A Sístole e a Diástole, na janela de um esfignomanômetro, observavam o hipocondríaco mancebo que, sub-repticiamente afanava os prescritos receituários. Hipocondríaco que era, o mancebo tirou o trambelho e obtemperou com o jovem rapaz atendente: dá-me um remédio, nem que seja um placebo.
Um esculápio que ouvira as enervadas palavras do tafulão exprimiu-se contemporizando: - devias auscultar-lhe cardiopaticamente, utilizando-se do estetoscópio, afim de dignosticar-lhe o mal. E, cantando uma nênia, afastou-se cheio de empáfia.
Um autocrata que acabara de se aproximar do mancebo, estilizadamente pronunciou uma prosopopéia, cheia de atavismos, querendo, de alguma forma, impressionar o rol de pessoas que adentravam o estabelecimento farmacêutico.
Neste ínterim, a Sístole apelou para a Epopéia, que acabara de chegar, rogando-lhe, desabridamente, que a auxiliasse a conter a incursão atabalhoada do inditoso mancebo.
Foi neste instante que o Palíndromo chegou logo destilando sua condição de traz para frente: “Socorram-me subi no ônibus em Marrocos”. Tudo em confusão, até que o Hipocondríaco solicitou, num murmúrio inconteste: - Onde está aquela pérfida Hipotenusa que se escafedeu após misturar-se com dois Catetos.
Foi quando o eminente geômetra, mais conhecido por Pitágoras, garantiu que os Catetos formavam com a Hipotenusa um triângulo em que o Coseno do lado oposto da reta estava mirando, insidiosamente, a Tangente, irmã da Cossecante.
O cronômetro dava os últimos sinais da alvorada, quando todos se entenderam, de uma vez por todas, e chegaram à conclusão de que, ambas, Sístole e Diástole eram da mesma família de Hipocondríaco.
Sem tir-te nem guar-te, acabou-se a discussão.
Saulo Wilson é advogado
aposentado, editor de ‘Nossa Terra, jornal sacramentano da
década de 1950