Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Liberada a ponte do rio das Velhas

Edição nº 1731 - 12 de Junho de 2020

A Ponte Ângela Magdalena Scalon, mais conhecida com Ponte da Carmelita, no rio das Velhas, foi reinaugurada na manhã dessa terça-feira 16, em solenidade que contou com a presença de moradores da região, prefeito Wesley De Santi de Melo, vice-prefeito Osmar Trevisan Jr, o ex-prefeito José Alberto Bernardes Borges, vereadores, secretário de Obras, Sérgio Araújo, padre Carlos Alexandre e Tereza Jerônimo, representando familiares da patrona da obra.   

 

A ponte sobre o rio das Velhas, que liga os municípios de Sacramento e Perdizes, construída para ligar a cidade a Araxá, tem uma longa história. Primeiro foi balsa, depois uma ponte de madeira que rodou, uma ponte de concreto, construída em arco, que também rodou, em janeiro de 1997, e, finalmente, em 18 de agosto de 2001, às vésperas do 181º aniversário de Sacramento, o então prefeito Nobuhiro Karashima inaugurou a ponte atual, com recursos viabilizados pelo deputado Silas Brasileiro. 

Na sua mensagem, lembrando a inauguração, o prefeito Wesley, então presidente da Câmara, disse que o prefeito Biro afirmou na ocasião que, pelas suas dimensões, aquela “obra foi um milagre”. Denominada, oficialmente, desde então de 'Ângela Magdalena Scalon', a obra representa a maior ponte municipal da mesorregião Triângulo/Alto Paranaíba. 

“Essa ponte para nós foi um milagre, porque veio pelas mãos do deputado Silas Brasileiro, um desconhecido até então para nós. (...)”. Narrando o episódio da morte do balseiro no rio, recordou também Biro que naquele dia, alguém lhe perguntou se ele não tinha vergonha. “Isso é uma coisa que me mata de vergonha - respondeu o ex-prefeito - vergonha por não cumprir o meu dever, mas graças ao povo de Sacramento, aos fazendeiros da região e, graças, sobretudo, a pessoas como Silas Brasileiro, tenho a certeza de que cumpro com a minha obrigação”. 

 

A ponte, no entanto, poucos anos depois, começou a apresentar problemas nas placas de concreto que serviam como piso. A partir de então, foram várias as interdições feitas para reparos, até que não deu mais. Abalada sua estrutura metálica, placas se soltando cada vez mais, passou a oferecer grandes riscos obrigando sua interdição de vez. O prefeito Wesley correu atrás de recursos, porém em vão, até que resolveu bancar a obra com recursos próprios da Prefeitura. Que tenha agora vida longa é o que todos esperam.

 

Vocês, produtores, são o objetivo maior de reconstruirmos esta ponte

 

O prefeito Wesley De Santi de Melo que em 18 de agosto de 2001 esteve na inauguração da ponte como presidente da Câmara, retornou nessa terça-feira 16 para entregá-la mais uma vez aos moradores da região totalmente reformada e revitalizada. Na sua mensagem, agradeceu a todos os servidores da Prefeitura e da empresa Barsa Engenharia, responsável pela obra. “Muito obrigado pelo trabalho de todo vocês”, disse, ressaltando também a contribuição da empresa para a reforma da ponte do Córrego da Joana, na comunidade dos Pinheiros. 

“Aproveitamos o pessoal da Barsa e a expertise da construtora para a reforma da Ponte Benvindo Coelho, na região dos Pinheiros, a quem agradecemos”.  Dirigindo-se a Terezinha Jerônimo, representante da família da matriarca Ângela Magdalena Scalon, ressaltou sua contribuição como uma das maiores produtoras de café do município.  e dos moradores da região. 

“Vocês são o objetivo maior de estarmos aqui, vocês, produtores e moradores desta região, só vocês sabem o que representa uma ponte, sobretudo esta pela sua ligação muito mais próxima com a cidade. Mesmo estando numa época de muitas dificuldades financeiras, o que nos obriga a adiar algumas obras, não medimos esforços para colocar a Ponte Magdalena Scalon como uma de nossas prioridades, reformada totalmente com recursos próprios do município. Dada sua importância e nosso compromisso com os produtores desta região, esta obra não podia parar, prova disso é que ela está sendo entregue hoje. É daqui que saem as nossas riquezas, leite, grãos, gado, é daqui que sai a vida das pessoas, por isto trabalhamos pelas pessoas”, frisou, pedindo bênçãos de Deus a todos. 

 

Padre Carlos abençoa obra

 

Padre Carlos Alexandre ao abençoar a via, refletiu com os presentes a importância de se inaugurar uma ponte. “É momento de comemoração, porque esta ponte vai facilitar a ida e vinda dos que aqui residem e fazem as riquezas do nosso município. É uma honra para mim, nestes 200 anos de Sacramento, poder abençoar esta ponte que já passei noutros momentos, mesmo estando interditada. Com alegria pedimos as bênçãos de Deus, sobre nós, em primeiro lugar, porque não há sentido uma ponte existir sem as pessoas percorrerem através dela”. 

