Na certeza de estar passando a Prefeitura ao seu sucessor, Wesley De Santi de Melo, sem nenhuma inconsistência de números, dados e valores e com mais de 120 obras edificadas em seu governo, o prefeito Bruno Scalon Cordeiro defendeu um dos slogans de seu governo, ‘Estamos reconstruindo Sacramento’; elegeu as dez maiores obras construídas no seu mandato e disse que a grande obra que deixou de construir foi o Trevo do Residencial Jardim das Acácias. Falou de seus projetos futuros, que ainda estão indefinidos, mas revelou que já recebeu convite para trabalhar com o senador Antônio Anastasia, ou pode
também reiniciar seu trabalho como advogado. Sobre não concorrer à reeleição, afirmou: ‘‘Existe um momento de entrar e um momento em que temos que saber a hora de recuar, de sair’’. Veja a íntegra da entrevista.
ET - Um de seus primeiros atos, prefeito, logo que assumiu o governo em 2013, foi impetrar na justiça mandado de segurança com pedido de liminar contra o então prefeito Wesley De Santi de Melo, justificando que: “Todo documento que chegou a ser liberado pela assessoria do prefeito Baguá apresentou problemas de conteúdo ou quanto à forma de apresentação”. O Sr. teme que possa acontecer o mesmo com a posse do prefeito eleito, Wesley De Santi?
Prefeito - Acredito piamente que não, porque a transição do meu governo para o próximo está se dando de uma forma muito transparente, reuniões quinzenais, requerimentos da transição feitos e atendidos a todo momento. A prefeitura está de portas abertas, livros abertos. Enfim, oferecendo à equipe que está entrando, ao novo prefeito, todas as informações necessárias, sem omitir qualquer uma delas. Então, tenho absoluta convicção de que o meu governo não vai ter nenhuma inconsistência de números, de dados, de valores, porque não é do meu feitio deixar números obscuros, muito menos adulterar qualquer documento que seja.
ET – No seu discurso de posse, o Sr frisou que tinha um orgulho imenso de ser prefeito de Sacramento e, para isso, desfraldaria uma nova bandeira, a bandeira do trabalho e da prosperidade. Hoje, prefeito, ao deixar o governo e fazendo um balanço, essas bandeiras foram desfraldadas?
Prefeito – Tenho certeza que sim. Primeiramente, quanto à bandeira do trabalho, fiz durante estes quatro anos, ao lado do vice-prefeito Geraldo Majela, secretários e funcionários, um governo para todos. Não poupei nenhum esforço em trabalhar com amor e empenho, apesar da minha arrecadação depois de 4 anos ter sido menor em 5 milhões, do que a arrecadação do governo anterior no ano de 2012, a essa queda de arrecadação soma-se ainda a crise pela qual o país passou e a inflação que assolou a todos. Mesmo assim foram 24 horas de dedicação exclusiva. Deixei meus negócios particulares, meu escritório de advocacia para me dedicar, especificamente ao trabalho na prefeitura. Não poupei esforços de ir a Brasília ou a Belo Horizonte quantas vezes fossem, para bater na porta dos deputados, senadores, governador para pedir recursos para o município. Então, a bandeira do trabalho, de ir atrás, de suar a camisa, de ser exigente, ela foi desfraldada com muito orgulho...
ET – A bandeira da prosperidade...
Prefeito - Essa, então, demos um salto imenso. Quantas obras entregamos em quatro anos do nosso governo... É só as pessoas olharem nos seus bairros, na cidade como um todo e ver o que foi feito. E há aquelas ações, como o transporte universitário, que não têm placa, mas foi um compromisso que fizemos. Para se ter ideia, o investimento no transporte universitário foi de cerca de R$ 7 milhões, valor que, proporcionalmente, daria para construir 100 pontes de concreto no município. A prosperidade está em investir nas pessoas, quando implantamos projetos audaciosos, difíceis e, às vezes, até meio incompreendidos, mas são todos fruto de lei, como por exemplo, a Coleta Seletiva de Lixo. Sacramento, hoje, está entre os 5% das cidades que não têm lixão mais. Elevar de 188 microempresas para 523 micro e pequenas empresas está gerando renda, emprego, e isso é prosperidade.
ET - Sem extrapolar no discurso, prefeito, porque o Sr está falando mais do que o Fidel, com todo respeito, resumidamente, cite dez obras de seu mandato que, por si, justificam que seu governo valeu a pena.
Prefeito - Com as devidas escusas – o falar muito corresponde à quantidade enorme de obras e ações que empreendemos no município durante o nosso governo. Mas vamos lá...1) Recapeamento asfáltico das rodovias “Antenor Duarte Vilela” (Gruta dos Palhares), e da MG-464 “Dr. João Cordeiro”, e construção do Trevo “Nino Cerchi”; 2) construção de dez pontes de concreto na zona rural; 3) construção da Unidade Básica de Saúde “Dr. Ari Sousa Bonatti”; 4) lei da gratuidade do transporte escolar para os universitários, sendo atendidos mais de 1200 estudantes e suas famílias; 5) construção da Escola Estadual Técnica “Carolina Maria de Jesus”, onde investimos cerca de R$ 1 milhão de reais somente de contrapartida municipal; 6) Inauguração da Casa Dia do Idoso “Mona Scalon”, projeto premiado em primeiro lugar pela Associação Mineira dos Municípios; 7) conclusão da Creche “Cida Loyola”, que atende hoje cerca de 250 crianças de zero a cinco anos em período integral; 8) cobertura e aquecimento da piscina do Poliesportivo 'Marquezinho', denominada de “Mauro Cordeiro Borges”; 9) as obras no povoado do Quenta Sol: instalação de poço artesiano; cloração da água consumida pelos moradores e inauguração do primeiro poliesportivo da zona rural; e 10) instalação de telefonia celular e Agência dos Correios no Desemboque.
