Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Ser pai...

Edição nº 1583 - 11 de Agosto de 2017

Ser pai é, acima de tudo, 

não esperar recompensas. 

Mas ficar feliz quando chegam. 

É saber fazer o necessário.

É aprender a tolerância com os próprios 

erros.

 

Ser pai é aprender, errando, 

a hora de falar e de calar. 

É contentar-se em ser reserva. 

 

É ter a coragem de ir adiante. 

É viver as fraquezas que

depois corrigirá no filho, fazendo-se forte 

em nome dele e de tudo o que terá 

de viver para compreender e enfrentar. 

 

 

Ser pai é aprender a ser contestado 

mesmo quando no auge da 

lucidez. É esperar. 

 

É saber que experiência só adianta 

para quem a tem, e só se tem vivendo. 

Portanto, é aguentar a dor de ver os filhos 

passarem pelos sofrimentos necessários, 

buscando protegê-los sem que percebam, 

para que consigam descobrir os 

próprios caminhos. 

 

 

Ser pai é: saber e calar. 

Fazer e guardar. Dizer e não insistir. 

Falar e dizer. Dosar e controlar-se. 

Dirigir sem demonstrar. 

É ver dor, sofrimento, vício, queda, 

jamais transferindo aos filhos 

o que, a alma, lhe corrói. 

 

Ser pai é ser bom sem ser fraco. 

Ser pai é aprender a ser ultrapassado, 

mesmo lutando para se renovar. 

 

É compreender sem demonstrar, 

e esperar o tempo de colher, 

ainda que não seja em vida. 

 

Ser pai é aprender a sufocar a necessidade 

de afago e compreensão, 

mas ir às lágrimas quando chegam. 

 

É saber ser herói na infância, 

exemplo na juventude e amizade 

na idade adulta do filho. 

 

É saber brincar e zangar-se. 

É formar sem modelar, ajudar sem cobrar, 

ensinar sem o demonstrar, 

sofrer sem contagiar, amar sem receber. 

 

 

Ser pai é saber receber raiva, 

incompreensão, revolta, desilusão 

e a tudo responder com capacidade 

de prosseguir 

sem ofender; de insistir sem mediação, 

certeza, porto, balanço, 

arrimo, ponte, mão que abre a gaiola, 

amor que não prende, fundamento,

 pacificação. 

 

 

É, enfim, colher a vitória exatamente 

quando percebe que o filho a quem ajudou 

a crescer, dele, não necessita para viver. 

 

É quem se anula na obra que realizou 

e sorri, sereno, por tudo haver feito 

para deixar de ser importante. 

 

Feliz Dia dos Pais!

 

Dra. Ivone Regina Silva

Advogada

Conselheira Seccional da OAB-MG