Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

As personalidades do ano 2009

Edição 1187 - 08 jan. 2010

Antônio Francisco

Antônio Francisco, o Antônio Radiador, prestes a completar 60 anos, é natural de Patrocínio (MG), onde foi criado até os 13 anos pela mãe, Domaci Francisca de Jesus, e dos irmãos, Afonso e Vera Lúcia. Aos 14 anos sai de casa em busca de trabalho. Foi para Belo Horizonte, onde trabalhou por seis anos, numa firma de radiadores, profissão que aprendeu, digamos,  meio, ‘na marra’. 

E foi assim que Francisco aprendeu a primeira lição de sua vida. “Meu irmão Afonso tinha um fordinho 29. Um dia, eu com 11 ou 12 anos, pedi pra dar uma voltinha na rua de casa. Ele recomendou  cuidado e deixou-me dirigir. Na rua, havia uma valeta, eu cai nessa valeta e bati num muro, como o radiador era na frente, lá se foi. Furou o radiador. Cheguei em casa chorando e o meu padrasto me ensinou uma das mais belas lições. Ele me disse: “Se você não tem alguma coisa, não peça emprestado. Agora você vai arrumar esse radiador”. Meu padrasto fazia um pouco de tudo, era ‘pau pra toda obra’. Ele arrumou as ferramentas e eu levei quatro dias pra soldar aquele radiador, nunca mais esqueci. Fui para BH e aperfeiçoei o aprendizado na Bangotti.” 

Após seis anos na capital, mudou-se para Ipatinga, onde aprendeu a profissão de soldador elé-trico, trabalhando nas empreiteiras da Usiminas, trabalhou na construção dos primeiros trilhos do metrô em São Paulo. Ipatinga foi também a cidade onde conheceu a mulher de sua vida, Vera Lúcia, com quem se casou há 33 anos. Na região do Vale  do Aço ou região Siderúrgica das Minas Gerais, Antônio Francisco trabalhou mais de 12 anos, até que se mudou para Araxá. “Eu me casei em João Monlevade, a cidade natal de minha mulher. Voltamos para Ipatinga e dois anos e meio após mudamos para João Monlevade, fui trabalhar na Belgo Mineira como soldador elétrico  e de lá vim para Araxá, fazer serviço de soldagem para a  Valep, na mudança da CBMM. Terminada a mudança, fiquei na CBMM. Em Araxá nasceram nossos três primeiros filhos, Tatiane, Maximiliano e Flaviane.

De Araxá para Sacramento foi um pulo. Apesar dos bons empregos, Antônio Francisco tinha um sonho, o de ter a sua própria empresa. Em Araxá, nas horas vagas, fazia serviços de radiador com Ziquita, que tem uma famosa oficina de radiadores na cidade de Dona Beja. Amigos me aconselharam a vir para cá, diziam que na cidade não havia oficina de radiadores. Cheguei a Sacramento em 1983. Logo montei minha oficina, na rua Cônego  Julião Nunes, no prédio do João Rodrigues, onde trabalhei muitos anos. Depois, fui para a rua Pres. Castelo Branco, no Clube Atlético Sacramentano e, ultimamente, estou aqui no prédio o Cavaco. Sempre trabalhando com radiador, daí o apelido, “Antônio do Radiador”.

Mas, Antônio Francisco fez muito mais que montar a primeira oficina de radiadores na cidade, é, dentre outros, um dos responsáveis pelas primeiras ruas de lazer, projeto criado por ele e um grupo de amigos, com o apoio do então prefeito, Dídia Magnabosco, e moradores do bairro Chafariz, onde realizou a primeira Rua de Lazer, bem na praça José Natálio. 

“ - Logo que cheguei, comecei a me entrosar, fiz amigos e um dia resolvemos fazer uma rua de lazer. Eu,  Derinho, Jorge Tertuliano, Paulo, Túlio, Agenor, Renato, João Mecânico e outros e apoio do prefeito Dídia, realizamos a Rua de Lazer que foi um sucesso. A segunda rua já foi no Areão e por aí foi, por quatro anos. O prefeito nos procurou  e a prefeitura passou a nos dar  apoio com o som, energia, o lanche para as crianças. O Dídia gostava das ruas de lazer. Nós, a turma da Rua de Lazer, tínhamos também um grupo musical, “Turma da Cumbuca’, só tocávamos samba, depois o grupo acabou”, conta.

