Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Editorial

A Educação perde sua Missionária

Por: Ivone Regian Silva

Recebemos no final da semana passada,
a triste notícia do falecimento de
D.Maria Crema Marzola.
A sua figura atraia-nos tanto,
que chegamos a esquecer
que ela era mortal como todos nós.
A queríamos viva eternamente...
Nas batalhas da vida ela surgiu
em sua história: foi luta
e foi vitória nas muitas tristezas
ou nos momentos de glória.
Foi guerreira, amiga, irmã.
Fez dos espinhos, rosas.
Acreditou e teve fé sem medo.
Não se importou com o risco
de ser criticada, foi persistente
no amor, defendendo o que amava.
A D. Maria Crema no final do ano de 1935,
foi confiado o destino da antiga
Escola Normal, hoje EE Cel.
José Afonso de Almeida, quando
o Prof. César mudou-se
para Uberaba, deixando na direção
à grande mestra e verdadeiro baluarte
da educação em Sacramento.
Seu espírito de coragem,
energia, ousadia, determinação,
competência e sobretudo, pelo grande
ideal de educadora, conseguiu um ano depois,
a oficialização da Escola Normal,
em 13 de maio de 1936.
D. Maria Crema,
muito jovem e de pequena estatura,
foi a princípio julgada incapaz
para assumir o cargo
de diretora da escola.
Porém, muito em breve
provou ao povo sacramentano
que “tamanho, nem idade,
não eram documentos”.
Provou que ser educadora,
é ser enérgica e ter ousadia
para acreditar na profissão,
fazendo da mesma,
um compromisso político-social.
É ter coragem para enfrentar
os desafios impostos
pela diversidade cultural
das crianças, jovens e adultos.
Ora, ser educadora, é ter competência
para conhecer, reconhecer
e trabalhar com os vários saberes.
É ter desprendimento
para buscar o que
lhe é desconhecido.
É enfim, “educar-se para educar”.
D.Maria construiu na escola uma família
cujos laços ainda hoje são perpetuados
principalmente por aqueles
que começaram galgar ali
os primeiros degraus rumo
à vitória, segurança e
certeza do dever bem cumprido.
Seu apoio foi fundamental
na realização de nosso ideal.
O carinho, atenção,
respeito e compreensão
constituíram o substrato
de nossa vitória.
Suas palavras ainda oscilam
no espaço e com estranho
poder de eternidade, tocam-nos a alma
e transformam em luz a sentença fria dos livros.
Disseminadora de ideais, plantadora
de sonhos, valeu-se dos saberes universais,
sugerindo-nos caminhos, sem torná-los únicos.
Além da grande missão de educadora,
foi uma autêntica apóstola,
repartindo seus dons em entidades beneficentes
e reforçando cada dia mais
a sua religiosidade.
D. Maria, a missionária da educação,
não perderemos de vista a sua meta
tão bem descrita nas palavras de Gandhi:
“ não tenho dúvida alguma de que
qualquer homem ou mulher pode atingir
o que eu atingi, se ele ou ela fizerem
o mesmo esforço e cultivarem
a fé e a esperança”.
Descanse em paz, D.Maria !

(*) Ivone Regina Silva é advogada e Conselheira Seccional da OAB/MG