Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Editorial - Acorda Sacramento

João Oswaldo Manzan

"O único sentido da nossa existência é de que possamos conseguir com o nosso próprio esforço galgar nossos passos em direção ao bem". Sacramentano eu sou de fato e aprendi crescendo aqui a respeitar e lutar pelo bem da cidade que tanto amamos.

Quando falo da cidade, lembro de tudo que temos aqui: a tranqüilidade, a harmonia, a alegria, e principalmente os amigos dentre muitas outras qualidades. Sabemos que com o passar do tempo a cidade vai crescendo e alguma s coisas vão acontecendo, sejam elas ruins ou boas, ma as união de nosso povo sempre deu a volta por cima de todos os problemas.

Quando comecei a fazer parte de entidades em Sacramento, sempre procurei levantar a bandeira em favor do que considerei melhor para a nossa cidade, espero não ter decepcionado as pessoas, por isso aqui de público, peço desculpas se cometi alguns erros. Mas mais uma bandeira se levanta em Sacramento e queremos mobilizar toda a população para o problema que iremos enfrentar: a monocultura da cana-de-açúcar, que está batendo em nossa porta, por isso estamos aqui para alertar todos os sacramentanos sobre o que está por vir.

Nestes últimos anos, estou muito ligado à agricultura e à economia de nossa cidade. Quando soube da notícia de que aqui seria implantada a usina de açúcar e álcool fiquei assustado e comecei a imaginar aquelas cidades que têm ou tiveram como atividade principal a cana.
Comecei a pensar em quais forma os benefícios que a cana trouxe para essas cidades. Nada, absolutamente nada, somente um estancamento do progresso. Emprego ou desemprego? Imaginemos o desaparecimento em nosso município das culturas de soja, milho, arroz, feijão, batata, café, gado de leite e corte, fruticultura. Imaginemos a queimada da cana ao redor de nossa cidade, a poluição do ar, da água e da terra!

Não podemos nos esquecer das nossas empresas, cuja grande parte da matéria-prima é extraída do campo, como os laticínios, as máquinas de beneficiamento. O que será do comercio da nossa cidade? E do turismo? Param e pensem nos postos de gasolina, na desvalorização dos imóveis, nos caminhoneiros, nos vaqueiros, no pequeno produtor... Nem quero imaginar a quantidade de problemas de saúde devido à poluição do ar.

Imaginemos na quantidade de pessoas de várias outras regiões que virão para cá, trabalhar no plantio da cana. Será que não poderemos oferecer aos nossos conterrâneos a oportunidade de um trabalho menos sofrido? As pessoas que virão para a nossa cidade, será que temos estrutura para acolhermos bem em nossa cidade?

Quem irá lucrar com o processo de produção de cana, plantio, colheita e industrialização? E aqueles que arrendaram suas terras? Frente aos problemas que iremos enfrentar, continuarão morando em Sacramento?

Esse texto tem o intuito de alertar todo cidadão sacramentano sobre esse problema e pedimos a todos que analisem, pesquisem, reflitam sobre as vantagens e desvantagens do plantio da cana-de-açúcar em nosso município. E aqueles que quiserem empunhar essa bandeira, que nos auxiliem, pois estamos pensando no bem estar de todos.
Agradeço, desde já, o apoio que estamos recebendo em cada local que visitamos, mas não descansaremos enquanto não conseguirmos nosso ideal.

(*) João Oswaldo Manzan é agricultor e ex-presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Sacramento