Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Adeus, Thermutes

Edição nº 1592 - 13 de Outubro de 2017

A ex-primeira dama da cidade, Thermutes Maria de Araújo (foto), viúva do prefeito Clemente Vieira de Araújo, que administrou a cidade de 1955 a 1958, morreu às 10h30, dessa quarta-feira 11, na Santa Casa de Misericórdia de Sacramento, aos 93 anos, de falência múltipla dos órgãos e parada cardiorrespiratória. 

Seu corpo foi velado por um grande número de amigos e conhecidos, que acompanharam as exéquias proferidas pelo pároco, Pe. Antonio Carlos Santos, seguidas de homenagens feitas pelos ex-prefeitos, Bruno Scalon Cordeiro e José Alberto Bernardes Borges, além de uma grande quantidade de coroas, corbelhas e ramalhates de flores, dando mostra do quanto era querida na cidade. 

Da. Thermutes deixa os filhos Astolfo (Gisele) e Iara Maria e dois netos, Daniel e Victor. Deixa também um grande de exemplo de mulher, esposa, mãe, avó, amiga e   um legado de serviços à comunidade, de amizade e de religiosidade.  

 

Quem foi Thermutes...

Thermutes era sacramentana, nascida na fazenda Córrego dos Pintos, no lar de  Acácio Novelino e Adelina Oliveira, e ali viveu ao lado dos irmãos Rosália (Zazá), Alice e Acácio até os sete anos. Fez os primeiros estudos no Liceu do Colégio Allan Kardec e, depois de concluir o quarto ano em Ribeirão Preto, retornou a Sacramento e passou a trabalhar no hotel, onde conheceu Clemente, médico recém formado no Rio e Janeiro.

Depois de 15 anos de namoro, se casaram em abril de 1953 e Thermutes passou a ser o seu braço direito, inicialmente no consultório. Como o marido conciliava as atividades de prefeito e médico, a esposa era incansável em auxiliá-lo. Aprendeu com ele alguns cuidados médicos de assepsia, limpava as feridas e zelava de doentes na Santa Casa e, às vezes, até receitava e distribuía remédios de amostra grátis, enquanto primeira-dama da cidade, de 1955 a 58.

Thermutes nunca se deixou corromper pela vaidade e  poder, pelo contrário,  continuou  ser a mulher simples e bondosa que sempre fora, e   sua maior obra foi ajudar as pessoas. Tinha o costume de levar lanche  para os funcionários da Prefeitura, sobretudo para aqueles que trabalhavam até mais tarde, quando o serviço exigia e ao mesmo tempo sabia receber muito bem as inúmeras autoridades que frequentavam  sua casa.

 Os poucos estudos foram suficientes para abrir-lhe a mente para o aprendizado na universidade da vida e pela leitura. Thermutes era amante de livros e jornais, uma mulher além de seu tempo, que soube  tão bem conciliar o papel de esposa de médico, esposa de político,  mãe, com o trabalho social que sempre desempenhou. 

Ficam sua história de vida, seus  exemplos e a saudade...

 

“Sacramento perde hoje uma de suas grandes mulheres...”

O ex-prefeito Bruno Cordeiro, na sua fala ressaltou a sua vida ao lado do marido e seus feitos. “No silêncio de suas relações, deixou registrado o bem que fez. Brincalhona e, ao mesmo tempo séria, gostava de cantar, de rezar, gostava ela mesma de limpar a casa, de buscar o pão e gostava ela mesma de realizar, de fazer. Ela foi caminheira de sua vida e deixa-nos exemplo de amor, de carinho, de companheirismo, mas principalmente, exemplo de  mulher. Sacramento perde hoje uma de suas grandes mulheres. Os céus hoje estão em festa, porque ela está encontrando um a um dos familiares e conhecidos que partiram e nós aqui ficamos, nos abraçando, nos fortalecendo...”, lembrou o ex-prefeito, convidando a filha Iara Maria para colocar sobre o seu féretro a bandeira do município. 

O ex-prefeito José Alberto Bernardes Borges também lembrou da convivência com Thermutes e sua família desde 1970. “Foi ali, diante de seu esposo, o grande político e médico, Clemente Vieira de Araújo, que eu disse meu sim para ser prefeito e nunca mais deixei de visitá-la. Me tornei um filho, um membro daquela família, que dia e noite os visitava. Sinto uma gratidão muito grande por ela, porque nós pudemos conviver e comungar as mesmas ideias. Thermutes dentro de sua humildade, simplicidade e coragem, me conduziu a rumos maiores”.