Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Festa de Na. Sra. Aparecida em Sacramento completa oito anos

Edição nº 1540 - 14 de Outubro de 2016

A devoção a Nossa Senhora Aparecida está completando 300 anos, desde o histórico dia do achado da imagem no rio Paraíba do Sul, 12 de outubro de 1717, pelos pescadores, Domingos Garcia, Felipe Pedroso e João Alves. Uma grande festa está marcada para este tricentenário em outubro de 2017, em Aparecida (SP), com a visita do papa Francisco e o possível anúncio da santidade do missionário redentorista sacramentano, Pe. Victor Coelho de Almeida.

Em Sacramento, assim como em todas as paróquias do Brasil, neste 12 de outubro, iniciaram-se as festividades do tricentenário. No último sábado 8, um grande número de fiéis percorreram os 12 quilômetros que separam a cidade da Gruta dos Palhares levando a imagem com a Procissão das Velas. E, nesta terça 12, feriado nacional, foi realizada a tradicional Procissão Fluvial. Uma barqueata com a imagem fac-símile de Nossa Senhora Aparecida percorreu, pelo 8º ano consecutivo, as águas límpidas do rio Grande, de Jaguara ao Cipó, onde foi aclamada por centenas de devotos, que participaram a seguir de uma missa na Capela que leva o seu nome.
A festa começou em 2009, através de um projeto do então secretário de Cultura e Turismo, Amir Salomão Jacob, que fez o pedido e uma imagem fac símile foi doada à cidade pelos missionários redentoristas e entregue em missa solene na Basílica Nacional, ao então  prefeito Wesley De Santi de Melo, que estava acompanhado do secretário e do pároco Pe. Valmir Ribeiro.
 Passados oito anos, mudam-se os sacerdotes, o local ganha algumas melhorias como a construção da capela e de um monumento com a imagem de Nossa Senhora Aparecida, de 4,7m, visto de longe por quem navega no rio. Só não mudou a fé e devoção do povo que, a cada ano e em número cada vez maior, participa da celebração eucarística no dia 12, este ano antecedida de um tríduo de missas.  
E a capela de Nossa Senhora Aparecida ficou pequena para abrigar os fieis que participaram da missa presidida pelo pároco, padre Sérgio Márcio de Oliveira e concelebrada pelo vigário paroquial, Pe.  Vanildo Massaro Brito e Pe. João Carlos, da paróquia de São Domingos de Gusmão, em Araxá. Ambos, pela  primeira vez participaram da Procissão Fluvial.


Essa mulher tem um poder muito grande

O prefeito Bruno Scalon Cordeiro iniciou suas palavras arrancando risos dos presentes, ao responder à provocação do pároco, Pe. Sérgio, no início da celebração, ao apresentar um concelebrante. “Pe. João Carlos trabalha em Araxá, como sabem, a 'capital do universo'. Na sua mensagem, o prefeito devolveu a provocação: “Se Araxá é a capital do universo, Sacramento é a capital da fé”, para a alegria de todos. 
Brincadeiras à parte, o prefeito  lembrou o poder que tem Na. Sra. Aparecida de mover multidões. “Essa mulher tem um poder muito grande,  ela tem o poder de parar o Brasil. Neste feriado, ela parou mais de 200 milhões de pessoas. Então é momento de agradecer pelas bênçãos e graças”. Finalizou,  referindo-se ao final de seu mandato, que ão poderia deixar de agradecer ao pároco, Pe. Sérgio Márcio, pela persistência em edificar a capela e pelo trabalho paroquial realizado no município. Finalizou, colocando nas mãos da Mãe todo o povo sacramentano.

 

Eu sou a Mãe  que se compadeceu de seu povo

Na homilia, o pároco, Pe. Sérgio no seu peculiar dom de oratória, emocionou os presentes ao voltar no tempo na história nacional.
“- Num momento tão conturbado da História do  Brasil, marcado  pela exploração, pela pobreza e sobretudo pela mancha da escravidão, Maria se manifestou na história do povo brasileiro, compadecendo-se com a dor dos mais pobres, dos sofridos, dos escravizados.
Naquele momento histórico, ela se despedaça de dor, por causa da dor de seus filhos. Ela sente compaixão. E compaixão é pegar a dor do outro e fazê-la a sua dor, para que se possa solidarizar, entender e compreender a dor do outro. E foi assim que ela apareceu, despedaçada dentro do rio Paraíba.  Primeiro acharam o seu corpo, depois acharam a sua cabeça.
Aqueles homens, pobres, humildes, passando por um momento difícil, porque precisavam encontrar peixes, para servir ao conde num banquete. Lançaram as redes várias vezes e nada conseguiram apanhar. Certamente, no íntimo do coração de cada um rogaram à Mãe de Deus para que, por eles, ela intercedesse. Mas ela fez mais que isso. Ela se deu a eles e através deles a todo o povo brasileiro. Apareceu quebrada, suja de lama e lodo, negra para dizer: eu ouvi a oração, o clamor de vocês; eu sou a Mãe  que se compadeceu de seu povo; eu apareci  aqui para ajudar.
E faz 299 anos que ela ajuda o povo brasileiro. Ajuda, ouvindo seus rogos;  ajuda, caminhando conosco, ajuda intercedendo por nós junto a seu filho Jesus Cristo...”.


