Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Eleição - 2º Turno - Tudo muito tranquilo

Edição nº 1648 - 09 de Novembro de 2018

As eleições no segundo turno também primaram pela ordem e tranquilidade na cidade, sem nenhuma ocorrência na avaliação das autoridades eleitorais na cidade. “Muito positiva a nossa avaliação, com apenas uma troca de urna. O processo foi muito rápido, até porque tivemos apenas dois candidatos, ao contrário do primeiro turno, que eram seis candidatos”, avaliou o chefe do Cartório Wesley Rezende Naves, agradecendo a todos que colaboraram, sobretudo os mesários que prestam um serviço voluntário.

 “São pessoas que são convocadas, mas temos uma política de voluntarismo, quando os próprios mesários se oferecem para trabalhar. Quando eles não se oferecem, são convocadas pessoas da comunidade que são obrigadas a comparecer”, explica, destacando as vantagens de ser voluntário. 

“Antes de mais nada é a prestação de serviço para a democracia. Além disso, para cada dia trabalhado, os voluntários têm direito a dois dias de folga na empresa onde trabalham, inclusive pela participação na reunião preparatória. Essa prestação de serviço serve para desempate em concurso público, como título em concurso público, quando previsto no edital”, explica, destacando que a grande maioria dos 228 mesários da cidade se ofereceram para o serviço. 

Também para o promotor José do Egito de Castro Souza, o dia de votação foi tranquilo. “Os eleitores, animados, exercendo plenamente a cidadania e o exercício da democracia. O processo foi muito rápido, não houve sujeira nas ruas, nenhuma ocorrência de ilícito penal. Foi sucesso absoluto. Achei bacana e a gente fica animado por ver o êxito do nosso trabalho e esperamos que a paz e a ordem continuem prevalecendo nas comemorações”. 

Questionado sobre suas expectativas com os eleitos, limitou-se a dizer: “Espero que cada um deles cumpra os seus deveres em obediência à Constituição”.  

O juiz eleitoral José de Souza Teodoro Pereira Júnior também avaliou positivamente o 2º turno das eleições na cidade. “O dia de votação transcorreu na maior tranquilidade e tudo colaborou para isso, não choveu, não fez calor e os eleitores foram às urnas tranquilamente para exercerem a cidadania”. (Leia nesta edição entrevista com o juiz Teodoro)

A Polícia Militar, conforme informações do comandante Tenente Belchior dos Reis Carvalho, mais uma vez contou com reforços vindos de Araxá para atender a cidade e a zona rural com cinco seções bem distantes uma da outra: Jaguarinha, Desemboque, Quanta Sol, Santa Bárbara e Sete Voltas. 

Isan Magnabosco, mesário há 12 anos  e Vandeir de Araújo Mota, há oito anos trabalham juntos na 28ª seção e  foram os primeiros a chegar ao Cartório Eleitoral, declarando-se satisfeitos por poder prestar este serviço. 

“- Eu me candidato  para trabalhar, porque acho muito importante a gente poder estar disponível. Nunca vou querer estar disponível como candidato a cargo eletivo, então a forma de eu poder participar da democracia é trabalhando no dia da eleição e não é porque ganhamos o dia, mas porque acredito que temos o dever de colaborar”, afirma Isan e Vandeir completa: “Na primeira vez fui convocado para trabalhar,  nunca mais parei e pretendo ficar enquanto eles acharem que posso dar a minha contribuição”. 

Ao contrário do que muitos pensam, o fato de trabalhar nas eleições não restringe as atividades sociais de ninguém. “Hoje somos voluntários da Justiça Eleitoral, mas fora daqui somos cidadãos como quaisquer outros. No dia da eleição temos que nos conter, não podemos expressar nossas preferências, nem nas roupas. Fora isso, podemos manifestar nossas ideias e eu faço questão de me manifestar, porque é assim que formamos ideias, nos politizamos”, ressalta Isan. 

 

'Presidente deve pacificar a sociedade e unir as pessoas’

Durante entrevista com o Juiz Eleitoral, José de Souza Teodoro Pereira Júnior, argumentamos sobre a polarização e agressividade do processo eleitoral. Sua resposta inicia-se com uma constatação da conjuntura atual do mundo. “Vejo que o mundo está passando por uma fase crítica, bastante delicada e tumultuada. Vemos isso pela eleição do Trump nos Estados Unidos e outras e eleições que vêm acontecendo no mundo”. 

Segundo o juiz ‘‘os episódios que vivemos no Brasil, em particular, fizeram com que muitas pessoas se lançassem na campanha de forma muito apaixonada. Eu sinto que nesses dois turnos das eleições, passamos por esse momento e sinto que esse momento ainda não passou. Ele está em curso, por isso imagino que no início do próximo governo, ele terá que se desdobrar numa capacidade de liderança positiva para pacificar a sociedade, unir as pessoas para podermos tirar o Brasil da crise”. 