Antônio Francisco foi também um dos coordenadores das primeiras casas feitas em mutirão na cidade, o  Parque do Sabiá. “Dídia me viu coordenado a Rua de Lazer e  me chamou pra coordenar a construção das casas de mutirão. Fomos o Mozart Schiffini e eu, os coordenadores, com o engenheiro Sergio Araújo.”

Da Rua de Lazer, Antônio Francisco abraça o Carnaval, a primeira escola de Samba foi a extinta Mocidade Alegre Sacramentana. Fundada por Avelu Silva, em 1976, depois de seu auge, estava quase morrendo. “Assumimos junto com o Avelu, que continuou presidente, mas éramos  um grupo grande. A Mocidade voltou em 1986 e  foi campeã, mas depois houve tanta coisa que decidi deixar pra lá, não sou de ficar disputando com as pessoas. Mas a convite do Azor Pereira Guimarães, fui para o Operários e fomos campeões. No Operários conseguimos fazer algumas melhorias, mas desanimei de mexer com escola de samba”, admite. 

Ainda consta de seu currículo, o primeiro torneio de futsal em quadras abertas na cidade, com o apoio de amigos,  num tempo em que a cidade tinha apenas três quadras, a do Operários, a do Seminário  e a da COHAB. A fábrica de Calçados Eurides, que estava no auge na época,  foi a campeã do torneio, mas o torneio parou por aí.

Após plantar diversas sementes sociais, Antônio Francisco investiu na política, ajudou a fundar o Partido Liberal (PL) na cidade ao lado de Ivone Regina Silva e outros. “Naquele ano saí candidato a vereador, por acreditar que a raça negra deve ter um representante no Legislativo. Não obtive êxito e foi uma lição, daquelas que a gente aprende no dia a dia,  mas ainda continuo acreditando que a raça negra tem que eleger um representante negro e ainda vamos conseguir. Vou continuar a minha luta para  colocar um negro na Câmara de Sacramento. Essa é minha grande meta agora...”, afirma, convicto.

Antônio Francisco começa, então, a desfraldar uma nova bandeira, o resgate da cultura negra, através dos movimentos afro. Assim, ao lado de Dalva, Túlio, Cirene, Wolney, Macalé e outros, que deram também um grande impulso para a organização dos movimentos negros na cidade, Francisco aceita o convite da presidente,  Terezinha do Congado, para ajudar a reerguer a Congada na cidade. 

“ – Ela pediu que na falta dela eu assumisse o terno e assim foi, pois logo ela faleceu. Assumi e fui presidente do Terno de Congado São Benedito por sete anos e meio. Organizamos o grupo, adquiri-mos instrumentos, uniformes, com a ajuda do prefeito Biro para organizar os ternos de Congado e Mo-çambique  e aí realizamos o primeiro Encontro Regional de Ternos de Congado, Moçambique e similares. Depois disso, os encontros acontecem anualmente, tendo à frente agora, o Cid (Delcides Tiago), desde junho de 2008. Hoje, Sacramento é também conhecida pela festa do Congado, o grupo é conhecido e vem mantendo as tradições. A gente vai fazendo o que pode na cidade, tenho que dar a nossa contribuição à cidade que tão bem nos acolheu”. 

Antônio Francisco é também membro da maçonaria na cidade, há 23 anos e atuante no Espiri-tismo, freqüentando os cultos na Chácara Triângulo. E continua na ativa na profissão que o fez conhecido na cidade: o conserto de radiadores. Na cidade que adotou e ama como ninguém. “Devo muito a Sacramento, aqui criei os meus filhos, meus seis netos nasceram aqui.  Tenho minha casa. Tenho amigos. Tive minhas horas de alegrias, tristezas, mas só tenho que agradecer à cidade, que tão bem me acolheu. A cidade me deu muitas oportunidades, afinal, queiram ou não queiram fui o primeiro a vir soldar  radiador na cidade.” 

Por essa página de trabalho na cidade, Antônio Francisco é Personalidade do Ano de 2009.

 

José Antônio

O paulistano José Antônio Bornato, 57, é uma dessas pessoas que busca retribuir o que a vida lhe deu. E tudo começou ao atender um chamado de Deus, através do médium Chico Xavier. “Em 1991 conheci o nosso querido Chico Xavier, e ele me falou da  tarefa que a mim estava designada com o compromisso da Casa do Pão. Tive que optar em continuar a frente de uma grande empresa, onde o meu tempo seria escasso, ou se iniciaria uma nova e bem menor, a fim de que houvesse tempo para me dedicar a Casa do Pão, quando ela viesse a ser inaugurada”, conta em entrevista a este jornal.

