Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Hoje, temos medo de adoecer, porque não sabemos como vai ser

Edição nº 1769 - 12 de Março de 2021

A determinação imposta pelo governo estadual, que colocou a região do Triângulo Sul na Onda Roxa, fase mais rígida de contenção do coronavírus até agora, para conter o avanço da covid-19 nos municípios e evitar o colapso nas unidades hospitalares, agrada uns e desagrada outros, como os empresários dos segmentos que estão fora dos serviços considerados essenciais, que continuam de portas abertas.

 

Falando ao ET, na tarde dessa quarta-feira 10, depois de ser entrevistado pela Rádio JM/Uberaba, na manhã do mesmo dia, o prefeito Wesley de Santi de Melo, defendeu a publicação do decreto, apesar de manifestações contrárias na cidade.

“É um problema de todas as cidades, mas nós estamos cumprindo as determinações do governo do Estado, que assumiu esse controle, diante do aumento exponencial de mortos. Nessa quarta-feira 10, 2.286 pessoas perderam a vida por conta desse vírus, que já está na sua quarta cepa no País. Estamos vendo que uma grande parte dos empresários não está aceitando a situação, por uma razão justa, estão deixando de vender, estão ficando sem capital de giro, não há como pagar seus funcionários, o aluguel e por aí vai... Isso nos preocupa muito. Mas, além da imposição do governo mineiro, há momentos em nossa caminhada que devemos colocar a vida acima da economia”, declarou o prefeito, expondo sua responsabilidade como gestor. 

“Eu sei que não é fácil. Nós só vemos perspectivas ruins: cepas novas, milhares de mortes... Por exemplo, um comerciante vê que supermercados, mercearias, padarias, bancos, lotéricas estão funcionando, às vezes até com aglomeração... Mas ele não pode atender um cliente para vender um sapato, um par de meias. Mas temos que seguir a lei. É difícil para todos nós. Nunca passamos por isso. Podemos comparar esse momento como uma 'situação de guerra'. Não temos cartilhas para seguir. Temos que cumprir as deliberações. Nós sofremos e choramos com as pessoas, então é muito difícil”, desabafou o prefeito. 

 

Ainda de acordo com Wesley, o transtorno é geral, tanto para os gestores como para os demais segmentos empresariais. “Todos estamos sendo afetados de alguma forma e não podemos fazer nada. A cada dia, mais mortes na nossa cidade, pessoas conhecidas, amigos, parentes. E as dificuldades são muitas. Uberaba, polo de recebimento dos doentes da região, já não tem mais leitos disponíveis na rede privada, havendo ainda dificuldade na contratação de profissionais da saúde. Hoje, temos medo de adoecer, porque não sabemos como vai ser, todos estamos em dificuldade e nós, enquanto gestores, fazemos o que podemos e o que a lei permite, ajudando, nem que seja com o mínimo”.