Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Opções Religiosas

Edição nº 1334 - 02 Novembro 2012

Um fato, que ultimamente vem sendo amplamente divulgado pelos meios de comunicação, refere-se ao crescimento dos Evangélicos. A Marcha para Jesus, ocorrida recentemente e que reuniu, segundo dados oficiais, 350  mil participantes, foi exaustivamente noticiada. 

 

Que bom que assim seja, pois, num mundo tão secularizado como o nosso, movimentos voltados para a busca de Deus, quando levados a sério, resultarão, certamente, no crescimento e aprimoramento humanos. O fato de vivermos na era dos contatos virtuais, do culto à imagem, flutuando sempre na superfície dos fatos e obedientes aos comandados da mídia, encontrar grupos tão numerosos assim, devotados a Deus, é um bom sinal. 

 

Mas percebo, no entanto, que as opções religiosas nem sempre estão sendo feitas segundo critérios de fé. São muitos os que mudam suas crenças ao sabor dos ventos, bastando, para isso, encontrar alguém que, além de sedutor e convincente, faça parte de grupos de opinião dominante; o critério da escolha ficaria creditado à capacidade de sedução do interlocutor. A adesão a Deus não ocorre nos corações, mas, na popularidade do interlocutor. Parece que tais pessoas ignoram que religião tem história- não nasce ao acaso. Conhecer essa história, pesquisá-la, aprofundar no conhecimento das suas origens, ajuda o fiel a firmar  seus passos, sem grandes hesitações nas verdades que proclama.

 

Penso que uma sensata escolha religiosa, segundo critérios cristãos, deve se fundamentar em três pilares básicos: a fé em Deus, a fidelidade ao Evangelho e o conhecimento da doutrina e  magistério que dão suporte a essa religião.  Não consigo compreender uma escolha religiosa fora desses três alicerces. Abraçar uma crença sem conhecer o seu magistério, equivaleria a uma nau sem rumo no vasto oceano. Seguindo esse mesmo raciocínio acredito que, se a pessoa conhece os fundamentos da sua fé, guarda fidelidade às verdades que proclama, pesquisa as origens históricas da sua opção religiosa, certamente se sentirá mais segura na sua escolha. Mas, o que tem sido comum, nos dias atuais, é encontrar fieis que freqüentam diferentes cultos e acabam por não saber bem em que chão estão pisando. 

 

Casos assim têm levado pessoas a sérias confusões mentais com conseqüências danosas até para o seu próprio equilíbrio. Fica incompreensível, por exemplo, os que dizem crer  tanto na reencarnação  como na  ressurreição , mas, por se tratar de dois princípios de fé excludentes entre si, acaba por gerar confusão. 

 

Outra realidade  decorrente da falta dessa fundamentação doutrinária, passa pelo  fanatismo religioso que, ao invés de trazer conforto e paz para quem a pratica, passa a atuar como um rolo compressor massacrando os fiéis privando-os, às vezes, até mesmo de sua própria identidade.  Alguns programas religiosos, mostrados naTV. chegam, no meu modo de ver, a ser chocantes; exibem pessoas como se estivessem em transe , totalmente entregues aos comandos que os convida, (em nome de Jesus), a verdadeiros delírios. Tais pessoas delegam ao “outro”, a direção do seu próprio querer.

 

O Movimento Ecumênico que busca maior aproximação das igrejas cristãs, pode ser um caminho para o encontro dos pontos de convergência na procura de Deus. As indefinições quanto a opção religiosa, podem ser  sinal da renúncia ou descrença para com a própria religião. É contra a perda dessa identidade religiosa que o cristão precisa se resguardar. 

 

Mariú Cerchi Borges

Educadora