Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

José Alberto elogia festa e recorda seu trabalho em prol do povoado quando prefeito

Edição nº 1389 - 22 Novembro 2013

O ex-prefeito José Alberto, recebido pela comunidade com muito carinho, elogiou a iniciativa da festa. “É uma alegria muito grande ver que as festividades estão cada vez melhores, muito organizadas”, afirma e diz mais: “É uma alegria estar num lugar que como prefeito ajudei a construir e a preservar. E quem me colocou a par da história e me fez gostar do Desemboque foi meu saudoso amigo, Dr. Clemente Vieira de Araujo. Foi ele  e o Aldary Panvanelli que me trouxeram aqui a primeira vez, em 1970.  Lembro que paramos no córrego do Rolim pra tomarmos um lanche e chegamos aqui, de tardezinha, e encontramos lá na igreja Nossa Senhora do Desterro, o Benvindo Coelho, com aquela barba longa,  rezando o terço”, recorda.  

Afirma o ex-prefeito que foi a partir daí que tomou a decisão de restaurar as igrejas, só concluídas no segundo mandato. “Consegui fazer o restauro às expensas da Prefeitura, mas tive de contratar uma arquiteta do IEPHA. Resolvemos também um outro problema, o de transferir aquele distrito, cuja paróquia pertencia à diocese de Luz, para o arcebispado de Uberaba. Construímos ainda a Escola, colocamos água, telefone no povoado e, ainda, construímos o barracão de festas”, conta. 

Recorda o ex-prefeito um caso engraçado com o professor do povoado e figura folclórica e carismática do Desemboque, Vicente de Araújo Lima, quando foi apresentado ao bispo de Luz, Dom Belchior. Logo que lhe apresentei o bispo, ele perguntou surpreso: 'Mas é bispo mesmo, doutor?' E foi logo tocar o sino anunciando sua chegada. Como não havia badalo, Vicente usou uma barra de ferro, produzindo um som muito bonito. Ao descer da torre, o bispo comentou: 'Que som argentino!! E Vicente saiu com essa: 'Bem que eu desconfiava que esse sino era estrangeiro'”, lembra José Alberto.

José Alberto recorda ainda a recuperação das imagens originais que haviam sido roubadas em seu mandato, em 1970. “Duas estavam na Bahia, uma em Belo Horizonte e outra em São Paulo. Foi uma grande festa o retorno das imagens em 1971, com o total apoio do pároco Pe. Gil Barreto Ribeiro, que dava assistência ao Desemboque. Tivemos na época, a participação de mais de 800 cavaleiros trazendo as imagens. Desemboque todo enfeitado de bandeirolas. Muitos fogos, a banda do 4º Batalhão de Uberaba, uma festa de muita alegria e devoção”, lembra mais. 

Percebendo que houve uma continuidade nas melhorias do lugal, diz o ex-prefeito que tem muito amor ao Desemboque. “Uma festa dessas só vem valorizar  a comunidade, por isso quero cumprimentar os organizadores, os visitantes e os moradores. Isso marca um fato histórico, reaviva a cultura afro aqui no Desemboque, eles construíram isso aqui”, afirma recordando os nomes de muitas famílias que cuidaram e ajudaram a preservar a história do lugar. 

 

Festa de Na. Sra. do Rosário dos Pretos não acontecia há mais de 100 anos

O ex-vereador  e historiados Amir Salomão Jacob, a convite do então prefeito Joaquim Rosa Pinheiro,  coordenou os festejos dos 250 anos do Desemboque, em 1993, e acompanhou de perto toda a beleza da festa no domingo. 

“- Pelo conhecimento que temos, a festa de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos não acontece há mais de 100 anos. Ela era realizada efetivamente até a abolição da escravatura. O cemitério dos negros é aqui em volta da igreja, ali estão os alicerces do muro como o que tem na Igreja de nossa Senhora do Desterro, é preciso restaurar  isso. Com ausência de negros na comunidade do Desemboque, a festa acabou, por isso a importância desse resgate feito por Pe. Paulo, realizando a Festa de Nossa Senhora do Rosários dos Pretos dentro das comemorações dos 270 da matriz  de Nossa Senhora do Desterro. Essa festa precisa de incentivo e apoio para continuar, porque é uma festa regional. Vejam que na primeira festa, quantas pessoas vieram visitar o local. Isso difunde a lugar e a história, uma coisa  pela qual sempre lutamos: a divulgação do Desemboque e a sua importância na história”.    

O ex-vereador José Sebastião de Rezende (Rute – 1983/88), desde que deixou a vereança nunca mais retornou ao Desemboque e foi com emoção que viu as melhorais e recordou os tempos da infância no lugar, durante as visitas na casa do avô e dos tios. “Tudo muito diferente, melhorou muito  e uma festa muito bonita. E fiquei muito emocionado de chegar e recordar do meu avô, meus tios. Essa festa foi uma oportunidade pra voltar aqui”, disse.

O paulistano Egídio Thoda, professor e doutorando em Artes e Comunicação  ficou encantado com a religiosidade popular no local. “Quero parabenizar os organizadores por essa festa tão bela, uma autêntica manifestação popular, uma coisa muito rica que precisa ser preservada”, afirmou, ao lado do amigos José Alberto Bernardes Borges e José Leonélio de Souza, que confessou: “Faz 30 anos que venho a  Sacramento, mas esta é a primeira vez que venho ao Desemboque e estou aqui com  muito gosto, porque é uma raridade a gente poder ver essas danças de Congo. Filmei,  fotografei e isso vai ficar para o posteridade. Só acho que o lugar precisa ser mais preservado, ter um bom projeto para recuperar as igrejas, porque isso é uma preciosidade”, recomendou, elogiando também o almoço preparado para a multidão: “Delicioso, um tempero diferente, vai ficar na história”. 

Deputado Antonio Lerin, cumprimentando os organizadores destacou a importância da valorização e resgate da festa de Na. Sra. do Rosário dos Pretos.  “Temos que reconhecer e apoiar o empenho de Pe. Paulo e dos festeiros por este resgate da festa, da religiosidade e da cultura para que possamos voltar a viver as nossas tradições. Para nós, é muito importante estarmos participando e viabilizando recursos para que isso tenha continuidade. Um evento desses, uma festa dessas extrapola a competência da comunidade, é um evento regional”.

Lerim prometeu também viabilizar verbas para a restauração das igrejas do povoado.  “Sabemos do trabalho de Pe. Paulo para a restauração das igrejas, algo em torno de R$ 700 mil e estamos trabalhando para isso, inclusive junto á iniciativa privada. É nosso dever e digo sempre que se de todo político que vem aqui pedir votos sai r um pouquinho a coisa vai em frente”.

 

O deputado Bosco, também elogiou a  festa e a iniciativa do resgate. “É a nossa história sendo resgatada e que agora precisa do apoio de todos nós para ser preservada. Padre Paulo, os festeiros e todo o povo estão de parabéns pela organização e por propiciar a todos nós este momento de devoção e cultura”.