Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Povo solidário reforma apartamentos da Santa Casa

Edição nº 1459 - 03 Abril 2015

Maria Devós, Meri Lucy Rodrigues e Paulo Sérgio Cândido (Patché),  em nome de outros vários voluntários, acompanhados do administrador da entidade, Juliano Almeida, receberam o ET na manhã dessa terça-feira 31 para uma entrevista. Na pauta, a inauguração da segunda etapa de reforma da Santa Casa de Misericórdia de Sacramento: Dez apartamentos particulares de internação, uma sala de enfermagem,  sala de incubadora, sala do banco de sangue, sala de reuniões, a capela, hall e corredores totalmente reformados.

“- Constam da reforma, a troca de piso de todo esse espaço, incluindo adequação dos banheiros dos apartamentos com troca dos vasos sanitários e lavatórios, pintura, tudo novo e dentro das normas sanitárias exigidas”, enumerou Meri Luci, muito feliz ao lado dos voluntários.

  A entrega da obra, em cerimônia informal, aconteceu nesta quarta-feira, 1º de abril, apesar do dia, como a mais pura verdade de um trabalho que teve a participação de toda a comunidade. “Olha, não podemos apontar nenhum nome, porque, com certeza, estaríamos esquecendo de alguém. A verdade é que todas as pessoas a quem pedimos foram solidárias, por isso dizemos 'toda a comunidade'”, justifia Meri, com Paulinho Patché completando: “Ganhei de caminhão de madeira a um saco de cimento, foi contagiante esse trabalho” – reconheceu. 

A solenidade reuniu voluntários e funcionários para uma confraternização e para conhecer de perto o resultado de um esforço conjunto para melhorar as dependências do único hospital da cidade e que, realmente, precisa do apoio de todos. 

Há pouco mais de seis meses no cargo, o administrador hospitalar, Juliano Almeida, se confessou surpreso, mas muito satisfeito com o que vêm acontecendo em prol da Santa Casa. “Fico muito feliz, porque em tão pouco tempo conseguimos aquilo que eu imaginava fazer depois de um ano, que era chamar a sociedade para abraçar a Santa Casa e daí a um mês no cargo, começamos a nos mobilizar”, ressalta e acrescenta que  a iniciativa da reforma dos apartamentos nasceu com Meri, Maria Devós e Paulo Sérgio que coordenaram toda a campanha em prol da reforma. 

“- A  idéia inicial era   dar um quarto  para cada família,  para que eles patrocinassem a reforma e na porta iria o nome dos benfeitores,  mas acabaram fazendo diferente, porque houve muita gente para ajudar”, explica Meri, destacando que a solidariedade foi grande. “Foram aparecendo doadores e mais doadores, várias pessoas doaram o piso, outras doaram as peças dos banheiros outras a tinta  de modo que deu para fazer a reforma completa”, explica. 

Na avaliação de Juliano, o empresário José Humberto Ramos foi o mecenas de toda essa mobilização.  “José Humberto iniciou o investimento e isso motivou, estimulou as pessoas a ajudar. Hoje estamos com o telhado praticamente pronto, só falta concluir as calhas e agora, os apartamentos também prontos”. 

Mas, para Paulo Sérgio a auxiliar de enfermagem Gasparina Maria da Luz Cândido tem o mérito de ter sensibilizado a primeira pessoa a investir na Santa casa: José Humberto Ramos. “A mãe do José Humberto estava internada aqui e a Gasparina, nem o conhecia, sem saber que era um empresário bem sucedido e, mais, caridoso, ficou falando da precariedade da Santa Casa, que  havia goteiras e infiltração por todo o lado, e aí ela  disse que gostaria de ganhar na mega sena sozinha pra reformar a Santa Casa. Não deu outra”, diz, lembrando como tudo começou. 

