Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Arquiteto comenta matéria do ET sobre Estação do Cipó

Edição nº 1433 - 26 Setembro 2014

‘‘Por que a Câmara não aprovou a presença do urbanista Luiz Eduardo Sarmento Araujo para demonstrar, em plenário, o seu projeto urbanístico para a Estação do Cipó?"

O arquiteto urbanista, Luiz Eduardo Sarmento Araújo, comentou em rede social, a pergunta feita pelo ET, à epígrafe, na sua última edição. Veja.

Foi uma boa surpresa saber que o projeto’Estação do Cipó - parque Cultural’, chegou à Câmara Municipal de Sacramento. Acredito que seja o espaço apropriado para debater o projeto proposto. Desde o início, gostaria de fazer um projeto que fosse (de certa forma) útil a alguma comunidade e não fosse meramente uma especulação acadêmica, com finalidade única de ser publicado/exposto em algum lugar.

A Estação do Cipó está, desde a década de 70, abandonada, e, desde então, bravos sacramentanos reconhecem seu valor histórico e artístico e, principalmente, seu potencial de uso contemporâneo - as vocações turísticas, de lazer e cultural do local estão claras, são quase óbvias - e lutam para que o local seja revitalizado.

Trilhando o caminho oposto do desejo da população, os poderes públicos ainda não conseguiram dar uma resposta aos anseios de quem quer ver ali, na região da Estação do Cipó, um espaço vivo, pulsante, movimentado, contemporâneo - um lugar que qualquer cidadão teria orgulho de mostrar aos visitantes e frequentar.

Existe um projeto, contratado pela Prefeitura Municipal, mas esse projeto trata apenas de parte do conjunto edificado, a Estação, a casa do chefe da estação, e as três casas funcionais... Ficam de fora do projeto, por exemplo, a capela, que deve ocupar o antigo armazém, doado à municipalidade para ter uso sacro, e a área entre o conjunto arquitetônico e o rio Grande - espaço verde com infinitas possibilidades de uso/lazer. O projeto existente foi analisado não só por mim quanto pelos arquitetos da Universidade de Brasília, que orientaram o projeto Parque Cultural, e a nossa proposta é outra, são outras ideias, outras propostas de uso - tem uma dimensão bem diferente do projeto que existe na Prefeitura hoje, provavelmente guardado em alguma gaveta da burocracia governamental e nunca discutido com a população.

Analisamos durante praticamente um ano, espaços semelhantes (e de sucesso!) ao da Estação do Cipó para desenvolver um projeto que fosse realista e que possibilitasse seu uso pela maioria dos sacramentanos, por isso, o projeto foi pensado para atender diversos desejos da sociedade, e não apenas demandas de turistas que passam um ou dois dias na cidade, em épocas específicas do ano. A Estação Do Cipó, a bela paisagem e o rio Grande merecem, assim como era quando por ali os trens passavam, uma movimentação diária.

Imaginem ali um hostel (pequeno hotel), uma capela, uma área de camping, um restaurante, uma loja de conveniência, um ponto de memória ferroviária, um espaço destinado aos orquidófilos da cidade, um espaço dedicado aos peixes da bacia do rio Grande, um parque com déques, áreas com churrasqueiras, cozinhas de uso público com fogão à lenha, uma marina e um projeto paisagístico cuidadoso. Não se trata de uma defesa do projeto que venho apresentando aqui, mas sim a demonstração de algumas das várias possibilidades de uso contemporâneo do local, que nós, aqui na UnB identificamos.

Sacramento tem vários potenciais que talvez, estando aí, vivendo a cidade cotidianamente não percebemos. O Cipó é só mais um desses locais do município que gritam pedindo vida, movimento, turismo, gente, diversão...

O projeto nunca se pretendeu ser executado, por isso não entendo o medo de alguns em que ele seja exposto e debatido na esfera mais pública de debate do município, que é sua Câmara Municipal. 

Estação Cultural do Cipó: Parque Cultural é, antes de ser um projeto arquitetônico, a tentativa de lançar um novo olhar sob um bem público abandonado pelo poder público.

Um projeto com caráter social (como deveria ser todos os projetos tocados pelos nossos políticos!) deve (e foi feito para isso) ser discutido com seus principais interessados - os habitantes da cidade que irão recebê-lo, por isso seria um enorme prazer apresentar um trabalho - que mais que um projeto - é uma sugestão desenhada, uma colaboração técnica de alguém que nasceu na cidade e quer somar forças aos tantos sacramentanos que lutam, cotidianamente, por um lugar mais bacana de se viver.

 

Por que não discutir ideias para nossa cidade? Por quê não???  São só idéias...