Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Acidente mata fazendeiro na MG 428

Edição n° 1264 - 01 Julho 2011

 

O fazendeiro João Batista Gomes, vítima de acidente de trânsito na sexta-feira, 24, por volta das 19h00, na Rodovia João Cordeiro – MG 464, em frente ao leilão Boa Vista,  morreu na madrugada da segunda-feira, em Uberaba, onde estava hospitalizado. De acordo com o BO, quando a PM chegou ao local, as vítimas já haviam sido socorridas por testemunhas e  encaminhadas  à santa Casa. 

Os ferimentos foram tão graves que João foi removido para Uberaba, sedado e entubado, conforme  consta do BO. No Hospital Escola, o fazendeiro que mora na zona rural, próximo ao povoado de Jaguarinha, foi submetido a cirurgia para amputar parte da perna, o que confirma os comentários que circulavam no sábado, de que a perna do motoqueiro João, teria sido literalmente  arrancada.

 

 

Acidente na MG-428

 

Eriulo Dorval Vaz, 68,  condutor do automóvel VW/Gol – 1995,  informou à PM que saíra da cidade de Pedregulho com destino a Sacramento e que não se lembrava de como havia ocorrido o acidente. 

Ainda de acordo com o BO, João Batista Gomes não possuía CNH ou permissão para dirigir e transitava com um veículo em mau estado de conservação e segurança.  Na oficina, onde a moto foi deixada, repórteres do ET fotografaram a moto mostrando o seu estado, quase normal. Quebrou o farol dianteiro e teve um amassado no lado esquerdo do tanque. Foram lavrados os Auto de Infração de Trânsito (AITs) e os veículos removidos para o pátio, a pedido do perito Marcelo, que justificou sua ausência no local. 

 

 

 

O que teria de fato acontecido? Por que a ambulância demorou tanto?

 

 

 

Em depoimento ao delegado, a testemunha Esper Sawan disse que por volta das 19h30,  do dia 24,  estava jogando bola, na empresa, próxima ao Leilão Boa  Vista, quando escutou o barulho de uma batida de veículos na rodovia. Dirigiu-se ao local e deparou com um conhecido cliente, conhecido como “João Jaguarinha”, caído ao solo. João havia colidido com um veiculo que ele não sabe a marca, mas que o veículo estava a uns cem metros do local. 

Contou Sawan ao delegado Cezar Felipe Combari da Silva, que João estava caído e lhe disse: “Um carro veio me ultrapassando, na minha mão e me pegou na minha mão e não parou para me prestar socorro”. Disse ainda que a pessoa que colidiu com João, chegou chorando e disse: “Fui eu que bati nele”. A testemunha disse que não sabe ao certo o que aconteceu,  mas  “pode afirmar que a moto foi  colidida em seu lado direito com o lado esquerdo do veículo, vindo a confirmar o que foi relatado por João”. 

Sawan terminou o seu depoimento ao delegado afirmando que a ambulância demorou cerca de 20 minutos para chegar ao local, que ligaram umas 15 vezes para a Santa Casa e que no dia 26, o fazendeiro João morreu. 

O que se sabe nesses casos é que a presença da ambulância à vítima, diante do tipo de fratura exposta que teve, com muito sangramento, seria de vital importância para a sobrevida do paciente. Com tantas ambulâncias na cidade, não se compreende por que demoram tanto a chegar no local, que estava a menos de cinco minutos da Santa Casa.

 

“A moto  apareceu de repente...”

 

O motorista que dirigia o VW Gol, Eriulo Dorval Vaz, que colidiu com o fazendeiro João Batista Gomes, em seu depoimento na Delegacia de Polícia,  disse que estava sozinho, não estava cansado e que “a moto apareceu de repente”; que chegou a frear antes da colisão;  que “tirou o carro para o acostamento da direita e quase capotou”. 

