Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Aumentam fazendas certificadas no queijo Minas artesanal

Edição nº 1339 - 07 Dezembro 2012

O queijo artesanal mineiro está tipificado conforme as características de cada local e distribuídos em cinco tipos diferentes: Campo das Vertentes , Araxá, Canastra, Cerrado e Serro. 

Na microrregião de Araxá, região que possui mais de dois séculos de tradição na prática de produzir queijos, consumir e comercializá-lo, além de Sacramento, fazem parte os  municípios Campos Altos, Conquista, Ibiá, Pedrinópolis, Perdizes, Pratinha, Santa Juliana, Tapira e Uberaba, região que ocupa uma área de 13.629 km², totalizando 943 produtores, que produzem 2.755 toneladas/ano e geram 2.640 empregos. 

Conforme estudos, o queijo produzido na região apresenta, a princípio, a técnica introduzida pelos colonizadores portugueses, oriundos da região da Serra da Estrela. O queijo traz suas especificidades que atribuem aspectos físicos, socioculturais e econômicos que fazem do produto um ícone representativo da identidade da região.

A fim de preservar e melhorar a qualidade de um produto de tão grande importância, a Emater lançou  o Programa Queijo Minas Artesanal Araxá,  que conta com parceiros como prefeituras municipais, IMA e instituições de ensino e pesquisa. 

O veterinário da Emater, Alysson Rodrigues de Jesus Souza, ressalta  que  “o queijo artesanal, está mais do que provado,  é uma importante fonte de renda para os produtores rurais do município de Sacramento e a Emater como apoiadora no processo de certificação do produto está dando passos importantes no município, que atualmente conta com  três produtores certificados; dois em processo final de certificação;  um produtor em fase de construção da queijaria e mais três agendados para a primeira visita do IMA e da Emater nas propriedades”.

 

Joel Leite: Primeira queijaria artesanal da região

A fazenda Nova Califórina, de Joel Urias Leite, foi a  pioneira no município na certificação do queijo. Todo o processo começou em 2005 e, dois anos depois Joel e sua esposa, Marly, começaram a  colher os frutos.

“- Com a orientação da Emater, demos início ao projeto com  o processo de certificação em 2005 e, dois anos depois, conseguimos cadastrar  o nosso produto. Foi um investimento que valeu a pena, porque conseguimos agregar valor ao nosso produto, tornando nosso queijo reconhecido. A comercialização do nosso queijo depois de cadastrado cresceu muito. Com isso, temos participado de feiras regionais, nacionais  com o nosso queijo e tudo isso graças  ao Ima e à Emater que são nossos parceiros, sempre estiveram conosco”, destaca o produtor.

Para Marly, certificar o produto foi uma forma legal de tirá-lo da clandestinidade.  ‘Hoje, nosso produtor já não é mais clandestino, tem origem, é um produto identificado, reconhecido,  porque atendemos às normas de regularização”, afirma.

Marly destaca ainda a melhoria da renda familiar. “O preço de nosso produto, praticamente, dobrou e nossas condições de trabalho melhoraram muito', diz mais, lembrando que também a  produção de leite da fazenda aumentou consideravelmente.

O casal Joel e Marly  tem grandes expectativas futuras para a comercialização do produto.  “Esperamos a aprovação das leis de liberação de venda para outros estados. Sabemos que o nosso queijo é muito apreciado lá fora, por isso queremos ter a liberdade para comerciá-lo no Brasil inteiro”, afirmam.

De acordo com Joel, o queijo é comercializado em Sacramento e nos Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), programa do Governo Federal e do município que fornece alimentos às escolas municipais e a entidades.

“- No PAA é uma venda direta e garantida para a Conab. A Emater faz uma programação junto com os produtores cadastrados e cada um de nós fornecemos aquilo que produzimos. É um projeto que tem tudo para aumentar no nosso município. Hoje, para mim entram  cerca de R$3.500,00 nesses dois programas do Governo Federal e do município, ambos coordenados pela Emater”, finaliza.

 

Leis dificultam a comercialização do queijo

Segundo Alysson, o principal obstáculo encontrado pelos produtores  para a certificação é a legislação. “Ela não condiz com a realidade dos produtores, e acaba dificultado todo processo. Por exemplo, no ano passado foi editada a IN 57 de dezembro de 2011, que exige no Art 3º, Inciso I,  que o produtor faça uma análise mensal do leite da propriedade em laboratório da Rede Brasileira da Qualidade do Leite (RBQL). Essas análises são feitas em poucos laboratórios no país e o custo é muito alto”, ressalta.

“Outro fator que tem dificultado a certificação - diz mais Alysson -  é a questão da liberação da venda do Queijo Minas Artesanal em outros estados, e para que o queijo possa ser vendido fora do Estado de MG, antes de 60 dias, é necessário alterar a legislação existente, a Instrução Normativa nº 57 (IN 57/2011, e, para isso, já há uma grande mobilização de produtores de queijo e suas organizações, além do poder público”, informa. 

Até o momento, o que os produtores e entidades conseguiram foi a adesão dos Estados com tradição na produção de queijos artesanais ao SISBI/SUASA (Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal), o que significa que o Ministério da Agricultura irá reconhecer a equivalência dos sistemas de inspeção estaduais, para os produtores mineiros que já se cadastraram no IMA. A proposta de adesão do Estado de Minas ao SISBI/SUASA foi levada a Brasília pelo diretor geral do IMA, Altino Rodrigues Neto, e pelos produtores de QMA das cinco regiões tradicionais. 

Reconhecem todos que esta é uma boa notícia, pois assim poderão comercializar em outros estados, já que Minas Gerais já tem uma legislação específica para o QMA, a Lei 14.185/2002, além de ter reconhecida a equivalência dos sistemas de inspeção da carne e do leite.3