Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Não se é professor por acaso!

Edição n° 1331 - 12 Outubro 2012

O que temos de mais sagrado em nossas vidas?  Nossa família, nosso berço. Infeliz daquele que dispensou, por motivos outros e fúteis,  a alavanca e o alicerce que o regaço familiar nos oferece, sem nada cobrar, somente nos fornecendo bases sólidas  para enfrentar o mundo. E esta, que é a maior e a mais importante célula da sociedade, somente conta com um profissional que tem a legitimidade e a dignidade suficientes para complementar e enriquecer a  tarefa árdua de educar: o professor. 

Dá pra imaginar o tamanho desta responsabilidade? Este professor tem que se misturar à educação fornecida pelos pais e por toda a família de seu aluno, que possuem uma história de gerações passadas, com características individuais e diversas.

Esta responsabilidade não é esforço a mais para ele porque  ele exerce sua profissão com entrega total, e os pesos se tornam diminutos diante da vocação. 

Saibamos todos, principalmente os professores iniciantes,  que se o trabalho em qualquer área se tornar um fardo,  urgirá a revisão de nossa vida, para que diretrizes sejam repensadas. Muito mais isto é válido para um professor.

O professor, se não estiver encharcado da vontade de  ensinar, de educar, de se doar, não conseguirá o respeito de seus alunos, de seus pares, muito menos de toda a sociedade. Não se é professor por acaso! 

Quando meio que corajosamente, este cronista lançou  seus dois livros, além de seus familiares e alguns amigos mais profundos, quem mais se orgulhou deste fato?  Seus ex- professores; todos que ficaram sabendo se  revelaram  recompensados e orgulhosos de um de seus alunos ter lançado dois livros. Aí está a grande obra de um professor.  Acolher seu aluno dentro de seu coração com total paixão, fazendo dele parte de sua própria existência. Isto é para poucos e bons!

Se condoer com as desgraças alheias é fácil.  A lágrima é gratuita. Eu quero ver é rir e se alegrar com as conquistas alheias. 

Como já escrevi: a alegria é esterilizada, a dor contamina.  No caso dos nossos mestres, a nossa vitória se transforma na alegria deles também, porque vocês, professores,  nos amam de verdade.

Aos professores que já exercem esta profissão há um médio tempo, é hora de se fazer um balanço das atitudes  tomadas até agora. Há de se fazer dos acertos, missões, e dos erros, lições.

Você, professor, que já lecionou por alguns anos, tenha certeza de que sua luta valeu e valerá a pena.  A visão histórica jamais poderá ser esquecida por causa de motivos imediatistas, principalmente por um professor. É líquido e certo que as reivindicações, os protestos,  as greves, não foram em vão e, sim, servirão para a grande arrancada que o Brasil sofrerá a partir da valorização da educação e do educador. Triste é a nação que não privilegia o ensino.   A página negra do destrato com os professores está  sendo virada.

Você, professor mais antigo, que já viveu dias melhores, é justo o desânimo, mas não o suficiente para derrubá-lo. Apesar de tudo, eu tenho a certeza de que Piaget e Freire sempre foram os seus guias. 

Mas talvez a maior homenagem que um professor possa receber esteja num fato corriqueiro que acontece no nosso  dia a dia e que ilustra bem o significado desta profissão. Quando queremos elogiar alguém de maneira superlativa, grandiosa, mesmo que esta pessoa não seja formada, como é que nós a chamamos: "ei mestre", “você é mestre nisso” ou então, "ei professor!" É o maior elogio que se faz a alguém. 

 

Marcondes Serotini Filho, ortodontista, cronista, autor dos livros “O Sonho: Crônicas Escolhidas” e “Os caçadores de tirisco”, colaborador do Jornal  Opinião de Bauru – SP – Texto disponível in www.arteducacao.pro.br