Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Editorial

A vitória de Vado

João Osvaldo Manzan encerrou dia 30 de dezembro uma longa, profícua gestão à frente do Sindicato dos Produtores Rurais de Sacramento. Sem passar também por alguns revezes. Não deixou durante esse tempo de enfrentar uma branda, mas inquietante oposição, sempre derrotada nas urnas. Nosso Vado, o antigo lavrador, sapateiro e goleiro do CAS passou a administração do sindicato, que ocupou durante 15 anos, ao jovem presidente, Hermógenes Vicente Ribeiro, e demais diretores, eleitos através de eleição direta em novembro último.

Muitas foram as realizações de seu governo, a maior delas, segundo narrou em recente entrevista a este jornal, foi unir a classe em torno do sindicato, ao aumentar o número de associados. De 151 pulou para 2.300. Corajoso, destruiu a velha casa do Sindicato para um moderno prédio, que chega ao seu final só agora com a inauguração do salão de festas. Informatizou o serviço. Contratou veterinários. Firmou convênio com a Unimed. Realizou vários cursos de capacitação dos associados. Elevou e divulgou o nome do Sindicato no Estado. Sua gestão o fez por merecer um cargo na diretoria da Faemg.

Mas durante o período da quase falência da Credicoasa, instituição que ajudou a fundar e dirigir, e que passou por sérios problemas financeiros devido a calote de correntistas, amargou e superou duras críticas. Seus detratores chegaram a afirmar que sabia da falência da instituição e retirou o dinheiro. Provou que era mentira da oposição. Sacou R$ 80 mil para construção do novo prédio do Sindicato para pagar as contas, mas sua conta pessoal ficou intacta. Em 95, no primeiro governo do atual prefeito, Joaquim Rosa Pinheiro, teve rejeitado o projeto de lei que lhe concedia a cidadania sacramentana, pelos próprios vereadores do prefeito. O tempo apagou as mágoas. Na festa de sua despedida, recebeu de Joaquim rasgados elogios. Coisa de política.

"João Oswaldo, durante o seu tempo no Sindicato, buscou realizações e melhorou o dia-a-dia do produtor, soube conviver com a sociedade, com os prefeitos, com os partidos e com nossos deputados", elogiou o prefeito, seguido pelo presidente da Câmara, Bruno Cordeiro: "A casa está cheio e isso é fruto do trabalho que o Sr. desenvolveu". Já o deputado Paulo Piau foi mais longe na comparação: "Feliz de uma cidade que tem um João Osvaldo Manzan. Vejo na figura de Manzan a figura de um Ghandi, que sem um tiro, sem um tapa fez a maior revolução da história do mundo, apenas com a simplicidade e a humildade. Vejo no João essa figura. A figura de um líder".

De todos os sonhos sonhados um ficou para trás. Não passou de uma idéia, de um projeto e uma maquete, a construção do Centro de Eventos de Sacramento, obra orçada em R$ 2 milhões, que idealizou sozinho, mas que nasceu de um projeto opinado por dezenas de mãos. A primeira reunião para por o seu projeto no papel foi realizada com a presença de representantes dos diversos segmentos da sociedade, entre instituições oficiais, clube de serviços, entidades e imprensa. O projeto nasceu da idéia para o papel, do papel para a prancheta de um arquiteto, e daí para uma maquete. Mas morreu aí. "Meu desejo era construir algo digno dos produtores rurais de Sacramento.

É uma obra de primeiro mundo, que serviria, não só ao produtor rural, mas a todo município, à região. E Sacramento merece uma obra dessas. Temos uma grande produção de grãos, somos a terceira bacia leiteira da região, a classe merece essa obra. Queria deixa-la pronta". Não deixou.

Deixou algo mais. A responsabilidade, a referência ética, a consciência do dever cumprido no trabalho constante e na honestidade. Aos homens de fé, que fazem a diferença num país inundado de corruptos, isso basta. É o que todos queremos dos homens públicos.

O Estado do Triângulo