Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Bené volta à RS depois de 12 anos

Edição nº 1341 - 21 Dezembro 2012

Há um mês, Benedito Adão dos Reis, o Bené, 58, vem alegrando as manhãs dos ouvintes da Rádio Sacramento, emissora em que trabalhou por muitos anos até o ano de 2000, quando o então vigário, Pe. Levi Fidelis Marques, fechou parceria entre a RS e a rede Canção Nova, despedindo todos os seus funcionários. Nos últimos 12 anos trabalhou em duas FMs da cidade até que, recentemente, aceitou convite de Mons. Valmir Ribeiro, para retornar à RS, no mesmo programa que o consagrou. Experiência de comunicar não falta a Bené. São 26 anos de estúdio radiofônico.

“Comecei na Rádio Sacramento, se não me falha a memória, no mês de junho de 1986.  

Fui para a RS, digamos que, por acaso. Eu trabalhava como vigilante no Banco Nacional e o banco fechou. Em princípio, meu plano era ir para Uberlândia, mas como na época eu era coordenador de dez grupos de jovens bem ativos na cidade, o então vigário, Pe. Costa e o diretor da Rádio, Reginaldo Afonso dos Santos, entenderam que não era o momento de eu sair de Sacramento e me convidaram  para   trabalhar na rádio. Apesar de eu gostar de rádio desde criança, achei o convite uma loucura, mas aceitei, garantindo a eles que faria uma experiência, tendo certeza de que não ficaria seis meses. E não é que gostaram!! Fiquei 15 anos, de operador de mesa à comunicação”. 

 

Do  Projeto Jovem ao programa sertanejo

Bené, no início na RS, começou com o Projeto Jovem, uma das pastorais da Paróquia e um dos setores da Fundação Nossa Senhora do Patrocínio do Ssmo. Sacramento, que dirigia a Rádio Sacramento. “O Q.G. do Projeto Jovem era na RS, onde eu desenvolvia os projetos e, nas horas vagas, trabalhava na técnica. Naquela época, as rádios AM trabalhavam com duas pessoas, uma no estúdio, outra na mesa de som, tudo analógico, nada digital. E de curioso aprendi a operar a mesa. Mas o meu forte na emissora não é a técnica, nem o estúdio, gosto mesmo é de fazer externa, entrevistas ao vivo com o público. Faço estúdio, mas não é meu xodó, gosto mesmo é de transmissões externas.  

 

Bons tempos das transmissões esportivas

Não é mole fazer rádio no interior. É assim em qualquer cidade. E o comunicador é sempre pau prá toda obra, cobrindo evento daqui e dali e sempre atrás de anúncios. Conta Bené que chegou à locução, por conta de uma transmissão esportiva, quando faltou um repórter. “Waltinho estava sozinho na narração, sem repórter de campo. Foi quando me convidou e lá fui eu. De um trabalho que nunca fiz, lá fui e fiquei muitos anos, em belas transmissões esportivas. Chegamos a ter uma equipe muito boa de esportes dentro da rádio: Waltinho, Carlos Mayer, Hélvio Santana chegando a transmitir futebol profissional. Eu sempre gostei de estudar sobre esporte, por isso eles entenderam que eu tinha facilidade devido ao conhecimento que tinha”.


Novamente no mercado de trabalho

Com a demissão em massa na rádio Sacramento, em 2000, Bené quase deixou a cidade mais uma vez, pois recebera convites da Rádio Imbiara, de Araxá, e estava pronto para aceitar, quando chegou a Sacramento a primeira rádio FM da cidade, a Rádio Rodeio, e foi logo contratado, lá permanecendo por sete anos. “Aceitei o convite do Robson Quirino e lá permaneci nas madrugadas durante sete anos. Foi um tempo muito gostoso e proveitoso. Mas, recentemente, houve também mudança. A emissora passou a fazer parte da rede Transamérica, mudando seus estúdios e voltando-se mais para Uberaba. Fui mais uma vez dispensado, até que surgiu essa oportunidade na RS.