Bornato não teve dúvidas. Imbuído da fé da caridade, opta em deixar a grande empresa e partir para a obra social. “Optei pela segunda, e aqui estou, hoje trabalhando muitas vezes 15 horas por dia, a fim de continuar recebendo e repartindo o pão de cada dia, quer seja  na Casa do Pão ou onde me for possível auxiliar, procurando fazer aos outros tudo aquilo que gostaria que me fosse feito,  visto que passei por tais situações, sei o que é não ter o que comer e não ganhar presentes no Natal, além de tantas outras dificuldades é que procuro honrar a confiança que Deus depositou em mim, procurando dar conta e repartir aquilo que esta hoje sob minha administração”, explica.

‘Belém, a Casa do Pão’ foi inaugurada no dia 01/05/1993, no bairro Alto da Santa Cruz. Não passa despercebida, na rua Américo Bonatti, 474, a casa azul, simples, que traz à frente a placa “Belém: a Casa do Pão. Entre, descanse e siga em paz”, porque a casa, em homenagem ao Apostolo da Caridade, Eurípedes Barsanulfo, oferece atividades de amor e assistência material e espiritual aos que necessitam.

“ - Nossa Casa de Sacramento, foi a primeira, e como a semente caiu em solo fértil, ela germinou e serviu de modelo para outras  mais de 40 Casas do Pão que foram se instalando por diversos locais do nosso país”, justifica, mostrando a perseverança do trabalho. “Nossa Casa, desde que foi inaugurada, há quase 17 anos,  não fechou um dia sequer, abre suas portas todas às manhãs para servir para quem assim ou desejar o Pão do Corpo e o Pão do Espírito através dos ensinamentos do Evangelho de Jesus à luz da nossa doutrina espírita, porém o atendimento é feito a todas as pessoas independentemente de seus credos.” 

A Casa do Pão atende  aproximadamente 150 famílias e 300 crianças que participam das aulas de Evangelização, computação, datilografia, canto, trabalhos manuais, aulas de música, dentre outras. “As crianças recebem anualmente uniformes, material escolar e aquilo mais que for necessário para o seu aprendizado seja em nossa Casa, ou na escola que freqüentam”.

Tanto as crianças quanto as famílias têm o atendimento odontológico e médico uma vez por semana e recebem medicamentos alopáticos e também fitoterápicos que são manipulados todas as segundas-feiras por Marco Aurélio Almeida. As famílias recebem mensalmente as cestas básicas, através de um cadastramento e acompanhamento feito periodicamente pelas voluntárias e, quando necessitam, recebem roupas, calçados, cobertores, acessórios e móveis para seus lares. As famílias têm também a oportunidade de se profissionalizarem através dos cursos de corte e costura crochê, bordados e pintura.

As futuras mamães também recebem atenção especial. “Durante o ano ministramos orientações para as gestantes e no final de cada período, elas recebem enxovaizinhos completos para a criança que irá nascer, algumas delas acabam recebendo,  quando possível, berços e carrinhos”, diz mais.

No final do ano, um clima de  confraternização natalina toma conta da Casa,  as famílias são agraciadas com uma cesta maior e as crianças recebem as Sacolinhas de Natal que são ofertadas pela ‘Mamãe Noel’ Tica e por outros colaboradores. “É desta forma, que nossa Casa assiste os nossos irmãos em humanidade, com o precioso e importante apoio  de voluntários que lá estão nos auxiliando a manter esta Obra que não nos pertence, pois ela é de Jesus, procuramos atender aqueles que para lá se dirigem tudo aquilo que está ao nosso alcance”, afirma.

José Antônio Bornato tem uma trajetória de vida bastante peculiar, semelhante a de muita gente. Só que ele nunca esmoreceu. O menino criado apenas pela mãe, Aparecida Bornato, 80, digamos, é iluminado.  “Nasci num lar abençoado, porém com quase nada de recursos matérias. Minha mãe, grávida, de mim,  teve que assumir a sua gravidez e ajudar a minha avó, visto que o meu avo faleceu com a idade de 39 anos, deixando além de minha mãe, mais nove filhos para a minha mãe criar, junto com minha  avó”, conta.

Segundo o empresário, sua vida foi dura desde a infância. “Aos sete anos,  comecei a trabalhar, fazendo carretos nas feiras dos bairros de São Paulo, fui engraxate, catador de ferro velho na rua e por bom tempo auxiliando meu tio nos serviços de coleta de lixo nas ruas, que naquela época era feito com o auxílio de carroça puxada por burros. Chegamos a morar 10 pessoas em dois quartos e um porão, porém reinava entre nós muito amor e confiança em Deus”, recorda.

