Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Wilson Rabelo e o ‘Luxo do Lixo’

Edição nº 1405 - 14 Março 2014

O ator Wilson Rabelo (foto) mais uma vez aporta em Sacramento com o seu monólogo, o Luxo do Lixo, retratando a vida da escritora sacramentana, Carolina Maria de Jesus, tema do II Festival de Cultura & Agroecologia de Sacramento, pelo centenário de seu nascimento, ocorrido nesta sexta-feira, 14. Rabelo e a Banda Lira do Borá abriram o festival no domingo, com a leitura feita por um grupo de coordenadores da Rede Brota Cerrado dos objetivos do festival. 

Em entrevista ao ET, o ator Rabelo,  falou do prazer de voltar a Sacramento. “Carolina acabou irradiando em mim e em muitas outras pessoas, novas perspectivas ligadas á terra, á poesia, á alternativas de entendimento da sociedade. E dentre desse aspecto, no caso específico,  temos aqui a Rede Brota Cerrado que está trabalhando uma visão holística do ser humano para uma cultura e agricultura alternativa, apresentando uma forma alternativa de lidar com a terra, visando o meio e o ambiente, ou seja, criando consciência e esta foi também a função da Carolina: conscientização, por isso a importância de estarmos contextualizados num projeto maior da cultura como um todo, afinal, até para sofrer precisamos da terra para viver. Sem vida não há nem sofrimento e desta vez, Carolina está sendo contextualizada numa proposta abrangente”. 

As inúmeras vindas à cidade, para Rabelo,  tem um significado como ele explica: “Cada vez mais estou me enraizando com a cidade, criando novos laços, conhecendo novos segmentos, pretendendo que saia também uma cultura do cerrado. Como mineiro que sou, vejo o interior como um manancial de reserva moral, de reserva humana. O que temos hoje, são os grandes centros exportando para o interior, quero o inverso disso, ou seja, pegar a  essência do interior e criar um projeto de arte  que emane um novo olhar para os grandes centros, um olhar mais humano, ainda não tão infectado pelas agruras do neoliberalismo, do capitalismo desenfreado, da falta de postura moral do nosso país, que  está perdendo capital humano. O interior ainda tem uma reserva humana muito grande que deveria emanar-se para o país como um todo e, mais, isto tem que ser muito, muito valorizado”. 

Conhecedor que é da obra de Carolina, Rabelo, admite que ela tem muito a ver com a proposta da Rede Brota Cerrado, que é mostrar Carolina como um produto da terra. “O que gerou toda a energia de Carolina é a relação dela com a terra. O que a fez criar a sua obra, foram os valores que ela conheceu no seu tempo. Ela é uma manifestação de uma época, de um tempo, de um tipo de simplicidade e de humanidade. Isso é ecológico, isto é o que o homem pensa, sente com agente do meio ambiente e é pela forma de seu pensar e do seu sentir que ele vai tratar o meio em que vive”.