Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

30 ANOS DO MUSEU HISTÓRICO DE SACRAMENTO

Edição n° 1348 - 08 Janeiro 2013

Passou despercebida a data de 31 de janeiro último, em que se efetivaram os 30 anos da inauguração do Museu Histórico de Sacramento “Corália Venites Maluf”.  Criado pela Lei Municipal nº 240 de 18/08/82, de autoria de seu fundador, Dr. José Alberto Bernardes Borges, foi inaugurado solenemente no último dia de seu segundo mandato de prefeito, como obra de coroação de tantos outros feitos culturais que se colheram naquele governo. Pretendeu seu criador duas importantes metas: recuperar o patrimônio cultural e histórico através de peças e documentos e ainda homenagear a grande historiadora de Sacramento, Professora Corália Venites Maluf, falecida meses antes da inauguração. É dela uma frase muito interessante sobre o peso cultural de Sacramento. Um dia ela escreveu “Não são velharias que contamos, mas o que de mais precioso temos: tradição”. E essa frase se encaixa na perspectiva do então prefeito de Sacramento, criador do museu: recolher o que de mais precioso temos, que é nossa cultura, através de documentos e peças e não velharias, como muitos enxergam os museus.

O museu de Sacramento foi criado com fim específico: ser museu histórico e isso, muitas vezes, dificulta o entendimento popular e até mesmo de pessoas que o dirigem, isto é, ali, pela característica do museu não se recebe qualquer peça antiga, pelo contrário, ali se recolhe “peças históricas”, sejam elas antigas ou não. Então não é um museu de coisas velhas, não é, embora contenha “coisas velhas” dentro dele, mas ali somente devem ser recolhidas peças contadoras da historia de Sacramento ou de repercussão estadual, nacional ou mesmo mundial. As peças na inauguração do museu de Sacramento se encaixavam neste contexto de “peças históricas”, foram doadas pela Escola Estadual Dr. Afonso Pena Júnior, no governo de Dona Mariléa Maluf Ribeiro. Naquela escola há muito se recolhia peças históricas e com a construção do museu, inclusive em área cedida pela própria escola, para a municipalidade foram doadas as peças de maior importância. E ali, realmente, temos peças não só de alto valor histórico, mas também de valor de mercado, como a veneranda e original imagem da Padroeira de Sacramento, óleos sobre tela, documentos em pergaminhos e tantas outras mais. Mas com o passar do tempo e a falta de orientação adequada as pessoas que dirigiram o museu foram recebendo “peças velhas” de toda sorte. Exemplo disso foi o desmanche do museu da agência local do Banco do Brasil, que talvez não interessando tanto em preservar suas próprias peças, mandou, em governos passados, o acervo para o nosso museu histórico, depositando ali, inclusive, dezenas de máquinas de datilografias e papeladas outras, peças totalmente alheias à história oficial de Sacramento. Que se recolhesse uma, já era o bastante para marcar a presença do banco em Sacramento. Ainda hoje ali se encontram, como estas, dezenas de outros “descartes” que as pessoas entendem de levar ao museu. O que é lamentável. Quando assumi a secretaria de cultura e turismo em 2009 encontrei, após uma reforma que houve ali, todas as peças colocadas no chão do museu. Não critico aqui quem fez isso, talvez a pessoa tenha achado mais estético, só que as peças de um museu são como objetos sagrados que não se colocam no piso. Por isso mandei que se fizessem pequenos módulos de madeira para abriga-las, como lá estão. Encontrei também, atrás de um biombo, dezenas e dezenas de peças e documentos amontoados, talvez por falta de espaço na área de exposição. Lamentável dizer que algumas peças e documentos se perderam. O museu possui, na parte baixa dele, uma sala ampla justamente criada para sua administração e guarda de peças e documentos excedentes, mas ali encontrei uma secretaria estadual de educação instalada. Aquele espaço só se presta para servir ao museu, assim eu penso, tanto que, para recolher as peças que estavam amontoadas, atrás do biombo, tive que alugar cômodo em outro local da cidade.

Apesar do nosso esforço em melhorar as condições do museu, devo dizer, que muito, mas muito mesmo ficou a ser feito, isto porque é um tanto dificultoso trabalhar com cultura em qualquer lugar. O nosso museu não tem reconhecimento oficial pelo Estado e pela União, justamente porque não se enquadra como deve na regulamentação museológica, como contratação de museólogo e enquadramento regular na lei que rege museus. Para isso as administrações tem que gastar sem obter resultados, pelo menos em curto prazo e isso é difícil. Desse mesmo mal padece nosso Arquivo Público, mas esse é outro assunto que tratarei em outra data. Hoje apenas a lembrança da criação do museu histórico e um cumprimento efusivo ao seu criador pela visão cultural e histórica que teve ao cria-lo. Parabéns!

 

Amir Salomão Jacob