“- Poucos dias depois, o José Humberto chegou lá na loja e me pediu pra vir aqui para avaliarmos o telhado. Eu nunca fiquei internado, posso dizer que poucas vezes tinha entrado na Santa Casa, e  no dia em que viemos, havia chovido e a água  escorria numa infiltração total ali pelas rampas, fiquei chocado com o que vi e decidi que iria ajudar em  alguma coisa. O José Humberto deu o telhado desse bloco e aí, a Elaine, a Gasparina e eu, além de mais algumas pessoas começamos a campanha: 200 telhas aqui, 100 ali, mais 20 acolá e assim foi,  ganhamos caixas d´ água e até caminhão de madeira.... A Meri e a Maria resolveram reformar os quartos e na hora  me prontifiquei a ajudar”.  

 

Eles fazem a diferença e agora a sensação do dever cumprido

Mery Lucy, Maria Devós e Paulo, são pessoas que fazem a diferença. “Foi uma campanha grande tanto para o telhado quanto para os quartos, então, agora é hora de dar um tempo. Mas se dependesse de mim, reformaria a Santa Casa inteira. Vontade não falta”, afirma Meri e Maria Devós brinca: “Vamos esperar as pessoas darem uma respirada, juntarem um dinheiro, para retomar as obras”, afirma, feliz com o resultado final e a solidariedade do povo. 

De acordo com o grupo, a reforma foi concluída e não devem um tostão sequer. “Pagamos tudo, inclusive a mão de obra e o interessante é que nunca pegamos dinheiro, nem da campanha, nem dos eventos realizados em prol da reforma. Agora, o contador da Santa Casa vai fazer a prestação de contas e, em breve, estaremos divulgando para que todos tenham conhecimento, sem citar nomes porque são muitas pessoas, além do que, muitas preferem o anonimato”. 

O trabalho de tantos voluntários em prol da Santa Casa vem de encontro ao lema da Campanha da Fraternidade “Eu vim para servir”, nesse sentido, Meri, Maria e Patché se sentem realizados. “Muito, muito realizada, era um sonho fazer alguma coisa pela Santa Casa e me emociono ao ver a participação e a doação de tantas pessoas, o envolvimento foi muito grande. Sinto- me realizada, por ter abacado a causa e ter conseguido sensibilizar tantas pessoas”, afirma Meri e Maria Devós completa: “Minha felicidade é imensa, porque foi uma ajuda muito espontânea, não houve senões. Às vezes conversamos com as pessoas, elas diziam “ah não posso agora', mas daí a pouco ligavam, ajudando... Só temos que agradecer a essas pessoas que acreditaram e nos apoiaram, porque a Santa casa é da cidade”, reconhece. 

Paulo Sérgio, o Patché, emocionado, ressalta os doadores de outras cidades.  “Graças a Deus, Sacramento e muitas pessoas de fora contribuíram. Foi uma correria grande, mas muito gratificante,  fizemos chá, forró, bingo e só tenho que agradecer, inclusive ao promotor José do Egito e a juíza Roberta, que nos ajudaram  muito. Agradeço a Deus e a Nossa Senhora  Aparecida, ela tirou um pouco a vergonha que a gente tem de pedir e pedi, mas pedi muito, mesmo, e as pessoas ajudavam porque viam que era um trabalho honesto”, recorda lembrando o pai, Tio Pedro do Seminário. 

 

 “- Papai deve estar feliz, porque isso vem de pai para filho, ele nos ensinou que a gente tem que ajudar o próximo, a ser honesto e gente que eu nem conheço ajudou. Graças a Deus!” 

 

SC vai buscar recursos da União para concluir reformas

O administrador Juliano ressalta na entrevista um ponto importante para angariar recursos junto ao governo. “Além das boas condições de uso, tudo na Santa Casa tem que estar dentro das normas técnicas da Anvisa e de outros órgãos, especialmente em relação ao fisco. A parte térrea deste primeiro bloco, por exemplo, que será a próxima etapa da reforma, tem, por exemplo, muitas irregularidades e que vão exigir muitos recursos, com troca de piso,  portas, janelas e o que for exigido”, enumerou, informando que a Santa Casa já tem um engenheiro e arquiteto iniciando  o projeto para ir atrás de recursos.

