'Vou comprar a loja'. Ele ia se casar, aí falei com ele. E isso, eu não tinha nada de dinheiro, mas pedi pra ele botar preço na parte dele. E ele aceitou, fizemos as promissórias, a primeira noite depois de assumido esse compromisso, o Edson e eu não dormimos de preocupação, mas graças a Deus demos conta. O dinheiro era contado dia-a-dia, durante muito tempo, porque dividimos em parcelas a perder de vista. Após pagar o que devíamos ao Walteron, pudemos voltar a investir na loja.

ET - Voltando um pouquinho no tempo, vocês compraram a loja do Sr. Wilson Fidélis com o prédio?
Terezinha - Não, o Sr. Wilson pôs o prédio à venda mais tarde. Mas não tínhamos ainda desfeito a sociedade. Na época fui muito dinheiro emprestado...
Edson - A Terezinha era aventureira, tinha muita coragem, eu quase fiquei doido (risos). O Wilson queria vender pra qualquer pessoa que pagasse à vista, porque ele tinha arrumado um negócio fora. Ele nos apertou, se vocês quiserem comprar... O Wilson deu uma semana de prazo. Eu conversei com o Alceu da Pernambucana, reclamei que não tinha condição de comprar, que ia perder o prédio e a loja, porque quem comprasse ia querer o local e ele me disse: Você tem condição de comprar, sim. Eu vou te ajudar, vamos dar um jeito, sei de alguns que emprestam dinheiro'. E aí foi, sorte que os juros eram pequenos naquela época. Arrumamos dinheiro com uns seis, inclusive gente que até já faleceu. Eurípedes Ferreira, Armando Vicentini, Herculano, Orlando da Lojinha, Inácio Melo, o Acácio do Memeco, que me conseguiu o maior empréstimo. Agradeço muito a essas pessoas, graças a elas chegamos onde estamos. Hoje em dia as coisas não são mais assim, há muita agiotagem... Depois o Wilson se arrependeu do negócio. Aí vai, que vai e depois veio a história do telefone. Ele falou que não dava o telefone, mas Deus ajudou que tudo deu certo.

ET - Depois veio a casa da Iridina, aliás dizem que vocês compraram quase o quarteirão todo... (risos)
Edson - Primeiro, compramos o prédio, depois desfizemos a sociedade pagamos o Walteron. A casa da Iridina, colada à loja, foi adquirida depois. A gente morava lá. Ali nasceram os nossos filhos mais novos. Fomos comprando as partes dos herdeiros.

ET - E dali nasceu o Sacramento Center, que tem você como patrono...
Edson - Sim, juntando o prédio da loja e mais a casa da Iridina tínhamos uma área enorme. Foi quando o João Silveira e mais dois engenheiros deram a idéia de a gente fazer um prédio grande ali. Começamos a conversar e foi rápido, aí nasceu o Sacramento Center 'Édson Rezende Pícolo'. Não vendemos a área, ficamos com a parte debaixo em troca da área, depois vendemos aquela parte onde é a Art´s para a Sandrinha. As outras salas são alugadas.

ET- Depois da casa azul, da Iridina, veio a aquisição do prédio do Banco da Lavoura?
Edson - Nem me lembre disso... (risos).
Terezinha - Vou contar essa história do começo... (Risos)

ET - Mas vamos deixar a próxima edição.