Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Marcondes morre baleado durante tentativa de roubo na MGC-190

Edição nº 1579 - 14 de Julho de 2017

O empresário Marcondes Ribeiro da Silva 61 morreu atingido por um tiro disparado por integrantes de uma quadrilha que o perseguiram na MG-190, nas proximidades do Banco da Terra, por volta das 21h30, dessa segunda-feira 10, quando retornava de Uberaba, na companhia da esposa, Rivanda Miguel Carvalho Silva 57. Ao ser alvejado na cabeça, Marcondes perdeu o controle direcional do veículo, uma caminhonete Toyota Hilux, placas OAS-2304, de Sacramento, saiu da pista e parou ao colidir violentamente contra árvores de eucalipto.  Até o fechamento desta edição, a esposa encontrava-se internada no Hospital Mário Palmério, em Uberaba, para onde foi levada depois de ficar presa às ferragens do veículo por dez horas, quando o veículo foi encontrado. Lúcida durante o resgate, que durou cerca de duas horas,  Rivanda relatou o ocorrido aos policiais.

 

Esposa testemunha ação dos bandidos

Marcondes voltava de Uberaba com a mulher, quando foi surpreendido pelos assaltantes no trevo da MG-190,  que dá acesso a Sacramento. Conforme publicação do jornalista Willian Tardelli, que acompanhou a perícia e o trabalho dos bombeiros no local, Rivanda relatou que um veículo Corolla, preto ocupado por uns quatro  elementos, emparelhou da caminhonete,  ordenando que Marcondes  parasse.  Como Marcondes acelerou, eles começaram a atirar em sua direção e um dos disparos atingiu-lhe a cabeça. Marcondes saiu da pista e bateu de frente em eucaliptos às margens da rodovia.

Revela Tardelli que, após o acidente, os autores foram ao local onde estava o veículo, debocharam das vítimas e, em seguida, evadiram tomando rumo ignorado. “Ela também destacou que Marcondes permaneceu com vida no interior do veículo por cerca de 15 a 20 minutos, porém não resistiu aos ferimentos...” - narra Tardeli.

 Rivanda permaneceu presa nas ferragens do veículo que só foi encontrado por volta das 7h da manhã por pessoas que estavam procurando pelo casal. Na madrugada de terça-feira (às 3h15), a filha Mara postou foto e um pedido de ajuda que foi compartilhado nas redes sociais: “O casal Rivanda e Marcondes saiu de Uberaba com destino a Sacramento por voltas das 20:30h, desta segunda feira dia 10/07/17 numa Hilux Prata - Placa OAS 2304, mas até o momento não chegaram em Sacramento. A família não está conseguindo nenhum contato com eles por telefone.... Caso tenham alguma informação, favor entrar em contato com a Polícia Militar...”

O delegado regional, Victor Hugo Heisler, acompanhado do perito Walison Duarte e sua equipe, esteve no local realizando a coleta de dados, que foram repassados à equipe de investigação da Polícia Civil (PC). O corpo de Marcondes foi encaminhado ao IML (Instituto Médico Legal) de Araxá e liberado para os familiares para o velório, que começou por volta das 17h, na Casa de Oração, com a presença de um grande número de pessoas. 

O corpo de Marcondes foi durante toda a noite e na manhã do dia seguinte, velado por  familiares, amigos, autoridades, irmãos da igreja Protestante de Sacramento, Ituiutaba, Ituverava, dentre outras cidades. O sepultamento foi realizado às 9h, após culto evangélico na Casa de Oração, onde ele sempre frequentou e serviu. 


O adeus a Marcondes

Marcondes Ribeiro da Silva foi velado a partir das 17h da terça-feira 11, na Casa de Oração, por centenas de pessoas entre familiares, irmãos de credo, conhecidos e amigos. Todos silenciosos, resignados... A indignação estava contida no peito, para não explodir em gritos: “De novo, não!” Por quê? Até quando...?   O silêncio era a certeza de que as respostas não viriam...

E foi assim por toda a noite, até a manhã da quarta-feira 12. Dois cultos foram realizados pelos fiéis da Igreja, um após o seu corpo ser trasladado para a Casa de Oração onde foi velado e outro na manhã seguinte. Irmão Luciomar, de Franca, dirigiu o primeiro, que contou com a pregação do missionário Jaime Crowford, amigo da família. 

Às 8h da manhã, os cânticos de despedida dos irmãos ecoaram em novo culto em memória do grande irmão de fé, de lutas e caminhadas, enfim, do amigo de todos... Dirigido pelo presbítero Giovanni Fernandes, foi um momento de cantos, orações e lindas reflexões pregadas por alguns dos irmãos da Igreja, como o Irmão Warren Brown, de Franca; o obreiro Reginaldo de Jesus e pelo Irmão missionário, Ronei de Carvalho, de Brasília, um dos familiares presentes. 