Uma fonte grande de recursos está na ajuda dada por parlamentares através das emendas que fazem no orçamento da união. E é atrás desses recursos que a Santa Casa está se mobilizando para conseguir a reforma dos quartos do SUS. “O governo disponibiliza recursos para esse tipo de reforma, pois vai ajudar os pacientes internados pelo SUS, e agora é lei, cada parlamentar deve destinar parte de suas emendas exclusivamente à saúde. E sem fazer política, sem partidarismo, vamos correr atrás de todos aqueles políticos, especialmente os votados na cidade, para que ajudem a Santa Casa”, informa, lembrando que a relação do mobiliário que vai servir a Santa Casa já foi aprovada pelo Siconv, bastando agora uma emenda parlamentar com esse objetivo e proceder a licitação.

 

Juliano afirma que apesar da dívida de R$ 2,5 milhões,  a Santa casa está em dia com o fisco.  “Não devemos nenhum tributo e não podemos dever, porque precisamos da certidão negativa, sem ela, não conseguimos nada da união nem do estado. INSS e FGTS tudo é pago em dia, inclusive as parcelas dos tributos antigos que estavam atrasados, e foram renegociados, estão sendo pagas”, afirma.

 

Aprovação do  orçamento atrela saúde a emendas parlamentares

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 358/13, que ficou conhecida como PEC do Orçamento Impositivo, aprovada pelo congresso em 17 de março, obriga o Poder Executivo a aplicar as emendas parlamentares até o limite de 1,2% da receita corrente líquida realizada no ano anterior, mas metade do valor total das emendas de cada parlamentar deverá ser empenhada em ações de saúde de municípios, sem incluir gastos de pagamento de pessoal e encargos sociais.

A mesma PEC escalonou o piso para os investimentos em saúde por parte da União. De acordo com o texto promulgado, o percentual mínimo de investimento em ações e serviços públicos de saúde será alcançado ao longo de cinco anos até atingir 15% da receita corrente líquida (RCL). Para este ano, os recursos devem corresponder a 13,7% da RCL; em 2016, 14,1%; em 2017, 14,5%; e em 2018 os 15%.

A aprovação do texto vai de encontro a toda a mobilização realizada nos anos de 2013 e 2014 em prol do projeto de lei de iniciativa popular (PLP 321/13), que angariou cerca de um milhão e 900 mil nas mobilizações do Saúde + 10, frente composta pela Abrasco, Conselho Nacional de Saúde (CNS) entre outras entidades, e que propõe investimentos de, pelo menos, 10% das receitas correntes brutas da União para o SUS.

 

O texto final do PLN 13/14  abriu possibilidade para que deputados e senadores recém-eleitos também tenham direito a emendas parlamentares, o que antes era permitido somente a partir do segundo ano da legislatura. Assim, os novatos poderão destinar até R$ 10 milhões em emendas e os legisladores veteranos terão direito, cada um, a até R$ 16,32 milhões.

 

Por que os médicos não elegem um Diretor Clínico?

Há algum tempo o Ipsemg não tem convênio com a Santa Casa de Sacramento. Várias tentativas foram feitas para retornar o convênio, que não se viabilizou. O administrador hospitalar, Juliano Almeida explica  que apesar das inúmeras cobranças por parte  dos servidores do estado na cidade e das tentativas feitas pela SC, não   conseguiram concretizar o convênio, por falta do Diretor Clínico. 

E sabem por quê?

Porque não fazem uma simples reunião e elegem um representante. Enquanto isso, centenas de servidores do estado ficam prejudicados.

De acordo com Juliano, a Santa casa tem um Diretor Técnico, o médico Renato Melo, mas não tem Diretor Clínico, exigência do Ipsemg para assinatura do convênio.

“- O Diretor Técnico é um médico contratado pelo hospital, porque os médicos têm direitos e deveres e eu, enquanto administrador, não posso contestar algo que o médico fez, porque eu não tenho conhecimento técnico, então quem vai cobrar a conduta do médico é Dr. Renato. 

 

Já o  Diretor Clínico é  o médico coordenador do corpo clínico, isto é,  de todos os médicos, eleito por eles. Ele é o elo entre o corpo clínico e a direção da Santa Casa. Como não elegem esse representante, não podemos assinar o convênio e os servidores do estado ficam prejudicados”, informa, afirmando que o a SC não tem esse Diretor Clínico desde o ano passado.