Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Dom Paulo Evaristo Arns, o bispo dos oprimidos...

Edição nº 1549 - 16 de Dezembro de 2016

Dom Paulo Evaristo Arns, o bispo dos oprimidos é apenas um dos epítetos que acumulou ao longo de sua trajetória nos  76 anos de consagração religiosa, 71 anos de sacerdócio ministerial 50 anos de bispado e 43 anos de cardinalato, Dom Paulo teve atuação importante no combate à repressão na ditadura militar...

Sobre Dom Evaristo, como era conhecido, a Professora Maria Luiza Marcílio, Titular do Departamento de História da FFLCH-USP, escreve: “Felizes os que têm espírito de pobre, porque deles é o reino dos céus” e ainda, “Felizes os famintos e sedentos de justiça, porque serão saciados”(Mateus-5:3 e 6). 

Esses foram o móvel que norteou a  vida toda do cardeal Arns”, escreve e diz mais revelando fatos até então pouco conhecidos. “Dom Paulo praticou com coragem e grande força espiritual e moral essas bases cristãs e num dos períodos mais duros da nossa história, quando o  Brasil conheceu o sistema totalitário brutal, que atingiu milhares de vítimas, no sei significado mais amplo.

Mas perante essa situação,  dom Paulo Evaristo não se calou, não ficou inerte, não negligenciou a mensagem bíblica e da misericórdia. Logo no início de sua gestão vendeu, por milhões de dólares, o majestoso Palácio Episcopal, instalado no centro da cidade, repleto de jardins magníficos e de vasto terreno. 

Com essa enorme soma comprou terrenos nas mais pobres periferias, onde instalou salas de utilidade múltipla, desde escolas, centros de saúde, de lazer, de reuniões e quanto mais, dando aos seus moradores o meio de que não possuíam, e nessas instalações  criou as Comunidades Eclesiais de Base. 

Ele foi o grande defensor e promotor dos direitos humanos no País. Esse franciscano humilde foi decisivo para acabar com o ditadura militar do Brasil. Com a queda da ditadura, dom Paulo não parou: organizou e escreveu o livro que perdura: Brasil Nunca Mais, com documentos que tirou dos próprios arquivos militares. Dom Paulo Evaristo Arns foi e sempre será a figura mais importante do século 20 brasileiro.  Ele fez da justiça social sua missão”, afirma Maria Luiza Marcílio.  

Dom Paulo Evaristo Arns  fez da justiça social a sua missão! E hoje passa para a  história como o bispo que subiu morros, freqüentou favelas, incursionou pelas periferias, enfrentou os generais da ditadura para dar proteção a perseguidos políticos – de religiosos  a operários e estudantes, de advogados a jornalistas. E foi ganhando epítetos. Foi chamado de “O Cardeal da Esperança”, O Cardeal da Liberdade”, “O Bispo dos Oprimidos”, “O Bom Pastor', “O Cardeal da Cidadania”, “O Guardião dos Direitos Humanos”, dentre outros que foram surgindo ao longo de seu trabalho apostólico e social. Mas ele mesmo em recente entrevista ao lhe perguntarem como gostaria de ser lembrado, deu a humilde resposta: “amigo do povo”.