Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Eurípedes ganha um ano de comemoração

Edição nº 1595 - 03 de Novembro de 2017

As comemorações do centenário de morte de Eurípedes Barsanulfo são muito significativas para os espíritas de Sacramento e do Brasil. Segundo pesquisa do Prof. Evandro Martins, que participa da comissão que prepara os eventos a serem realizados na cidade este ano, há mais de  1.200 casas espíritas espalhadas pelo país, que têm Eurípedes como patrono.  

“- Sacramento é a sua cidade natal. Aqui, Eurípedes nasceu em 1º de maio de 1880; aqui, Eurípedes fez história como educador, médico, político, jornalista, abraçou o Espiritismo e se tornou um dos grandes médiuns e fundador do primeiro colégio espírita do Brasil. Aqui, Eurípedes morreu, em 1º de novembro de 1918, aos 38 anos, vítima da febre espanhola e daqui saem os seus ensinamentos através dos livros e dos encontros e seminários realizados”. 

As palavras são da presidenta do Grupo Espírita Fé, Esperança e Caridade, Alzira Bessa França Amui, que abriu as festividades oficiais da abertura do Ano de Eurípedes, na noite do dia 29 de outubro, no Colégio Allan Kardec, em entrevista ao ET.  

De acordo com a presidenta, as comemorações se estendem até 1º de novembro de 2018. 

- “Estamos abrindo o centenário, para que possamos desenvolver atividades pedagógicas e que possamos divulgar esse trabalho para todo o Brasil, de forma muito precisa, muito consciente, com o seu verdadeiro e real papel”, afirma, destacando a vinda de  pessoas, inclusive do exterior nessa semana para  conhecer este trabalho de Eurípedes. 

‘‘- Será um ano de intensas atividades. Desenvolveremos com os companheiros um profícuo trabalho. Pensamos em trabalhar 100 dias, todos com trabalhos pedagógicos. Além dos nossos companheiros de Sacramento, vamos contar também com companheiros de outras cidades, no sentido de gratidão a esse irmão”. 

Sobre o legado de Eurípedes, Alzira destaca, especialmente, O Eurípedes educador e pedagogo. “Eurípedes trabalhou a educação do amor, dos valores, porque a educação é a essência da compreensão da vida”, ressaltou, abordando também seu dom de curar as pessoas com sua farmácia homeopática. 

 ‘‘ Suas curas eram feitas pela mediunidade que ele trouxe. É um dom, o compromisso que fez de auxiliar com amor. Para nós, o milagre é algo que é feito com a manipulação da ciência e a natureza e foi o que Jesus fez. Eurípedes acudiu todas as necessidades que Jesus ensinou e com o seu potencial de amor, ele atingia o pensamento das pessoas. E é através do pensamento que estruturamos a nossa fé”.

 

Os voluntários da casa

O mecânico Gilmar Bonetti é um dos membros do Grupo Espírita Fé, Esperança e Caridade e mais um dos tantos incansáveis voluntários bdos trabalhos em encontros e comemorações realizadas pela instituição. 

Há mais de 30 anos se doando a essa causa, Gilmar falou ao ET sobre esse voluntarismo. “É apenas um trabalho de doação voluntária que eu e tantos outros companheiros e companheiras realizamos. Sou um dos compromissado com a causa. Trabalhamos, claro, gratuitamente, e cada oportunidade que temos de servir, isso nos auxilia na vida. Tudo que fazemos é pela casa, por Eurípedes e aprendemos muito, vamos nos desenvolvendo nos ensinamentos. Nosso intuito é servir, conforme pede o Evangelho de Jesus”, justifica, logo saindo para receber e dar as boas-vindas aos visitantes. 

 Daniel e Kátia Cristina, de Osasco (SP), vêm a Sacramento pelo menos quatro vezes ao ano para participar das atividades realizadas nas casas espíritas da cidade, e sempre trazendo um grupo de excursão. O significado que dão para esse interesse e para o que os move a estar sempre na cidade, segundo eles, é o Amor. 

“- “Essas visitas têm um grande significado e importância para nossas vidas. Serve para melhoramos como pessoas, é sempre um aprendizado, um crescimento”, afirmam, reconhecendo que, acima de tudo: “O que nos move é o amor. E poder participar da abertura do centenário é uma alegria muito especial de manifestarmos nossa gratidão”, explica Daniel, completado por Kátia: “Aqui é o farol, que nos ensina a vida, para que tenhamos o compromisso, que tenhamos a nossa postura e um pensamento mais justo. É uma experiência que nos traz uma alegria, uma leveza libertadora”.

 

Feira Pedagógica

Algumas das atividades realizadas pela Escola Eurípedes Barsanulfo fazem parte da programação oficial do centenário, como a abertura da Feira Pedagógica, que tem como tema, 'Brasil, pátria da esperança'; lançamento do livro, 'Crianças cozinhando na Escola Eurípedes Barsanulfo' e o musical, 'Brasil Canta Esperança'.

