Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

UM BALANÇO DAS ATIVIDADES AGRÍCOLAS

Edição n° 1238 - 31 Dezembro 2010

 “Nesta terra em si plantando tudo dá”

 

Na visão de Pero Vaz de Caminha, escrivão da  esquadra de Pedro  Alvares Cabral, quando do descobrimento do Brasil, em 1.500, portanto há 510 anos,  pode-se considerar a  projeção mais acertada que  já houve no Brasil. Naquela data, em carta ao Rei   de  Portugal,  Caminha afirmou ao rei, D. Manuel, a fertilidade desta nova terra, ora  descoberta: “Nesta terra em si plantando tudo dá”. Olha só o  que a FAO completa  hoje em suas previsões. “Até 2.019 o Brasil será líder mundial em produção de  alimentos”.

Hoje, dá até para imaginar que crânio foi esse escrivinhador, Pero Vaz de Caminha. Parece-me até possuidor de poderes  extra-terrenos  para fazer tamanha projeção, em tão pouco tempo, com uma  ínfima amostra do  solo que acabara de  descobrir e com  grau de acerto tão grande. É mesmo incrível! Para tamanho acerto, deixa-me transparecer que ele teve mesmo poderes sobrenaturais, que lhe  concederam  poderes de um sobrevoo pelos pampas gauchos, chapadões das Minas Gerais e chegando as planícies de Mato Grosso. Quando falo  das Minas Gerais, imagino que, com  certeza,  ele  visualizou o Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e, porque não, a terrinha consagrada  do Cgo. Brunswich.

Quando afirmo o tamanho do acerto que teve o escrivão, Pero Vaz de Caminha em   suas  afirmações ao rei  de  Portugal,  é porque hoje  está tudo  sendo comprovado  por produções e confirmações dos  órgãos  oficiais competentes, FAO, IBGE, CONAB, FJP, CNA, FAEMG, EMATER  e outros  mais, atestando tudo que já estava previsto há 510 anos  passados. Portanto vejamos alguns dados reais e confirmados:

 

RANKING MUNDIAL DA  FAO NA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS

Brasil – Ocupa hoje o  1º lugar nas culturas de, cana de açúcar, feijão, laranja, abacaxi e café. 2º lugar, na produção de carne bovina, soja, mamão e carne de frango e em 3º lugar em  milho e carne suína.

Portanto, em 11 culturas alimentícias aqui catalogadas, estamos  entre os três maiores  produtores mundiais.  Como esses levantamentos demoram um certo prazo para  serem apurados e  divulgados, as últimas informações chegadas extra-oficialmente,  já  trazem a liderança também na carne de frango e bovina, passando portanto para o 1º lugar, também em mais dois produtos.

 

RANKING BRASILEIRO  DO  IBGE/FJP/FAEMG 

 

NA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS

Minas Gerais – Destaca-se na liderança nacional na produção de alimentos nas seguintes culturas, em 1º lugar, café (49,2%), leite e derivados (27,8%) alho (25,2%), cenoura (20,0%), batata (32,7%), morango (55,0%). Em 2º lugar, temos rebanho pecuário (11,1%), aves de posturas (11,5%),  feijão (17,3%), sorgo (14,7%), abacaxi (17,5%) e cana de açúcar (8,5%). Em 3º lugar, tomate (11,4%) e milho (12,8%).  Em 6º  lugar, a cultura da  soja. Não classificado como alimento, vale lembrar que Minas Gerais   possui a maior floresta plantada do país.

Portanto, Minas Gerais está na liderança nacional do  1º ao 6º  lugar com 15  produtos acima  relacionados,  inclusive com  destaque para a percentagem que  cada um contribui no  ranking nacional.

RANKING MINEIRO DO IBGE/FJP/FAEMG 

NA  PRODUÇÃO POR MUNICÍPIOS

Sacramento – No ranking de produção por municípios no estado, Sacramento está numa honrosa classificação. Somos o 6º município entre as 865 cidades mineiras existentes, portanto temos esse privilégio de estarmos entre os dez maiores municípios mais produtores do estado. 

Entre as principais atividades agrícolas de Sacramento, destacam-se, em 3º lugar, a produção de  batata; em  5º lugar, a soja; em 6º lugar, o milho.

Com relação à produção bovina, somos o 23º município, com um rebanho de 127.594 cabeças, com uma  produção leiteira  ocupando também o 23º lugar no ranking mineiro e 52º no nacional. Nesse setor, o maior produtor de leite do país é Castro (PR), seguido de Patos de Minas (MG) e Piracanjuba (GO).

Vale ainda ressaltar que, no ano de 2.007 Sacramento foi campeão do estado de Minas na produção de batata,  ainda pintando na tela  porém em  menores proporções com  diversos produtos hortifrutigranjeiros.

Em uma análise mais profunda das  evoluções das produções de alimentos, só temos que nos vangloriar, como  sacramentanos e   mineiros que  somos. Pois, em  uma escala nacional até dez,  e  por que não mundial, lá está um  pouquinho de Sacramento e  muito de   Minas Gerais. Conclui-se aí que Vaz de  Caminha não errou e que a  projeção da FAO será  uma realidade até mesmo  antes  do  previsto.

O que espero é que, num futuro  bem   próximo,  a  humanidade  consumidora reconheça o trabalho, realizado de  sol  a  sol, em muitas vezes completado com   a noite, desses  valentes  e heróicos homens da roça, e que têm um único intuito, o de produzir alimentos e, naturalmente, na esperança (que nunca se  sabe)  de receber ou não um lucrozinho, sempre na dependência divina da colaboração de São Pedro.  Sem falar que são vistos  por  outros seguimentos  com uma  imagem bastante arranhada e por que não distorcida da  realidade que machuca   e  dói. Mas  acredito que um dia o  tempo  mostrará   o  óbvio.

Final de mais um ano. Momento de darmos uma   paradinha para  as  confraternizações. Aproveite também para, num momento qualquer de lazer, até mesmo durante sua ceia, memorizar e analisar tudo o que está exposto em sua farta mesa. Lembre-se de que, nesse instante, um pouco distante dali, tem um produtor rural  trabalhando para que essa farta mesa continue mais rica e saborosa ainda  mais. No final dessa análise, com certeza, você se certificará de que todas estas  farturas tiveram uma origem só, o campo, o  produtor rural, ou melhor, um PRODUTOR DE ALIMENTOS. 

Pero Vaz de Caminha estava certo, a FAO está certificando o verídico,  estamos  produzindo e cumprindo  o previsto. Falta apenas um   pouquinho de arranjo no sistema de   outros setores, como por exemplo uma nova visão e novos  procedimentos, ainda  alheios ao  sistema produtivo e que causam prejuízo à  produção de alimentos. 

Posso citar, como exemplos, o  câmbio, ajudas, subsídios governamentais  e altíssimos juros (em nosso país, constituindo-se no  maior juro real do   mundo), dentre outros. Enfim, essa diversidade de entraves é muito grande, o que dificulta em muito o aumento da  produção de alimentos e também a sua  competitividade. E como os  concorrentes têm tudo  isso a seu favor, aí a  competição  aumenta  muito.

PARABÉNS A TODOS OS RURALISTAS 'PRODUTORES DE  ALIMENTOS'! QUE 2.011 SEJA UM  ANO  DE MUITA  ESPERANÇAS E  REALIZAÇÕES, COM FARTAS  COLHEITAS PARA NOVOS RECORDES.

 

Luiz Devos

Luiz [email protected]

Produtor de café e diretor financeiro do Sindicato Rural  dos  Produtores Rurais de Sacramento