Até a manhã desta sexta-feira 6, o setor de Vigilância Sanitária do município havia registrado 265 casos confirmados de dengue. O Educador em Saúde, Bergson Evangelista dos Santos, reconheceu, em entrevista ao ET, que o surto é preocupante, exigindo uma ação efetiva não apenas dos órgãos responsáveis, que estão cumprindo sua parte, mas também da população.
“- Até o momento, temos 602 notificações, das quais 265 foram confirmadas. As pessoas estão doentes e sob cuidados médicos. Não é ainda uma epidemia. Houve um surto muito maior, em 2013, quando foram confirmados 760 casos na cidade, mas é preocupante”, reconheceu.
Bergson explica que 2015 foi um ano atípico em relação à dengue, pois mesmo no período da seca, que coincide com o inverno, os focos continuaram aparecendo registrando casos da doença, porque o frio não foi intenso. Agora, com a chegada das chuvas, a tendência é aumentar os focos e a preocupação.
E a pergunta que fica é: O que está acontecendo? Por que estão aumentando os focos? Bergson responde: “A principal causa está mesmo no inverno ameno que tivemos, o frio não matou as larvas e isso acendeu a luz de alerta. A população, enfim, todos nós, vinculamos a dengue com a chuva e calor, só que este ano foi diferente, porque não tivemos frio. Isso nos surpreendeu, me assustou e preocupou muito, porque poderemos chegar a um aumento muito grande de casos”, alerta.
Outra preocupação de Bergson é em relação aos hábitos da população, pois relatórios têm mostrado que em muitas residências visitadas, a população não tem a preocupação de eliminar os focos e dá um exemplo alarmante.
“- Postei inclusive no facebook, um pote de margarina encontrado numa residência visitada bem antes das chuvas, que tinha focos capazes de infestar 16 quarteirões. Isso é um gatilho para uma epidemia. As pessoas reclamam muito dos terrenos baldios, das ruas sujas, mas pelos relatórios, 80% dos criadouros são encontrados nas áreas residenciais, vasos dentro de casa e quintais”, informa.
Ações intensificadas para combater a dengue em Sacramento
De acordo com Bergson, a crise financeira não afetou a Vigilância Sanitária. “Não houve redução no número de agentes. A equipe está completa, são 12 agentes, número suficiente para cobrir perfeitamente toda a cidade. A visita é feita de dois em dois meses, porque o larvicida aplicado, Sumilav, que evita que a larva crie resistência, faz efeito por dois meses.
Outra ação é o fumacê, cujo pedido é feito pela Secretaria de Saúde e deve continuar até a próxima semana, mas já há orientações para evitar o fumacê, porque ele aumenta a resistência do mosquito. A respeito do fumacê, Bergson orienta para que as pessoas deixem as portas e janelas abertas.
“- O fumacê mata o mosquito adulto que pode estar dentro das residências, mas atenção. Quem for alérgico, deve-se evitar inalar aquele gás. O fumacê é um paliativo, elimina só 30% dos mosquitos adultos, portanto, não é suficiente e, além de seu uso levar à resistência do mosquito, ele deve ser usado com moderação, pois ele faz mal para algumas pessoas alérgicas, prejudica a polinização, mata as abelhas, pássaros. Isto é, o fumacê tem de ser feito com planejamento, ele tem o seu lado positivo, mas tem o negativo também, assim como todo medicamento usado em excesso”.
Trabalho da população é imprescindível
“- O poder público, a Vigilância Epidemiológica, ação governamental nenhuma vai conseguir combater o mosquito da dengue se a população não ajudar”. A afirmação é de Beergson Santos, funcionário público que tem 16 anos de experiência no combate ao mosquito 'aedes aegypti'.
Mostrando a descaso de parte da população, Berson cita, por exemplo, os mutirões feitos. “A Prefeitura faz a limpeza, mas daí a duas semanas os locais estão cheios de lixo novamente. Não há mutirão que dê conta disso. É preciso que as pessoas separem o lixo reciclável que acumula água e não o deixe nas ruas. É preciso que as pessoas façam um trabalho não só dentro de casa, mas com os vizinhos, com as associações de bairro. A população precisa abraçar essa causa, sozinhos não damos conta”, alerta.
Bergson é a favor da multa para quem for reincidente em casos de focos de dengue. “Sou a favor de multa, sim, a exemplo do que há em outras cidades. A multa educa. A partir do momento que mexe no bolso a coisa muda. Muita coisa mudaria na cidade. Infelizmente, o município ainda não tem esse mecanismo, isto é, tem o Código de Posturas, mas não tem os fiscais para executar isso. Fica aqui a sugestão para os vereadores. Uberaba, Conquista, Rifaina e várias outras cidades já aplicam a multa...”.
De acordo com o secretário de Saúde de Rifaina, Antônio Carlos Marcelino, após a vigência da lei naquela cidade, nenhum foco do mosquito foi encontrado num período de mais de 30 dias.
A lei funciona assim: Os agentes fazem a visita e caso haja focos, os proprietários são orientados e notificados para num prazo de 48 horas tomar as providências e eliminar os focos. Na segunda visita, caso os focos persistam e os criadouros são encontrados o morador é autuado e paga a multa estipulada em maio no valor de R$ 127,00.