Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Editorial

O homem passa, o exemplo fica

Ivanir Júlio da Silva, um nome desconhecido. Mas Ledo, o Ledo do táxi, esse ficará para sempre nas memórias dos filhos Ivone Regina, Leida (Walder), Walmor (Maria Luisa), Manja (Armando), da querida esposa Maria, a companheira que esteve à sua cabeceira até os últimos momentos e do filho Júnior, o caçula, grande no tamanho, mas ainda menino. Os irmãos e irmãs que cresceram juntos e separados viveram por força das circunstâncias ... Os netos queridos que perpetuam o nome da família, os bisnetos, terão muito o que recordar.

Mas não apenas a família, também os amigos dos velhos dos tempos de sapateiro e de comerciante, ali bem no centro da cidade, no ponto da ´jardineira´, do ponto de táxi, profissão que exerceu tanto tempo com dignidade. E muitos e muitos outros, os vizinhos que sempre o viam na cadeira com o olhar perdido para a imensidão que se lhe estendia à frente no bairro Maria Rosa.

E eu, que tento `rabiscar` estas palavras, sinto também um vazio profundo, ao me recordar das escapadinhas entre uma reportagem e outra por aqueles lados, quando Walmor dizia: "Vamos dar um pulinho no papai". E quantos cafezinhos tomamos juntos na mesa da cozinha, os docinhos de mamão, de abóbora, que tanto adoro. E a gente ia sempre na hora certa, a do café. Nesses momentos, mesmo com sua debilitada audição, saía um assunto dos velhos tempos... isso ficará na minha memória.

Como eu gostaria de ter podido fazer com você, uma daquelas nossas longas entrevistas... agora caberá aos seus filhos, netos, bisnetos registrar a sua história. E isso eles farão bem, senão por escrito, o farão pelos exemplos, que receberam de você Ledo, que embora não formado academicamente como os filhos, ensinou-lhes as maiores lições: o respeito a si mesmo e ao próximo, a lealdade, a amizade, a educação e sobretudo a caridade, solidariedade e religiosidade... Tudo isso fruto do grande amor que você teve por Esperança, por Maria e consequentemente por todos os filhos. Você não lhes deu somente a vida, deu-lhes amor e deixa-lhes um legado muito grande, por isso, Ledo morreu como viveu, com serenidade e rodeado pelos filhos.

Agora, ao 87 anos, Ledo retorna à casa do Pai, aqui ficamos com a saudade e o vazio da presença, mas estaremos certos de sua presença sempre através de suas lições e pela graça de Deus, estaremos confortados, aguardando o dia do nosso encontro final, de todos nós esposa, filhos, netos, bisnetos e amigos, pois esta é a única certeza que temos. Nossos corações choram, mas estamos firmes, alentados pelos versos do Hino a Nossa Senhora, entoados no seu último adeus: "Nossa Senhora, me dê a mão. Cuida do meu coração, da minha vida, do meu destino, cuida de mim...".

Deus, nosso Pai, Maria, nossa Mãe, acolha o seu filho, Ledo, e dê a nós todos o conforto necessário para seguirmos em nossa caminhada. Descanse em paz, seu Ledo!

(*) Maria Elena de Jesus é profa. de Língua Portuguesa