 Revelando a dívida do país, em cerca de R$ 4 trilhões, afirmou o juiz Teodoro que “os impostos, apesar de pesadíssimos para a sociedade, não são suficientes para cobrir os gastos públicos e pagar a dívida. Então, os próximos governantes vão enfrentar uma situação muito difícil. E somente se tiverem a capacidade de unir as pessoas de forma pacífica para cooperar com o trabalho, é que vamos sair dessa crise. Se os governantes não tiverem essa consciência e se procurarem instigar uma disputa, uma revanche, a sociedade brasileira está sujeita a passar momentos de turbulência”. 

De acordo ainda com o juiz José Teodoro, é difícil prever até quando este momento estará em curso. “Vai se estender até as próximas eleições de 2020? A certeza que temos é que a sociedade está ansiosa por mudanças e melhorias. Porém, percebo que se perguntarmos para a maioria das pessoas, o que fazer para melhorar, elas não sabem o que fazer. As pessoas ficam olhando os problemas da sociedade pelos seus efeitos: Precisamos de saúde, educação, segurança, que são pleitos legítimos, mas não respondem as perguntas: o que fazer? Como fazer? Que medidas adotar para alcançar esses pleitos?  

Então a sociedade fica à mercê, sem leme e sem rumo e muitas vezes iludidas por promessas absurdas de políticos que querem o poder a qualquer custo e muitas pessoas se encantam com essas propostas e se entregam. 

Administrar um país, respeitadas as devidas proporções, é como administrar uma casa. Uma família responsável não gasta mais do que ganha, não faz dívidas que não pode pagar, cuida da educação, saúde, alimentação de suas crianças, das pessoas que as rodeiam, e procura conviver bem com os vizinhos... 

Um governante que queira fazer o país avançar, precisa liderar a população como se fosse uma família. Vai gastar no que precisa, vai cortar gastos, não vai usar a política para obter ou oferecer vantagem. Então, nós sabemos, com postura e conduta ética, o que precisa ser feito. 

Entretanto, em ternos macroestruturais de uma nação, adotar certas medidas não é tão simples,  por isso,  como ponto de partida, penso que cada cidadão deve manter dentro de si, um sentimento de paz, de não agressão e de colaboração, porque as coisas não mudam de um dia para o outro e o país só vai melhorar se nós nos unirmos, se trabalharmos juntos, como se todos, a nação brasileira se unisse para puxar um navio que está encalhado. Todos puxando num mesmo sentido, o navio avança, agora se cada um puxar para um lado, ele não vai sair do lugar”.

Para os sacramentanos, nesse momento pós-eleição, o na sua mensagem o magistrado diz: “A minha mensagem é a universal: faça para os outros, o que você quer que façam por  você. Ou seja, não faça aos outros o que você não quer que seja feito para você e isso se chama respeito, que é um preceito milenar. Essa é a única forma possível de uma sociedade existir: respeito. Ficarmos uns contra os outros é a destruição e isso nós já vimos não só nos filmes,  mas na vida real, inclusive na História do nosso país”. 

Com relação às mentiras veiculadas pela internet prejudicando candidatos, questionado se a justiça poderia atuar de forma mais efetiva para evitá-las, José Teodoro acredita  que sim, mas há um porém: 

“A Justiça precisa se aparelhar, porque essas notícias falsas, na maioria das vezes, são produzidas e distribuídas a partir de provedores fora do Brasil, e uma intervenção  tecnológica para filtrar e barrar a notícia falsa é muito complexa, difícil e cara. 

Mas há outro  problema. As fake News revelam a falta de caráter, que é um problema grave que enfrentamos na sociedade. A falta de caráter faz a corrupção em dinheiro, faz a mentira, faz a falsa promessa dos políticos, faz o suborno, a ocupação e criação de cargos desnecessários, faz  o apadrinhamento de cargos... 

Então eu pergunto: por que não faria isso com as notícias também? É a mesma e velha  falta de caráter. Quando um povo entender que o maior patrimônio que temos é o caráter, precisaremos de menos polícia, menos juiz, menos  promotor, bem menos  cadeias, enfim de muito menos estruturas de controle da sociedade, e que são estruturas muito caras. 

Para mim, a compreensão disto é fundamental para o futuro do Brasil, porque os impostos têm que ser destinados para a população em educação, saúde, saneamento, cultura. Dinheiro serve para isso, então, quando começamos a gastar demais com eleições, polícia, cadeia, meios de controle da sociedade,  isso é mau sinal, é o  dinheiro sendo usado onde não deveria,  se a sociedade tivesse bom caráter”.