O motorista não soube dizer se a moto seguia sentido  Sacramento ou Rifaina ou se saiu de alguma estrada de terra, que foi tudo muito rápido. Disse mais acreditar que  não estava a mais do que 70 km, e que, quando corre muito, pega cem na reta”. Eriulo declarou que não estava ultrapassando no momento da colisão, nem a motocicleta. Que não  havia mais nenhum veículo no momento do acidente. “Quando vi a luz da moto,  já tava na minha mão em cima de mim, a luz 'tava' muito fraca”, afirmou. 


Família procura uma resposta ...

 

João Batista Gomes era filho de Terezinha Branquinho Gomes e Avelson Américo Gomes, pais de outros dois filhos. A  mãe, dona Terezinha, contou que o filho veio da fazenda pela manhã de moto, deixou-a na casa dos pais, no Jardim Alvorada, pegou a caminhonete do pai e foi a Uberaba buscar umas peças. Retornou à tarde, deixou a caminhonete, pegou a moto e seguiu para a fazenda Lagoa, onde morava. 

“- Estava escurecendo quando ele saiu. De repente, uma pessoa chegou aqui pra avisar do acidente e que ele estava no hospital. Foi um susto muito grande. Pra mim foi como se o chão sumisse. E logo vem a outra notícia,  mais triste, a da morte do meu filho, que foi o único por doze anos, tão querido, tão mimado, depois é que  nasceram os outros dois e agora ele se foi...”, lamentou, ainda abalada, a mãe,  dona Terezinha. 

De acordo com dona Terezinha, no velório, um amigo, J.E.,  que teria chegado ao local, logo após o acidente, disse que João conversava e pediu cuidado para contar do acidente para os pais e a esposa, para não assustá-los e que teria dito: “Minha perna eu sei que perdi, mas não deixa eu perder minha vida, não”, contou a mãe, emocionada, completando:  “Ele não podia ter morrido, queria viver...”

Dona Terezinha diz ainda que sua família e Eriulo, condutor do Gol,  são velhos conhecidos. “Somos vizinhos, ele já fez serviços de pedreiro pra nós, somos velhos conhecidos, de muitos anos. Ele está desesperado...”

João, 44, era casado há 18 anos com  Walquiria, pais de  um casal de filhos, Júlio Cesar,  16, e Juliana, 13.  Walquiria diz que só ficou sabendo do acidente por volta das 21h00, em sua casa, na fazenda. “O João saiu cedo pra vir pra Sacramento  e ia para Uberaba. Á noite,  chega um conhecido nosso em casa,  levando o celular dele, os documentos e a botina. Eu perguntei: 'Cadê o João?' Aí,  ele falou  do acidente, mas que não  era nada grave. Saímos,  passamos aqui no meu sogro pra pegar outro carro e fomos para Uberaba”, disse.

Prosseguindo, Walquíria disse que o marido já estava sendo operado quando chegou a Uberaba. Ele amputou  a perna, mas o médico disse que correu tudo bem na cirurgia, mas que tinha perdido muito sangue. 'A cirurgia correu bem, mas ele perdeu muito sangue e está em coma', me disse o médico.  Só que ele não se recuperou e faleceu no domingo.  A gente não sabe o que aconteceu...”. 

De acordo com Walquíria João era habilitado, mas não possuía habilitação para moto. “É difícil entender o que aconteceu, porque a moto não estragou...”

Para Walquíria esse é o  momento mais  triste na sua vida. “João completou 44 anos no dia 23, sofreu acidente no dia 24, faleceu no dia 26 e eu completei 36 anos no dia 27. Essa data vai ficar para sempre comigo. Foi o meu mais triste presente de aniversário”, disse, fazendo questão de contar o que aconteceu, “para que as pessoas possam tirar lição de tudo o que aconteceu e que esse tipo de acidente não ocorra mais. Não sei o que aconteceu, alguma coisa está errada... não sei”, lamentou. 

A missa de sétimo dia será celebrada neste sábado, às 19h00, na Igreja de Santo Antônio.