Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Cidade dá Adeus à Tatá

Edição n° 1236 - 17 Dezembro 2010

Forte comoção tomou conta de todos no velório realizado na escola onde sempre lecionou 

Familiares e  amigos viveram dias de intensas orações e muita  angústia a espera da recuperação da saúde da Profa. Natalina Jerônimo, Tatá, que foi internada na segunda-feira, 6,  quando ainda trabalhou no período da manhã. O médico Fernando Fernandes, amigo da família, que a atendeu, logo constatou a gravidade de sua doença. Só Deus... Até que, quatro dias após, ela entregou a alma a Deus, deixando órfãos os familiares, a educação na Escola Coronel, no Colégio XX de Outubro, as ações beneficentes no    Rotary Clube e na Casa da Amizade e tantos, tantos outros. 

Tatá faleceu na manhã do sábado, 11, em Uberaba, para onde foi transferida, na tarde anterior, apesar das poucas chances. Tombara de vez a professora, que foi velada no galpão da Escola Coronel, onde partilhou sua vida por mais de 25 anos. Familiares e centenas de amigos acompanharam comovidos e chorosos, as exéquias proferidas pelo pároco, Pe. Valmir Ribeiro, com suas palavras de conforto, falando sobre o dom da vida e da vida eterna na casa do Pai. Seguiram-se as homenagens do Prof. Berto Cerchi, em nome da Escola Coronel e servidores; da ex-diretora Ozana De Santi,

 da afilhada Sharon Loyola,  de Bruno Scalon Cordeiro em nome do Rotary Clube e Casa da Amizade e do ex-diretor, Walmor Júlio Silva, em nome de sua família, pela longa amizade

 que os unia. Tatá sempre esteve cercada de muitos amigos, alguns de longe,  que lamentaram a sua morte tão prematura e, às 18h00, a acompanharam num longo cortejo

até a última morada, encobrindo seu túmulo com dezenas de coroas de flores.  Aliás, flores e plantas diversas que eram um de seus  hobbies preferidos.   

 

“Agradecemos pela vida de Tatá”, diz professor Berto Cerchi

Coube ao professor Carlos Alberto Cerchi, Berto, um dos amigos da professora de longa data, sempre ligados também por conta da mesma habilitação, fazer os agradecimentos em nome da Escola. Com voz embargada pela emoção disse: 

“É importante para nós fazer a despedida da nossa Tatá aqui na escola, onde por tantos anos ela trabalhou e trabalhou até o último dia. Foi aqui que ela viveu, talvez a maior parte de sua vida, dedicando-se ao Magistério, por isso agradecemos à família por atender o nosso pedido. 

E nessa oportunidade,  quero deixar a mensagem de esperança, sobretudo por esse dom da vida que ela manifestou entre nós. Tivemos aqui conosco um verdadeiro tesouro com a sua amizade.  No livro do Eclesiástico diz que   quem tem um amigo encontra um tesouro e nós tivemos esse tesouro, por isso não podemos ter uma manifestação de desespero. É claro que a dor da despedida faz parte de nós, somos humanos, mas temos que agradecer pela vida da Tatá, pelo que ela viveu entre nós, pelo dom da vida e o dom da vida manifestado em sua neta Nathália de que ela falava com tanto entusiasmo. 

Que a pequena Nathália possa frutificar o amor que essa mulher devotou à vida aos amigos, ao magistério,  ao serviço. Em nome de todo o corpo docente, servidores, corpo discente, de todos queremos manifestar a nossa admiração e a perda que representa para nós. Natalina, era o seu nome e por ironia do destino nesse tempo natalino estamos fazendo a sua despedida, mas com a certeza da Ressurreição. E nessa hora derradeira, agradecemos a todos, sobretudo à família pela Tatá e pela oportunidade de a escola prestar-lhe essa última homenagem ”. 