O vigário paroquial também fez uma comparação com as pontes que devem ligar as pessoas. “Mas é necessário também construir pontes para ligar as pessoas umas às outras,   deve existir uma ponte entre as pessoas. A ponte que nos liga ao outro nos torna mais misericordiosos, mais agregados e mais justos”, disse, conclamando: “Nunca nos esqueçamos que precisamos fazer uma ponte maior para a eternidade, mas ela só se constrói pelo amor, pela bondade, pelo bem...”.    

 

O reforço feito dobrou sua capacidade de suporte

 

Para Antônio Joaquim Barbosa Sampaio, engenheiro responsável pela Barsa Engenharia, a obra teve um quê de especial para a empresa. “Esta ponte teve algumas particularidades, que a tornou tão especial para nossa empresa. Primeiro, pela população de Sacramento e Perdizinha que nos acolheu tão bem e nos deu um suporte inimaginável e, segundo, foi podermos trabalhar com um prefeito e um secretário tão presentes no acompanhamento da obra. Baguá e Sérgio Araújo estavam sempre aqui tirando dúvidas. Isso fez a empresa sentir que todos estavam torcendo e querendo ver o final da obra”, justificou.

Iniciada no dia 2 de janeiro, mesmo depois de alguns percalços, a Ponte Mgdalena Scalon  foi definitivamente concluída no dia 15 de junho. “Esta é uma ponte com capacidade para 30 toneladas, o dobro do que ela suportava. Ela foi toda reestruturada e reforçada de acordo com projetos da Universidade Federal de Uberlândia e do professor Vicente Marino”, pontuou, acrescentando que no lugar das placas de concreto foi usado o stealdeck (uma espécie de sanduíche formado por telhas de aço galvanizado em formato trapezoidal na extremidade e uma camada de concreto no interior). “Essas telhas servem de forma para o concreto durante o processo de concretagem”, explicou. 

Continuando, o engenheiro destacou que não foram utilizadas escoras e o seu leito foi ampliado de quatro para cinco metros de largura, incluindo um guarda corpo. “Essa ampliação do leito dá maior segurança às pessoas que atravessam a ponte andando. “Com essa distância as pessoas podem atravessá-la sem correr risco com os veículos. É um ponte muito segura”, afirmou. 

 

Sampaio finaliza comparando a ponte “como uma filha da empresa”. “Foi um trabalho muito gratificante e também ver a população aqui olhando, esperando a reinauguração é reconfortante. E temos também orgulho ao vê-la servindo a comunidade aqui da região e da população como um todo. Parabéns, vocês e a cidade merecem esta obra”, finalizou. 

 

Pensar no progresso da cidade é o que faz a diferença

 

Outros discursos também foram proferidos na reinauguração da Ponte Ângela Magdalena Scalon. O vice-presidente da Câmara Edmilson Peres cumprimentou os que contribuíram para a execução da obra e os moradores presentes pedindo proteção divina a todos que usarem a ponte. “Esta ponte vai levar o progresso, vai levar o pão de cada dia para os cidadãos e que Deus abençoe a todos os produtores para que continuem levando à mesa de cada um o pão nosso de cada dia”. 

O vice-prefeito Osmar Trevisan Júnior, como empresário rural e homem do campo, destacou também a importância da obra, manifestando satisfação por fazer parte do governo. “Baguá sempre dizia que precisava de uma emenda parlamentar para construí-la, a emenda não veio, mas a ponte foi reformada com recursos próprios do município, dada sua prioridade e importância para o escoamento dos produtos da região. Pensar no progresso da cidade é o que faz a diferença e aqui, hoje, temos essa diferença”. 

 

Quem foi Ângela Magdalena Scalon

 

Ângela Magdalena Scalon (foto) nasceu na Itália na Província Di Veneza e chegou ao Brasil em 1896, com quatro anos de idade, com os pais Luigi Palludo e Antônia. A exemplo de outros imigrantes italianos, a família fincou pé na zona rural e, dedicando-se às lavouras de café, fundou uma colônia no município. 

Ângela Magdalena se casou com Hermínio Jerônimo, também vindo da Itália e juntos formaram uma grande família, com 13 filhos: Luiz, Alberto, Oswaldo, Adelino, José, Antero, Júlia, Gentil, Oscarina, Josefina, Nair, Antônia e Helena, que foram criados dentro dos princípios e valores morais e religiosos, tornando-se importantes cidadãos sacramentanos. 

Viúva, Magdalena Scalon foi à luta dando seguimento à cafeicultura, enfrentando e superando crises tornando-se uma respeitada produtora de café, o que lhe valeu o título de 'Rainha do Café', e assim ficou conhecida na região.   Magdalena morreu em 6/7/1966, aos 70 anos, deixando à cidade e à família um grande legado de exemplos, honradez e trabalho.