 

O programa da madrugada

Bené começou fazendo o Clube dos Amigos da RS, com uma programação musical bem diversificada. Além de músico de 'oreia', como costuma dizer, pois canta e toca de tudo, sem conhecer as notas musicais, Bené tem um conhecimento muito grande do cancioneiro popular. Mas um belo dia, perceberam que o seu forte era a comunicação com o homem do campo, brincando e acordando todo mundo. “Botaram na cabeça que eu deveria fazer programa de madrugada, porque gostava de fazer barulho. E comecei de madrugada. Já saí de casa às 3h30da manhã pra começar programa às 4h. Hoje começo às 5h00. Por causa disso, já recebi proposta da rádio Zebu FM e outras pra ir fazer esse tipo de programa de madrugada. Mas, os janeiros chegaram... vou ficar quieto por aqui”. 

 

Eu, a viola e Deus...

É o título do programa de Bené Adão, que vai ao ar todas as madrugadas pela Rádio Sacramento, das 5h00 às 7h00 da manhã. Um programa que tem como característica levar música sertaneja ao homem do campo e aos madrugadores da cidade. “A comunicação nesse horário não é diferente. O engraçado é que se pensa que esse horário é do homem do campo, ele é do homem do campo, mas posso dizer sem medo de errar, atinge todo mundo. O padeiro que tá lá fazendo o pão, o entregador, o comerciante que abre mais cedo, a professora que levanta cedo, o pedreiro, o estudante, enfim todo mundo que levanta cedo e se prepara para o trabalho. Tem, na verdade, um público muito heterogêneo. 

 

“A música sertaneja...

sobretudo a mais antiga, aquela dita raiz, tem muita poesia, tem letra e melodia e até mesmo muitos cantores, tem muita coisa boa”. Assim se define Bené, em relação ao prazer que sente ao tocar um sertanejo raiz. “Agora, um Michel Teló da vida não dá pra mim... A gente toca esse sertanejo universitário, porque se enquadra no gênero sertanejo, tem a questão da audiência, daquilo que a massa quer ouvir, mas estou discutindo aqui um gosto pessoal.  Mas a preferência é por esse sertanejo mais raiz. Não abro mão dele, inclusive na conversa com Mons. Valmir, que é o diretor geral da rádio, eu lhe disse que se fosse pra fazer um outro tipo de programa eu até faria, mas seria difícil pra mim. Até porque, hoje não tem música pra falar muita coisa, não. Até admiro quem  consegue fazer, porque a pobreza musical é grande atualmente. E tem até gente que pede outro tipo de música, mas aí, com jeitinho, a gente explica que não é naquele programa... A gente não toca, até porque se tocar uma vez, outras pessoas vão pedir,  aí muda o foco e a gente não segura. E, ao contrário do que se pensa, as pessoas gostam de música sertaneja, embora muitos não admitam abertamente”. 

 

Um comunicador nasce comunicador

Para Bené a comunicação também é um dom. “Tem gente que nasce advogado, outros médicos, outros padres e tem também aquele que nasce para ser radialista. Anunciador de música é uma coisa e comunicador é outra”, diz, contando uma história, que na verdade, foi um elogio feito por um dos grandes locutores esportivos de Minas, da Rádio Inconfidência, Jairo Anatólio Lima. “Estávamos numa transmissão de um jogo entre Araxá  e Cruzeiro. O Jairo me disse algo que nunca esqueci: 'Moço, gostei muito de seu trabalho, porque você não faz o que está escrito, você faz as coisas do seu jeito. Continue, não se prenda',  ele me disse, e assim eu vou fazendo”. 

 

Quem é Benedito Adão dos Reis

Além de grande radialista, hoje se diz mais comunicador, Bené é funcionário poúblico estadual, lotado na EE Barão da Rifaina há 24 anos. Ligado à igreja católica, é um cristão atuante na paróquia Na. Sra. da Abadia, onde coordena a pastoral do Canto, junto com Agenorzinho Inácio, e faz parte também da pastoral do Dízimo. Bené é casado com Roseli Leal Rodrigues dos Reis, pais de   Luiza  Abadia, que nas pegadas do pai, vem se revelando dona de uma bela voz.