Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Menor furta arma da PM e mata duas mulheres em Conquista

Edição nº 1355 - 29 Março 2013

 

Uma menor de 14 anos furtou uma arma da Polícia Militar de Conquista  e matou duas mulheres, a mãe Ilda dos Santos Rodrigues, 71, e sua filha, Denize Rodrigues Neto, 51 durante um assalto, na manhã de domingo, na vizinha cidade de  Conquista, e, em seguida,  fugiu para Sacramento, onde foi detido pela Polícia Militar com a arma, uma pistola calibre .40  e o carro das vítimas, um Pálio, cor cinza, placas NLU-0293/Uberaba.

De acordo com o BO, no domingo, 24, por volta das 5h00, a guarnição composta pelo Cb Alexssander e Sd Reginaldo, prestes a encerrarem suas atividades, dirigiram-se até a sede do Destacamento da Polícia Militar, a fim de prepararem a passagem de serviço, quando perceberam que a porta externa e mais duas internas do quartel estavam arrombadas.  Dirigindo-se a uma escrivaninha, o autor arrombou uma gaveta do móvel de onde furtaram uma pistola PT.40 nº EKA32137 modelo MD5LX, com dois carregadores contendo 16 munições, totalizando 32 munições intactas, todas da carga da Policia Militar de Minas Gerais. 

De imediato, o cabo Alexssander noticiou a alteração ao Comandante da fração 3° Sargento PM Batista,  que logo adotou providências no sentido de rastrear e localizar o autor do delito. Mas, por volta das 6h15,  a sala de operações recebeu informações do  roubo de veículo com emprego de arma de fogo, com  uma vítima fatal e outra gravemente ferida.

 Imediatamente, foram repassadas as características do veículo roubado bem como a natureza do delito e acionado o cerco/bloqueio nas cidades vizinhas. Uma guarnição de Sacramento logrou êxito em abordar, identificar e apreender o autor do delito,  um menor  de 14 anos que assumiu a autoria do furto da arma, roubo do veículo e o homicídio. Durante abordagem do menor infrator, em sua companhia estava uma mulher identificada como ICE.

 Ainda, durante a fuga, o menor parou o veículo e entregou a M.A.E.,  dois aparelhos de celular (roubados das vítimas), dizendo para vender ou trocar por drogas.  Um indivíduo, RPA,  que conduzia uma moto Yamaha/YBR auxiliou MAE a fugir com  os celulares, que foram encontrados em seu poder, durante as  buscas. Os dois, MAE e RPA, foram presos por receptação. Todo material furtado/roubado, inclusive o veículo  foram recuperados. 

A vítima, Ilda dos Santos Neto, 71, morreu no local, já a  filha Denize, 51, recebeu os primeiros socorros na Santa Casa de Conquista e foi encaminhada ao Hospital Escola de Uberaba/MG,  porém não resistiu aos ferimentos.

 O menor apreendido em Sacramento foi ouvido pelo novo delegado titular de Conquista, Tiago Cruz e se encontra à disposição da Justiça. À imprensa regional, o delegado Tiago Cruz afirmou que o menor  demonstrou frieza no depoimento. “Ele confirmou tudo, com riqueza de detalhes, e disse que usaria o carro para ir até Franca, onde encontraria com familiares. Ele foi muito frio e disse, inclusive, que não se arrependeu do que fez. Considerou que 'isso é coisa que acontece'”, disse.

O menor, de acordo com a Polícia Civil, tem 13 passagens, a maioria por furto. Agora, vai ficar à disposição da Justiça e responder pelo ato infracional análogo pelos dois latrocínios e  furto qualificado  pela arma do policial.

Leia abaixo, entrevista com a família das vítimas.

                 (Fonte: B.O. da PM)

 

 

Delegado de Sacramento fala sobre o menor e sobre o caso 

 

 

O Delegado, Rafael Jorge, que por mais de dois anos foi delegado titular da Comarca de Conquista e que nos últimos meses respondia pelos plantões naquela Delegacia, conhece bem o menor, envolvido nos latrocínios e roubo da arma. “Este garoto, desde criança sempre causou muitos problemas, sempre praticou pequenos furtos, muitas brigas na escola. Ele não tem respeito por nada nem por ninguém, não tem medo, não tem noção de nada. Ele já me enfrentou e à polícia também. É um adolescente que vem de família muito desestruturada. O pai mora em Franca e a mãe, usuária de drogas. Para vocês terem ideia, ela não apareceu na delegacia para acompanhar o depoimento do filho”, conta.

Rafael Jorge conta que “ele, depois de furtar a arma da Polícia, foi esperar um rapaz que ele sabia que saia de manhã. A intenção dele era roubar o carro do rapaz, tipo um sequestro relâmpago, e, depois, soltar o rapaz na rodovia. Mas, nas imediações, ele deparou com uma casa aberta e resolveu entrar. A vítima, uma senhora de idade, gritou e reagiu, ele disparou. A filha saiu e ele disparou contra ela, foi ao quarto, pegou a chave do carro e saiu. E, felizmente foi interceptado pela polícia de Sacramento. Se ele entrasse no Estado de São Paulo, seria muito difícil saber que era ele. Já foi feita a reconstituição e ele explicou tudo para os peritos: como ele fez, como entrou no destacamento da PM, como pegou a arma, como entrou na casa, como atirou. Ele disse que esteve uns tempos em Franca e lá aprendeu a manusear arma”.  

O delegado informa ainda que o menor já esteve internado duas vezes. “O juiz já o mandou duas vezes para internação sócio-educativas e ele continuou no crime, até chegar a isso”.

De acordo com o delegado Rafael Jorge, a população de Conquista está extremamente revoltada, a ponto de querer linchar o menor.  “Muitas pessoas, revoltadas com os crimes, considerados hediondos, queriam linchá-lo, tivemos que conter a população”. 