Já um pouco crescido, Bornato tem a primeira oportunidade de melhoria profissional. De catador de lixo e vendedor de livros ingressa na carreira bancária. “Comecei a trabalhar  como contínuo do extinto Banco Português do Brasil,  lá fiz uma carreira rápida e num curto espaço de tempo me tornei chefe de contas corrente. Não pude fazer faculdade, pois naquela época precisava trabalhar muito, aí fiz o curso Técnico de Contabilidade, porque ficava mais fácil achar trabalho para ajudar em casa”. 

E a grande oportunidade surgiu no ramo imobiliário “fui trabalhar numa grande empresa do ra-mo imobiliário e de administração. Após alguns anos de trabalho, como a empresa passava por um período financeiro muito difícil, os sócios resolveram vendê-la, e eu com a "cara e a coragem" e sempre com a ajuda de Deus, comprei a empresa. Foram anos de trabalho e com muita luta a tirei do vermelho e consegui transformá-la numa das cinco maiores empresas de S.Paulo. Estou nesse ramos há 36 anos e hoje posso me dedicar a ajudar os outros, porque posso dizer que muitos dos nossos Natais foram comemorados com as coisas que ganhávamos recolhendo o lixo e um ou outro presente que ganhava, acabava também vindo desse trabalho, já que minha família não tinha condições para comprá-los...”, diz, mostrand que hoje  retribui o que a vida lhe deu.

José Antonio Bornato é pai de três filhas Patrícia, Simone e Tatiana, os netinhos, Rafael  e Flo-rença, e considera também seus,  Olívia e Daniel, filhos da atual esposa Marilu Bertolucci. Bornato reside em São Paulo e alterna a sua vida entre Sacramento e Ibiúna, onde freqüenta uma casa espírita.

Por toda a sua doação e o seu trabalho em prol dos menos favorecidos, José Antônio Bornato é Personalidade do ano de 2009. 

 

Padre Valmir Ribeiro

“Um dia ele chegou tão diferente do jeito de sempre chegar…” Sem alarde, sutilmente, como tão bem diz a canção. E as primeiras notícias correram ‘o novo pároco chegou’. ‘O padre está fazendo caminhada na cidade’. Ele buscava conhecer alguns logradouros e o seu carisma não passou despercebido. 

A expectativa era crescente. Afinal, as notícias do vicariato de Padre Valmir Aparecido Ribeiro, na Igreja de Santa Terezinha, em Uberaba já haviam chegado por aqui.  Lá deixou os paroquianos chorosos e na missa de posse, no dia 8 de fevereiro, foi ovacionado pelos católicos sacramentanos e também uberabenses, que vieram matar as saudades, afinal,  foram 12 anos. 

Parafraseando Chico Buarque, foi assim que o novo pároco chegou à cidade e assumiu a paróquia: “Olhou-a  dum jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar…” e revolucionou, trazendo um novo tempo à igreja de Sacramento.

Por ocasião de sua posse, declarou ao ET: “Sei que não estou começando nada. Há toda uma história muito bonita que vem sendo escrita aqui, desde o seculo XIX. Eu venho para ajudar a continuação da escrita dessa história. Vou participar dessa história, caminhar junto. O padre na comunidade tem um papel, mas precisa estar afinado, entrosado com a comunidade. Venho para servir, a minha presença aqui só se justifica se for um serviço.” (Ed. 1139, de 08/02/09).

Desde o primeiro dia, abraçou o serviço e a comunidade com amor fraternal e sacerdotal e aos poucos as mudanças foram se tornando visíveis, graças ao apoio dos auxiliares, padres Vanderlei Isaumi e Reinaldo  Duarte, e, atualmente, padre André, além do incessante trabalho das várias pastorais. Em pouco tempo estabeleceu contato com todas as comunidades urbanas e rurais.

O fervor dos fiéis foi sempre crescente, nas celebrações diárias, no tempo quaresmal, na Semana Santa, na festa pascal, nas festas religiosas da cidade e das capelas rurais, nas festas do Congado e outras.  Sua presença foi constante,  tanto nas celebrações , quanto nas quermesses, surpreendendo com a sua bela voz. 

Padre Valmir abriu as portas das igrejas para acolher os fiéis a qualquer hora e  marcou pela  valorização das coisas da terra. Uma das atitudes pouquíssimas vezes vista na cidade, foi a Igreja Mãe, permanecer aberta e os sinos badalarem durante a passagem da procissão dos Congadeiros, rumo à Igreja de Nossa Senhora do Rosário, no mês de outubro. 