ET - Já vitorioso nas urnas, dois meses antes de assumir a prefeitura, agradecendo os votos recebidos da população, o Sr. declarou à jornalista Ruth Gobbo que, “Sacramento voltaria a sorrir”. Findo seu mandato, prefeito, o Sr acha que Sacramento voltou a sorrir?
Prefeito - Não tenho dúvidas de que, realmente, as nossas ações foram todas no sentido de devolver o sorriso no rosto dos sacramentanos. E como fizemos isso? Ao darmos ensino de qualidade e colocando Sacramento no topo do ensino fundamental, nos índices do Ideb; quando implantamos o e-SUS – informatização do sistema de saúde; quando dobramos o atendimento dos médicos; quase triplicamos o atendimento odontológico; quando compromissamos que faríamos casas com prestações de R$ 35,00 a 80,00; quando aumentamos o número de micro e pequenas empresas de 188 para 523; quando distribuímos as quatro patrulhas mecanizadas. Isso tudo proporciona sorriso no rosto dos sacramentanos.
E muito mais, como as reformas de quase todos os prédios públicos do município; projetos sociais e esportivos, como 'No Limite', e as escolinhas básicas do esporte, dentre elas a do voleibol atendendo mais de 500 alunas; a revitalização de todas as nossas praças, reforma da Praça “Getúlio Vargas” e reconstrução da Praça do Chafariz, e a instalação de nove academias ao ar livre; quando colocamos iluminação onde não tinha. Quando restabelecemos a Defensoria Pública, que estava fechada há dez anos, promovemos o sorriso, porque agilizamos a prestação de serviços jurisdicionais das pessoas. E outros diversos projetos, na assistência social, como o Geração 60+, com mais de 180 participantes; os projetos, 'Metamorfose' e 'Mais Vida', no Lar Solidário, atendendo 180 famílias.
Para mim, a cidade voltou a sorrir com a construção de duas sedes de associações comunitárias no bairro Perpétuo Socorro e no bairro do Cajuru, além da praça “Marcão do Mutirão” também no Cajuru. Na zona rural, nos primeiros anos fornecemos ao produtor a doação de calcário; implantamos mais de 70 mata burros. Somos uma das nove cidades que ganhou o caminhão térmico para o transporte dos produtos da zona rural, que fazem parte da merenda escolar. Dentro do Desenvolvimento Econômico, promovemos a moralização na concessão de benefícios de alugueis às empresas pelo CDI, porque antes não havia critério para a concessão.
Eu acredito que todas essas ações e mais aquelas acima enumeradas na pergunta anterior, sem dúvida, fizeram Sacramento sorrir, proporcionando uma vida melhor e uma vida de qualidade para nosso povo.
ET - Falando de slogans, o Sr não acha que exagerou com 'Vamos reconstruir Sacramento', como se estivesse assumindo a administração de uma cidade que acabou de sair de um conflito, uma guerra, um terremoto?
Prefeito – Inicialmente é preciso ser dito que o slogan do governo não é esse, e sim “Um novo tempo para ser feliz”; esta expressão citada está estampada apenas nas placas de proteção de obras. O verdadeiro slogan, “Um novo tempo para ser feliz”, foi pensado a partir daquilo que vimos após as eleições de 2012, quando fui eleito. As entidades ficaram sem receber subvenção, algumas tiveram de pedir dinheiro emprestado em bancos, vender patrimônio, carro, para poder pagar funcionários; greve na Santa Casa; os universitários tiveram a ajuda cortada, a ponto de paralisarem e vir aqui a imprensa regional, televisão, cobrir o estado caótico que estava a cidade. Quando falo da situação caótica, podemos citar dentre outras dívidas: da empresa dos médicos, da empresa de coleta do lixo, particulares, terceiros ficaram sem receber. Foram várias dividas, além do INSS, que precisou ser parcelada em 60 vezes, através de autorização do legislativo, no valor superior 1,5 milhões; recebi de herança 78 cargos comissionados não exonerados, os quais tivemos que pagar as rescisões. Isso é uma situação de terremoto. Nós assumimos, já no primeiro mês de governo, colocando em ordem justamente nas questões das instituições, universitários...
ET - Prefiro o slogan do saudoso Dídia, 'O homem acima de tudo', mostrando a intensão de um governo humanista...
Prefeito - Realmente o cenário de Sacramento não estava tão diferente do que o Jornal cita, um terremoto, um conflito, porque a situação que encontrei a prefeitura não foi das melhores, a cidade como um todo estava abandonada. Então, o slogan oficial nasceu nesse sentido, de enxergar na cidade esse cenário: de um terremoto. Minha primeira ação foi de devolver respeito às nossas entidades, porque são elas os braços de uma administração: creches, lar dos idosos, APAE, enfim todas elas são parceiras do município, porque atendem a vida do cidadão, cuidam do ser humano para os sacramentanos. E nesse sentido nós começamos a apaziguar todos estes problemas, muitos estavam temerosos de não receber seus recursos e essa situação se reverteu no primeiro mês de governo. Uma das primeiras leis encaminhadas à Câmara, foi um aumento de 101% para as instituições, que receberam, durante estes 48 meses, os seus recursos em dia, mesmo depois das eleições. E aqui faço um agradecimento público a todas elas, que foram verdadeiras parceiras da administração.