Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Editorial

Educação Corporativa

Por Paulo Roberto Lucas de Oliveira (*)

Segundo Alvin Toffler, estamos na Terceira Onda, ou seja, na era do conhecimento, do qual as empresas dependem cada vez mais como principal fator de produção, em substituição à terra e aos equipamentos, que caracterizaram a revolução agrícola e a industrial. Hoje, é necessário ter colaboradores com formação específica em uma área do conhecimento, mas também com visão geral do seu negócio e do mercado no qual a empresa está inserida. Uma opção é buscar esse funcionário no mercado, já pronto para assumir uma posição de liderança e de gestão; a outra é formar os próprios executivos. Neste ponto, um curso preparado exclusivamente para a empresa poderá agilizar a formação desses colaboradores, à medida que mescla assuntos gerais com os temas específicos vividos diariamente pela empresa. Denominamos este processo de Educação Corporativa.

Um grande diferencial é que estes cursos estão focados no ensino e não no aprendizado. A diferença é sutil, porém de resultados distintos. Um curso focado no ensino determina que o professor é responsável por buscar no aluno o ponto certo de sua dúvida e saná-la adequadamente. Este modelo é encontrado nos chamados professores particulares, contratados para suprir as falhas do ensino normal, e deve ser adotado no processo de Educação Corporativa.

Ao aderir à Educação Corporativa, a empresa não ficará na dependência de encontrar alguém que esteja disponível no mercado de trabalho. Além disso, participará da formação do curso, juntamente com a instituição de ensino parceira e poderá apontar quais as principais deficiências que espera corrigir em seu grupo de funcionários. Também implantará uma linha básica de raciocínio dentro da empresa, com seu quadro de funcionários falando a mesma linguagem e tendo linha de conduta que tende para a consecução de objetivos comuns. Finalmente, ela terá a oportunidade de encontrar soluções mais adequadas aos seus problemas, uma vez que eles serão discutidos em sala de aula juntamente com os professores "experts" em cada matéria. É a Era do Conhecimento.

Algumas empresas estão criando suas próprias estruturas de ensino, contratando professores e psicólogos para monitorar o conhecimento dentro da empresa e criar cursos para sanar deficiências a partir da percepção obtida pelo seu Planejamento Estratégico. Nós chamamos a isto de Gestão de Competências. O objetivo é utilizar a Educação Corporativa como uma ferramenta de aprimoramento e de desenvolvimento de competências essenciais no processo de implantação de estratégias na empresa.

Para ter um curso sob medida, a empresa deve se conscientizar da necessidade deste processo. Somente assim poderá confiar seus funcionários a um instituto de ensino. Deve, em seguida, procurar um estabelecimento que tenha experiência na formação de profissionais para o mercado de trabalho. Uma vez escolhida a instituição que vai promover o treinamento, a empresa deve expor seus objetivos e definir os resultados a serem alcançados. O curso será criado em conjunto por ela e o estabelecimento de ensino, levando em consideração o nível médio da formação e do conhecimento das pessoas que serão treinadas, os pontos mais importantes que devem ser abordados, os horários de trabalho e de lazer dos participantes, o tempo esperado para conclusão do processo e o seu custo de consecução.

A empresa, como ativa no processo, pode reavaliar o que está ocorrendo e sugerir mudanças durante o andamento do treinamento. Um resultado importantíssimo desse processo é a discussão, em sala de aula, de problemas existentes na empresa e da busca de soluções adequadas a eles. É semelhante à empresa contratar uma consultoria especializada para buscar estas soluções, com a vantagem de ter os funcionários participando ativamente do processo.

(*) Paulo Roberto Lucas de Oliveira é coordenador de pós-graduação das Faculdades Rio Branco.