A diretora da escola, Francine França Amui, falou ao ET sobre as atividades. ''Cada professor, cada série desenvolveu o projeto e a gente percebe que as crianças entenderam de fato a ideia de esperança e nós estamos empenhados em alimentá-las com esse sentimento de esperança pelo Brasil. Na mesma noite, fizemos lançamento do livro, “Crianças Cozinhando na Escola Eurípedes Barsanulfo”, que é o resultado de um trabalho que nasceu de muitas mãos, porque todas as crianças, a partir de quatro anos,  participaram das oficinas de culinária. O livro foi diagramado na própria escola por Isabela Amui e impresso na Gráfica Nossa Senhora D´Abadia. 

 A nutricionista Thaís Cristina Rosa Amui e a Profa. Kely Fabiana Peres, responsáveis pelo projeto, também falaram sobre o livro. “Foi um projeto maravilhoso, as receitas são simples, mas feitas com muito carinho pelos alunos, com os alimentos da nossa horta e da escola e é uma alegria vê-lo concluído”, afirma Kelly e Thaís completa: “Por mais que seja simples a comida, mas sendo feita com amor, com  carinho é uma delícia e prezamos muito isso nas oficinas de culinária, aprendendo o valor nutricional de cada um é muito bom. Foi uma alegria grande ver as crianças abraçarem a oficina como abraçaram. Vê-las experimentar, saborear, foi tudo de bom”.

 

As atividades da escola encerraram-se no dia seguinte com uma beleza de festival, o Canta Brasil, que lotou a quadra da escola. 

 

‘Hora da Saudade’ começou em 1919 

O empresário aposentado Edson Pícolo 88, desde criança, participara da Hora da Saudade no Colégio Allan Kardec. “Eu era menino e a mamãe (Alvarina) e o papai (Hermínio) nos tiravam da cama cedo pra virmos ao colégio. Eu não conheci Eurípedes, mas papai e mamãe conheceram e a memória dele ficou e eles faziam questão de vir. Naquele tempo, Sacramento era muito fria, morávamos no bairro do Rosário, eu vinha de calça curta, o vento era muito forte e jogava cascalho, chegava a arder as pernas da gente”, conta. 

Nas lembranças de Édson estão também as visitas que os garotos faziam na casa da mãe de Eurípedes, Da. Meca. “Logo depois da Hora da Saudade, era muito gostoso, porque os alunos da escola íamos à casa da dona Meca, onde éramos recebidos com um saboroso chá. E ela nos presenteava ainda com uma moeda. Isso nos dá muita saudade. Muitas vezes questionávamos onde ela arrumava tanto dinheiro, mas o genro dela, José Rezende, era comerciante e guardava o ano inteiro as moedinhas pra ela. Graças a Deus, Corina segurou a barra e hoje vemos uma equipe boa na Hora da Saudade, na escola e a juventude como voluntária”, recorda, reconhecendo que Eurípedes deixou um grande legado.

“- Até hoje o turismo é grande em Sacramento e isso é vestígio do que ele deixou. Honra seja feita, ele é um espírito missionário. Eurípedes deu conta de sua missão e está aí nos empurrando. A sua obra é louvável, porque manter tudo isso é por sua intercessão. Claro que tudo foi melhorando, passando por reformas, ampliações e hoje isso aqui é um dos cartões de visita da cidade. Corina foi guerreira, com o seu salário da escola, ela construía, cuidava de suas filhas no Lar de Eurípedes, e ajudava os voluntários. E deu resultado”, elogia. 

 

 

Quem construiu o Colégio Allan Kardec

Alzira Bessa França  Amui, presidente do Grupo  Esperança e Caridade, que administra o Colégio Allan Kardec, falando sobre a data, diz que a data vai ser comemorada a exemplo do centenário de seu nascimento. 
“- Nós pensamos em começar o centenário da morte de Eurípedes, como Corina começou o centenário de nascimento, um ano antes. Por isso começamos agora no dia 1º e seguiremos com atividades até 1º de novembro de 2018, quando completarão os 100 anos de sua morte.  
Essa data é de uma expressão muito grande para nós, porque em momento algum o sentimos morto. Nós sentimos Eurípedes vivo, ativo, orientando todo esse trabalho que tem proliferado por todo o Brasil e até no exterior e isso mostra a força de uma educação”, afirma e prossegue fazendo o relato de uma viagem a Maringá (PR). 
“- Em Maringá, conheci com uma senhora, que me mostrou uma foto de seu avô, Salestiano, de 1916. Ele era espanhol, estava desempregado e veio para o Brasil, encontrar-se com um amigo, chamado Garcia. E, ele foi levado até Eurípedes para conhecê-lo. Eurípedes, então, lhe deu trabalho na construção do Colégio Allan Kardec. Nós nunca soubemos disso, ninguém sabia quem havia construído o Colégio. Ela fez uma carta, falando da grandeza da construção, da orientação de Eurípedes, da beleza da arquitetura. Em um trecho ela narra: 'Naquela época já era um pólo de educação de muito respeito em toda a região'”, revela. 
Para Alzira, essa informação reativa a memória das pessoas.  “Com isso a gente vê que isso está reativando a memória de muitas pessoas, inclusive a nossa, porque ninguém sabia quem era o construtor do Colégio. E, isso é muito bom. Estamos aqui com várias pessoas de vários lugares em busca de ensinamentos”, salienta.