A atitude rendeu elogios do escritor Amir Salomão Jacob, atribuindo ao novo pároco a legitíma abolição da escravatura na cidade: “E foi assim que, no último domingo, enxerguei, no meio da multidão, uma nova Lei Áurea sendo assinada pelo pároco, Pe. Valmir Ribeiro, lei de alforria do Congado, o Moçambique, dos que usam a expressão do corpo, a voz (...) para louvar Aquele que é o gáudio do mundo inteiro”.

Ressalte-se também a acolhida de padre Valmir aos redentoristas, não só por ocasião da festa dos 50 anos, mas a cada visita, cada um deles tem a oportunidade de celebrar e comungar com os amigos.  E mais que isso, padre Valmir é também doação e desprendimento, ensinando a comunidade a repartir, doando parte da renda das festas às entidades assistenciais, independentemente do credo.

Muitas foram as instituições beneficiadas: Santa Casa, Lar São Vicente de Paulo, CIJU São Vicente de Paulo, Casa do Menor Rosa da Matta,  Escolinha Tia Nina, dentre outras. “Hoje vivemos numa sociedade plural, complexa e a Igreja faz parte da sociedade,  tem expressões que concorrem para o bem comum desse grupo social. Como igreja, o que queremos é estar também colaborando para esse bem comum da sociedade”, declarou na primeira entrevista ao jornal, em fevereiro do ano passado. 

Outro aspecto a ser considerado é o respeito que padre Valmir nutre pelas demais religiões, em sendo Sacramento uma cidade de grande diversidade religiosa pelo seu tamanho. 

Sobre essa relação, disse: “O fato de sermos católicos, não devemos de modo algum ser excludentes. Mesmo que não exista comunhão de ideias, a comunhão de pessoas precisa existir. A fé e a expressão religiosa podem ser diferentes, mas as pessoas é que importam e de modo algum deve haver discriminação”. E é assim que padre Valmir angaria a admiração e o respeito de todos. 

Natural de Alfenas, padre Valmir Ribeiro, que completou 49 anos no último dia 4, é filho de Vitor Ribeiro da Silva e Benedita Maria Ribeiro, e o segundo dos três filhos do casal. Apesar de cursar o ensino médio com os padres missionários do Sagrado Coração, a  vocação só chegou-lhe ao presenciar o sofrimento alheio, durante uma tempestade na cidade natal. 

“- Os padres e nós jovens fomos ajudar o povo, dar assistência material e  espiritual. Isso me tocou e acho que o grande empurrão que Deus me deu foi ali”, reconheceu.

A partir daí, Valmir e um grupo de amigos, engajaram-se em serviços sociais, chegando a atender cerca de 200 crianças. No ano seguinte, 1988, ingressou no Seminário, no Rio de Janeiro. 

Após os estudos no nesse seminário e em Guaxupé, Pe. Valmir ingressou no Seminário São José, reaberto em Uberaba pelo arcebispo Dom Benedito de Ulhoa Vieira, e, em Uberaba, foi ordenado padre há 21 anos. Sua primeira paróquia foi na cidade do Prata, por oito anos, depois Santa Terezinha, em Uberaba, por 12 anos, e agora a paróquia de Sacramento, que esperamos, seja por muitos anos. 

Pe. Valmir marcou um novo tempo na igreja de Sacramento. E, por tudo isso que representa à frente da paróquia de Nossa Senhora do Patrocínio do Santíssimo Sacramento, pela sua amizade com os paroquianos, pelo seu respeito pela nossa diversidade histórico-cultural e religiosa, é que o elegemos Personalidade do ano de 2009.

‘Cheguei em casa chorando e o meu padrasto me ensinou uma das mais belas lições. Ele me disse: ‘Se você não tem alguma coisa, não peça emprestado. Agora você vai arrumar esse radiador” ‘Cheguei em casa chorando e o meu padrasto me ensinou uma das mais belas lições. Ele me disse: ‘Se você não tem alguma coisa, não peça emprestado. Agora você vai arrumar esse radiador” 
Antônio Radiador
‘Procuro fazer aos outros tudo aquilo que gostaria que me fosse feito,  visto que passei por tais situações, sei o que é não ter o que comer e não ganhar presentes no Natal, além de outras dificuldades, é que procuro honrar a confiança que Deus depositou em mim...’’
José Antônio
“Mesmo que não exista comunhão de ideias, a comunhão de pessoas precisa existir. A fé e a expressão religiosa podem ser diferentes, mas as pessoas é que importam e de
modo algum deve haver discriminação’’
Pe. Valmir