Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Mecânico sacramentano pedala 754 km até Aparecida

Edição nº 1561 - 10 de Março de 2017

Robert Reis Brandolis Cândido, jovem mecânico sacramentano de 24 anos, que pedala desde criança, cumpriu uma maratona de 780 Km, pedalando de Sacramento/Uberaba /Aparecida, via Anhanguerra e Caminho da Fé, que, segundo ele, é recorde entre os ciclistas da região. Na companhia de outros três amigos,  Rafael Cury, Henrique Moraes e Paulo Júnior, cumpriu o percurso de 705 Km, de Uberaba ao Santuário Nacional de Na. Sra. Aparecida em quatro dias. Os ciclistas partiram na madrugada de sábado 25 e chegaram no pátio da Basílica Nacional às 16h da terça-feira de carnaval 28.

“- Fui pagar uma promessa e também por um desafio, porque, geralmente, o Caminho da Fé, a partir de Águas da Prata até Aparecida, um circuito de 340 Km de terra, é feito em cinco dias.. E os colegas de Uberaba lançaram o desafio, eu aceitei e aproveitei para pagar a promessa que era sair de Sacramento de bicicleta”, afirma, sem detalhar a graça alcançada.

De acordo com Robert, por ser um desafio, tudo é muito bem programado. “Tínhamos  um carro de apoio levando quatro  bicicletas reservas. Pedalamos 340 de 'speed', bicicleta própria para asfalto, e o apoio levou as 'montain bike', próprias para terra. Na mochila, dois litros de água, chave mestra da bike e comida (banana, paçoca, batata), enfim alimentos que um atleta precisa para ter energia. Mas parávamos também para alimentar. Por exemplo, no primeiro dia almoçamos em Ribeirão Preto, jantamos em Pirassununga”. 

Depois de Pirassununga, os ciclistas deixaram a Anhanguerra para tomar o Caminho da Fé, uma estrada de terra que começa em Águas da Prata. “Dali fomos Estiva, quase 100 Km distante de Pirassununga.  Só que tem uma coisa, como no Caminho da Fé não trafegam carros, só bicicletas ou veículos 4x4, ficamos sem apoio. Só enchíamos as mochilas e garrafas de água e pedal na estrada, que na verdade são trilhas. Mas no meio do caminho a gente encontra frutas. Se precisar é só colher...”, relata, destacando que a partir do momento que entraram no Caminho da Fé, a função do  carro de apoio era chegar aos destinos e reservar a pousada e comida. 

Destaca Robert que no Sul de Minas chove muito.  “Chuva demais, se não chovia durante o dia, chovia à noite e não tinha como pedalar pra subir a serra de Luminosa, ou empurrávamos ou carregávamos. O caminho é bem íngreme. São 13km de serra entre a cidadezinha de Luminosa  e Campos de Jordão. Empurramos e carregamos as bicicletas uns 8 km. Era impossível pedalar, era muito barro”, narra.

Imprevistos acontecem e já eram esperados, conforme explica Robert. “A gente já sabia que imprevistos poderiam acontecer e de fato aconteceram. Durante a viagem, furaram oito pneus, seis numa única bicicleta, outro na minha bike e outro na de um colega. Felizmente, só houve isso. Graças a Deus não houve  nenhuma queda, nenhum ferimento. Chegamos intactos em Aparecida”, revela, feliz.

Quem pedala no mínimo dez horas por dia, supõe-se que perca peso. Robert confirma a inverdade. “Não perdi nenhum peso, apesar de suar demais, pois a alimentação leve repõe as energias. A roupa também é especial e tem que ser. É uma roupa térmica, que não nos deixa passar frio nem sentir muito calor. Temos ainda o capacete, luva e a sapatilha que trava no pedal. No último dia, na serra Luminosa, chegando em Campos de Jordão, estava muito frio e  tivemos que usar roupa especial, denominada corta vento e camisa segunda pele. Foi o trecho mais difícil”, completa.

Um detalhe no relato de Robert é que não foram parados nenhuma vez pela polícia rodoviária, mas não tiveram suporte também, nem nas rodovias federais. “Mas o cuidado foi muito grande, e sempre pedalando no lado direito do acostamento”, orienta.  

 Este foi o maior pedal de Robert e agradece a Deus por tê-lo feito. “Esse foi o maior percurso, mas já havia pedalado 300 km num dia. Fui a Romaria (Água Suja) e voltei no mesmo dia de Mountain Bike, mas este trajeto foi mais emocionante. Ao avistar a Basílica de Na. Sra. Aparecida foi uma felicidade, depois de pedalar quase 800 km para pagar uma promessa,  fiquei muito emocionado, arrepiado. Não há palavras para descrever o que a gente senti. Entramos na basílica, fomos até a imagem da padroeira e ali rezamos em agradecimento”, diz mais, com sentimentos, anunciando um futuro desafio: completar o mesmo percurso em três dias...

Para finalizar, Robert anuncia a Copa Triângulo Mineiro, que terá uma das três etapas em Sacramento, no dia 9 de julho. “O evento começa agora em março, em Peirópolis, a segunda etapa em Sacramento e a última, em Uberaba. Os interessados podem nos procurar”, convida. 

 

ROTEIRO PASSA PELO ‘CAMINHO DA FÉ’

Com uma rotina diária de pedal das 5h30 às 17h, os quatro ciclistas partiram de Uberaba no sábado,  25 de fevereiro e pedalaram até Pirassununga, pela Via Anhanguera, um percurso de 280 km. No segundo dia, domingo 26,  saindo de  Pirassununga, deixaram  a Anhanguera, tomando o ‘Caminho da Fé’, que tem marco de partida em Águas da Prata, e foram até  Ouro Fino (MG), um trecho de 160 Km (80 de asfalto e 80 de terra). Na segunda-feira 27, seguiram de Ouro Fino até  Borda da Mata, um trecho de 50 Km de terra e   no mesmo dia fizeram mais  57 Km de terra até Paraisópolis,  onde pernoitaram. E, na terça-feira 28, seguiram de Paraisópolis até Aparecida do Norte, subindo a serra Luminosa até chegar a Campos de Jordão, onde almoçaram. Depois, tomaram o caminho de Aparecida, onde chegaram às 16h, depois de pedalar 132 Km, totalizando um percurso de 754 Km, com dois dias e meio de chuva.