 

Bruno Cordeiro: “Perdemos uma grande mestra” 

A família rotariana foi representada por Bruno Scalon Cordeiro:

“Momento de emoção, de comoção, de despedida e  de saudade. Perdemos uma grande mestra, que deixa o seu legado. Perdemos uma amiga querida, um membro do Rotary, que apesar de seu pouco tempo no clube nos conquistou a todos com o seu carinho, generosidade, doação, disponibilidade para o trabalho. Nas nossas festas, quando ela chegava com seus docinhos, logo eu dizia: 'Lá vem a Tatá engordar a gente!'. E hoje podemos pedir :  Tatá nos engorde com o seu exemplo de vida, nos alimente com a sua bondade, sua amizade e, sobretudo reserve para nós, uma morada junto de Deus. 

Diz o poeta, que aqueles a quem amamos nunca morrem, partem primeiro. Ela partiu primeiro e com certeza estará a todos nos esperando. Rotary e Casa da Amizade agradecem a sua participação, seu carinho, sua presença entre nós pelo tanto que nos ensinou nesse tempo de convivência. A ela nossa saudade e nosso reconhecimento”. 

Prestaram também sua homenagem, a ex-diretora Ozana De Santi e a afilhada Sharon Loyola Veiga, ambas ressaltando as suas qualidades e sua grandeza como pessoa. O editor deste jornal, Walmor Silva, ex-diretor de Tatá na Escola Coronel, falou em nome de sua família. 

 

Por que a Tatá?

Duas indagações, dois questionamentos eram feitos, nos dias que antecederam a sua morte e durante o velório: Por que Tatá? Por que a Tatá? À primeira não nos cabe responder, porque não há respostas. Só ela sabe por que escondeu de todos a sua doença e pegou-nos a todos com tão triste surpresa. À segunda, eu, Maria Elena, que redijo essa matéria, pelos anos de convívio, ouso responder por que a Tatá?  

Deus quis, naquele dia,  a professora que ensinou por tantos anos aos alunos, não só as lições de Química, Ciências  e Biologia, mas as lições do  (com)viver.  Deus quis a  mãe de Xandy e Flávia, que com o amor e a fortaleza de mãe e pai,  viu-os crescer gente de bem. Deus quis a avó da Nathália, que esperou ansiosamente a chegada da neta e desde aquele dia passou a planejar as novidades que faria para comemorar o primeiro aniversário. “Hoje vou experimentar uma receita nova, que é para o aniversário da Nathália”, disse certo dia. 

Deus quis a filha querida de Helena e Gildo, o xodó da casa, a única filha, ao lado dos irmãos Rey, Rogério e José Renato e ela, a princesinha, reinava absoluta nos seus corações  e teve a presença constante deles na sua cabeceira. 

Deus quis a doceira de mão cheia, que ela sempre foi e que vivia a  surpreender os amigos presenteando-os com suas guloseimas. Os anjos do céu vão adorar. Ora se vão!  

Deus quis a voluntária, que nunca dizia não para as ações sociais, a caridade, que estava sempre pronta a atender os chamados para o serviço. 

Deus quis a desportista que foi Tatá, que embora ausente das quadras, estava sempre antenada. Sem esquecer, é claro, do seu Cruzeiro. Fazia questão de vestir a estrelada camisa azul, todas as segundas ou quintas-feiras, após o jogo do time do coração, ganhasse ou perdesse.

Deus quis a amiga de todos, aquela pessoa sempre cativante e pronta para espantar a tristeza de cada um, com o seu  riso largo e franco e o jeitinho tão peculiar de chegar nas pessoas... 

Deus quis a mulher guerreira Tatá, que como todo humano tinha os seus medos, mas  uma pessoa decidida, corajosa, que lutou até o fim, enquanto suas forças puderam resistir e sem reclamar.  

Deus quis a Tatá, pessoa de um coração imenso, maior do que seu próprio corpo, mas que cabia direitinho dentro daquele corpinho lépido, que diariamente seguia pelas ruas carregando a pastinha, num dos compartimentos cheia de livros, provas e preocupações com os alunos; noutro, cheinha de sonhos, alegrias, bondade,  e...  lá num cantinho, bem escondidinho,  um segredo que era só dela... Por que Tatá? 

Tatá, descanse em paz ao lado de Deus e rogue-Lhe o conforto a todos os que ficamos, sobretudo os seus pais, filhos, irmãos, amigos, alunos... 

Nossa eterna saudade!!!

     Maria Elena de Jesus