De acordo com o delegado, o menor, agora,  será encaminhado para uma instituição, onde permanecerá durante o tempo determinado pela Justiça. Mas, a partir do momento que completar a maioridade, não terá mais responsabilidade sobre os crimes. 

 


Familiares em estado de choque pedem justiça

 

 

 A morte de  dona Ilda dos Santos Rodrigues, 71, e de sua filha, Denise Rodrigues Neto, 51, chocou não só a cidade de Conquista, mas também  amigos e  conhecidos em Sacramento  e outras cidades vizinhas. O ET visitou a família na quarta-feira, 27, e presenciou a tristeza, o choque e   a revolta de familiares e amigos. “Minha mãe deu muita comida pra esse adolescente. Mamãe o conhecia, porque ele estava sempre por ali com a mãe dele, na casa vizinha”, afirma o filho, Fernando Rodrigues Neto, o primeiro a receber a notícia da tragédia.

“- Minha irmã mora em Uberaba,  mas sempre  vinha ver a mamãe, que era idosa, não tinha muita saúde  e,  como trabalhava no ramo de construção civil, ela ajudava os irmãos, como por exemplo, agora ela estava acompanhando a reforma na casa de nossa irmã.  Denise  veio no sábado e até por volta das 11h, da noite, elas  estiveram  aqui em casa.  Na manhã seguinte, como de costumo acordo cedo, faço o café,  vou à padaria e levo pão para elas. Logo que me levantei, o telefone tocou com uma chamada a cobrar.  O telefone é bloqueado e só a mamãe era autorizada a  me ligava a cobrar.  Atendi, era minha irmã pedindo socorro.  Saí louco, desci a rua correndo e no que entrei, dei com mamãe caída, toda ensanguentada e minha irmã no quarto. Ela  foi baleada na sala, se arrastou até o quarto e me ligou. Denise só pedia: 'Não me deixe morrer'. Na hora a gente fica louco, não sabe o que  fazer. Os vizinhos foram chegando, ambulância, polícia”, conta, ao lado da esposa que completa: “Quando puseram Denise na ambulância ela pedia: “Está me faltando ar, não me deixe morrer”. Mas não teve jeito”, narra Fernando e a esposa, ainda muito emocionados. 

De acordo com Fernando, sua irmã, Denise,  foi atingida  na mão, no queixo e no peito, projétil que causou a perfuração do pulmão. A mãe levou um tiro  à queima-roupa, que atingiu o maxilar e traspassou o  pescoço.  

“- A gene acha que mamãe deve tê-lo chamado pelo nome, falado alguma coisa,  gritado e ele atirou. Denise estava no quarto, ao ver o que aconteceu, ela deve ter partido pra cima do  menino, porque ele é um menino franzino, miúdo... E foi quando ele atirou três vezes. Vizinhos ouviram disparos, escutaram o barulho do portão e os pneus cantando, mas não tiveram como socorrer’’. 

 

“Elas não mereciam isso”

 

Falando da mãe e da irmã, Fernando lembra a bondade de ambas. “Mamãe era uma pessoa que dava comida até para os cachorros, não negava ajuda a ninguém. Denise era uma irmã que saia de Uberaba toda semana pra ver a mãe e ajudar os irmãos aqui em Conquista. Nunca foram pessoas  ruins, elas não mereciam isso. Não mereciam ter uma morte assim”. A família só quer uma coisa: justiça”, afirma, com muita mágoa do que aconteceu. 

Segundo Fernando (foto), o pai do menor, José Eurípedes, foi assassinado, a mãe mudou pra Franca. “A família dele aqui está solidária conosco. Quando soubemos quem era o autor, a gente fica louco, todo mundo ficou  muito revoltado. Queriam pegar o menino, mas  a polícia conteve. Eu vi o terror  na minha família. Isso nunca vai sair da minha mente. Espero segurança por parte das autoridades. Uma arma que defende  a sociedade,  tirar a vida de duas pessoas. Isso não pode acontecer. Tem que haver punição.  Onde já se viu deixar armas e munição num local onde não tem ninguém. 

Conta Fernando que o menor já foi “preso” várias vezes. “Esse menor tem muitas passagens pela justiça. A polícia faz o trabalho dela, prende, mas não tem onde pôr essa criança. Porque ele é menor, aí a Justiça  solta e agora, deu no que deu. Isso não pode ficar assim,  tem que ter justiça”, reclama.

Segundo a família, só naquela semana, o menor havia roubado uma moto e, no sábado, assaltado uma senhora roubando sua bolsa. “Ele chegou a faca no pescoço da vítima e levou a bolsa”, informa Fernando, suspeitando que a arma tenha sido roubada na sexta-feira, porque o menor usou a arma antes. “Na sexta-feira ele deu tiros, a polícia foi avisada,  mas  disse que eram foguetes. No sábado,  ele roubou a bolsa da V. com uma faca e, no domingo, fez essa loucura”, conta revoltado, Fernando.

Ilda e a filha Denise, foram sepultadas na segunda-feira, às 7h00, acompanhadas da população de Conquista,  que  deu todo apoio à família durante todo o domingo, no velório e no sepultamento. Viúva de Olegário Rodrigues Neto,  dona Ilda, teve  seis filhos e deixa vários netos. Denise deixa o marido e uma filha. 

Fernando e demais familiares agradecem os apoios recebidos de todos os conquistenses, amigos, conhecidos, autoridades.  “Agradecemos a todos e,   por tudo o que nossa mãe  e nossa  irmã representava para nós, queremos justiça. É só o que queremos: justiça, pra que isso não aconteça com mais ninguém”, finaliza.