Para Ir. Ronei, Marcondes deixará um grande legado. Lançando a pergunta à assembleia, “Amigos, parentes, como vocês gostariam de ser lembrados após a morte? - perguntou, para responder: 

“- Marcondes deve ser lembrado e vai ser lembrado como alguém que amou a Deus, como alguém que gostava de fazer o bem e não queria que tocassem trombetas pelos feitos que realizava. Marcondes será sempre lembrado em Sacramento, no Triângulo Mineiro, no Brasil e em muitos outros lugares, como alguém que se esforçava por fazer a vontade de Deus. Sem dúvida haverá de ser lembrado pelo legado que deixa, de alguém que decidiu entregar sua vida ainda novo. Um verdadeiro filho de Deus, que aceitou o seu filho Jesus Cristo como seu único e suficiente salvador; alguém que viveu uma vida de esforços por fazer a vontade de Deus. Com limitações? - sim. Em fraquezas, sim. Com tropeços e falhas? - sim. Mas que será lembrado por alguém que lutou por fazer a vontade de Deus, que aceitou o sacrifício da Cruz, como aquele que entendeu que Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito para que, todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna...”. 

 

Uma vida construída com muito trabalho

Natural de Ituiutaba, Marcondes é filho de Dorvalina Vieira de Queiróz (in memorian) e de Messias Bernardo Silva, hoje com 95 anos, que busca forças na fé em Deus para despedir-se do filho amado, ao lado dos filhos, Marlene e Mário Lúcio.  Marcondes chegou a Sacramento ainda menino, dos 12 para 13 anos, depois de perder a mãe num acidente de trator. Seu primeiro emprego foi na Reflorestadora Pinusplan, que deixou logo que se mudou com a família para a cidade, onde foi trabalhar na marcenaria de Mr. Nye (Leonardo), pastor da Casa de Oração. 

Trabalhou como padeiro nas padarias JB, Sacramentana e de Rifaina.  Até que um dia, as portas se abriram: em sociedade com o irmão Mário Lúcio compraram a linha de ônibus do Quenta Sol. Três anos depois venderam a linha e compraram um caminhão e trabalhavam juntos, os dois na boleia, alternando o volante Brasil a fora, transportando de madeira a nióbio. Em 1983, venderam o caminhão e compraram novamente a linha de ônibus que contava com três ônibus, fazendo as linhas de Quenta Sol, Jaguarinha e a   da Reflorestadora Sacramento (Resa). 

No dia 1º de abril de 1983, os irmãos Marcondes e Mário Lúcio abriram oficialmente a empresa de ônibus Maramar, formado pelas três primeiras letras do nome dos irmãos Marcondes e Mário. E nunca mais pararam. Em 1997, iniciaram com o transporte coletivo, me parceria com a Prefeitura.

 Apesar de tantas lutas e lidas, Marcondes nunca se descuidou da religião, o Protestantismo, sempre presente, atuante e participativo na Casa de Oração e nas instituições dirigidas pela Igreja. Um exemplo para muitos. Marcondes deixa a esposa Rivanda, duas filhas, genros e dois netos e um legado de honestidade, trabalho, dedicação, amizade, religiosidade e humildade.  Uma história de vida.

Delegado diz que crime não vai ficar impune
“Nós tomamos conhecimento do caso já de manhãzinha e imediatamente tomamos as primeiras providências com a equipe de perícia para os procedimentos de praxe, inclusive esteve também no local o delegado regional, Victor Hugo Heisler. Estamos diligenciando no sentido de localizar os autores, estamos empenhados 24 por dia para localizá-los. Não vamos deixar isso impune, de forma alguma. Estamos com todo o pessoal empenhado nesse caso, de Araxá, Uberaba, a equipe de inteligência da polícia civil para localizar essas pessoas”, disse o delegado Rafael Jorge, em entrevista ao ET. 
O delegado concorda que é um difícil de apurar, mas o trabalho da Depol continua com o mesmo empenho. “Sim, é um crime difícil de apurar, porque não tem ligação nenhuma da vítima com esses criminosos, mas estamos diligenciando no sentido de encontrar esses autores. Temos algumas pistas, conforme declaração de uma das vítimas, a Sra. Rivanda, afirmando que eles foram perseguidos por um carro escuro, tipo sedan, desde o trevo da BR 262. Para isso, estamos repassando imagens de câmaras de vídeo, no sentido de localizar esse veículo. E qualquer informação que alguma pessoa tiver em relação a esse veículo, por favor, ligue imediatamente para nós na Delegacia, 3351-2229, sua denúncia será resguardada com sigilo absoluto”, afirmou.