Devotos dão testemunhos de fé 

Pelo oitavo ano consecutivo, o ET está presente na festa de Nossa Senhora Aparecida, acompanhando e ouvido devotos  nos seus testemunhos, que emocionam.
Solange Aparecida Alves Gondin 59 participou da procissão das velas pela primeira vez com uma amiga e vizinha, Vera Lúcia de Oliveira  para pagar uma promessa.  Solange revela que fez uma promessa quando a amiga adoeceu.
“- Ela não precisava ir, porque fui eu que fiz a promessa, mas está bem, então vamos acompanhá-la até a Gruta e vamos à missa no dia 12 e no ano que vem se Deus quiser iremos aos pés dela, em Aparecida, para agradecer”, explica, e Vera emocionada completa: “Se Deus quiser vou agradecer. Solange me ajudou muito, me acompanha no tratamento  em Uberaba. Ela sempre me acompanha e  sou muito grata. Vou agradecer pela graça e por ter a ajuda da Solange”, ressalta.
  Leonídio, marido de Solange, que nunca perdeu uma procissão e há treze anos, anualmente reza o terço em casa no dia de Nossa Senhora, lembra a herança da mãe. “Mamãe rezava o  terço no Dia de Na. Sra. Aparecida, ela faleceu há 13 anos e eu continuei e enquanto vida eu tiver vou rezar esse terço”. 
Cristiane Regina Inácio, há vários  anos participa da procissão das velas   e este ano, pela primeira vez foi acompanhada dos filhos Eduardo 14 e Vitória 9. “É uma caminhada de agradecimento e, também, de pedidos de bênçãos. Os meninos sempre quiseram ir, mas eram muito jovens, eu tinha receio, mas este ano, vamos os três e um dia ainda quero ir a Aparecida, se Deus quiser”.
Estevan Carlos de Melo completou cinco anos de caminhada por devoção.  “É uma caminhada de devoção, fé, agradecimento. A gente tem bênçãos e graças toda hora, todos os dias... Irei a Aparecida no próximo mês e de agora pra frente irei  todos os anos, como estou indo na procissão das velas”.
Ernestina Vieira Caetano 78, há quatro anos participa da celebração nas margens do rio Grande em agradecimento a uma graça alcançada. “A cada ano a emoção e devoção aumentam. Meu filho teve um câncer e graças a Nossa Senhora, que intercedeu por  nós, foi curado. Há 20 anos não tem nada. Fomos a Aparecida várias vezes para agradecer e onde Nossa Senhora Aparecida está, eu vou”, relata, ao lado  da irmã, Terezinha Vieira do Amaral, que anualmente acompanha a festa de Nossa Senhora na cidade e já foi a Aparecida.
“- São muitas graças alcançadas. Quando perdi minha filha, não fosse a fé e devoção em Nossa Senhora eu não teria suportado. Também quando houve a tentativa de sequestro do meu filho, José Maria, eu senti a presença de Nossa Senhora ao lado dele. Naquele dia, ao chegar à casa dele lá estava uma vela acesa nos pés da imagem. Naquele ano fui a Aparecida agradecer e o levei comigo. Aos pés dela, eu disse “Mãezinha, não vim só, eu trouxe meu filho para a senhora ver. Ele está aqui”. 
Geraldo Eustáquio  da Silva, que completou 75 anos no dia 13 de outubro, conversou com o ET, nas margens do rio Grande, enquanto aguardava a chega da barqueata. “Moro em Sacramento há 45 anos, mas todo ano vou pra festa de Nossa Senhora Aparecida na minha terra, Campos Altos, mas este ano não deu. E eu participo da festa da nossa Mãezinha Pretinha pela devoção e pelo meu aniversário. A gente tem que  agradecer pela vida”.
Rejane Maria Valente Salomão veio de Conquista pela primeira vez para participar da procissão fluvial e da missa. “Hoje é o dia dela, mas é meu dia também, nasci no dia 12 de outubro e sempre tive vontade de vir em agradecimento pela vida, pelas graças recebidas. Vir aqui hoje e participar da procissão  fluvial foi o maior presente que Deus me deu, por poder agradecer. Foi muita emoção”.