Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Editorial

Jesus que nos ama

(*) Pe. Luiz Carlos de Oliveira

Com a festa de Cristo encerramos o Ano Litúrgico. Tivemos todo um ano para celebrar com Cristo seu Mistério Pascal, isto é, sua vida, paixão, morte e sua gloriosa ressurreição. Cristo não é somente um “santo a mais” da Igreja. Somente nEle se explica o universo. Por isso celebramos a festa de Jesus Cristo Rei do Universo. A festa tinha um cunho um tanto político diante das realidades do mundo, como a dizer: Cristo é o Rei maior. Sem perder essa dimensão de realeza, Jesus é o Salvador que se entrega ao Pai em sua vitória sobre a morte. Ele é o Senhor. São João proclama no prólogo de seu evangelho: “No princípio era o Verbo (Palavra – Cristo) e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus [...] Tudo foi feito por meio dEle, e sem Ele nada foi feito de tudo o que existe” (Jo 1,1-2). Jesus é o Homem-Deus, síntese de todo universo. Mas é Ele celeste: “Meu reino não é desse mundo” diz a Pilatos (Jo 18,36). Ele esteve no meio de nós. “Ele nos ama porque nos libertou com seu sangue das cadeias da morte e nos associou a si, nos redimiu a sua realeza, seu sacerdócio, criando-nos como reino de salvação e povo sacerdotal digno de servir ao Pai” (Frederici). Temos muitas razões para celebrar a festa de Cristo Rei, porque estamos envolvidos com ele e seu Reino. O poder fundamental que tem é de conduzir, como um pastor a seu rebanho, para, com Ele, viver junto do Pai. “Se com ele morremos, com Ele viveremos. Se com Ele sofremos, com Ele reinaremos” (2 Tm 2,11-12)

Fez de nós um reino de sacerdotes para seu Deus e Pai (Ap 1,5). Missão dos cristãos são as realidades humanas. Cristão é o continuador de Cristo que vai colocar o evangelho na política, na economia, nas estruturas sociais, nas artes, nas universidades, nas ciências etc... Onde estiverem as pessoas, ali deverá estar o cristão. Às vezes será um pregador das verdades, outras, o servidor humilde que mostra o Cristo que serve. A cada homem e mulher são confiadas as tarefas humanas. Nós nos preocupamos muito que as pessoas estejam na Igreja assumindo pastorais, realizando atos religiosos, participando da vida da Igreja. Certo! Mas o lugar do cristão é no meio da massa, como fermento de mudança. Esse é o ensinamento da Igreja na Gaudium et Spes (Alegria e esperança), Populorum Progressio (Progresso dos povos) documentos sobre a Igreja no mundo. Não adianta nada ficar excomungando o mundo mau de fora. A atitude coerente é entrar, não para se sujar, mas como água límpida no lamaçal que aos poucos o purifica. Por que o cristão, quando entra nesse mundo acaba ficando pior que os outros? Falta uma atitude concreta da Igreja de coerência evangélica diante das realidades terrestres.

Quem nasceu de Deus e vive a Verdade de Deus, escuta e aceita e obedece a voz do Filho de Deus (Jo 18,37). O Reino da Verdade está se realizando eternamente. Sobre a cruz, no Espírito, no Sangue, na água e no testemunho autêntico (Jo 19,30.34.35-37) Jesus é o Senhor. Ele é o centro e o fim de tudo o que somos e fazemos. O cristão que está atento à voz de Cristo torna-se uma testemunha da verdade. O senhorio de Cristo exige a essa obediência à voz. Disse na parábola do bom Pastor: As ovelhas que me conhecem ouvem a minha voz e me seguem (Jo 10,27). Ser do Reino de Cristo é uma questão de identidade. À medida que o conhecemos, mais nos identificamos com seus sentimentos e mentalidade e passamos a torná-lo presente no mundo
Além dos reis do baralho, sobram poucos sobre a terra. Não é bom identificar Jesus com as tais realezas. Ele é diferente. Melhor dizer pastor do povo. Quem sabe, colega, ou melhor, aquele que nosso coração ama. Ele dá sentido. Disse: Vim para dar testemunho da verdade. Ele é legal. A gente sabe com quem está lidando. Nós que queremos a verdade, nós O entendemos. É uma delícia encerrar o ano litúrgico na certeza de que nos entendemos bem. Eu e Ele, nos entendemos bem. E nos amamos. Com ou sem coroa, Ele é meu Reino.

Pe. Luiz Carlos de Oliveira é missionário redentorista