Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Quem é que vai?

Edição nº 1581 - 28 de Julho de 2017

Havia um convite, inclusive já formulado em outras ocasiões que, impossibilitado de ir, me declinei. Havia também uma expectativa em saber se valeria a pena e de que forma a aceitação desse convite iria modificar o meu dia a dia, minha vida, meu relacionamento com a minha família. Pouco se sabia sobre o destino que aquele convite iria me levar. Imaginávamos - eu e a Ruth que, em se tratando de um convite para casais e feito por pessoas amigas e conhecidas, seria uma coisa boa. E aqueles que nos convidavam já diziam: “vocês vão gostar”.

Aceitamos e fomos. Logo de início percebi que teríamos que navegar, pois no primeiro “alarme” da nossa chegada, nos foi apresentado uma “barca”. Eu que gosto de pescar imaginei logo: estou “fisgado”, já estamos na “rede”. 

Mas ficamos firmes e nos colocamos junto com outros tantos casais a atravessar aquele desafio em dois dias e meio. Ainda não tínhamos visto a extensão da água, a condição da mesma e nem o percurso.

Pela tripulação que se apresentava, imaginamos que a barca seria grande. E atentos a tudo e a todos, devido a expectativa daquela “viagem” percebemos de início a limpeza e a higiene do Porto. E partirmos numa sexta-feira à noite. 

Durante a navegação, havia um barulho incessante e agradável, pois soava como se estivesse impulsionando aquela embarcação a seguir rumo adiante. Víamos vários timoneiros, marinheiros, mas o capitão mesmo não sabíamos quem seria. E a fartura de peixes era grande, pois a todo instante a mesa estava posta: á grelha, ao molho, fritos ou assados.

A segurança perfeita. Mesmo quando se poderia imaginar uma turbulência          havia vários “remos” e “boias” a nos servir de apoio e sustentação. A organização impecável, mas naquele estágio da travessia, faltava-nos a resposta concreta àquele convite, àquela viagem que se dizia ser um passeio !!??.

E tudo começou a clarear, na manhã do segundo dia .... Vimos águas claras e mansas. Vimos paz, muita paz. A paisagem era de ternura, de carinho, de fraternidade ... percebemos que estávamos navegando no mar do amor. Quando se apresentava alguma imagem mais densa com “cicatrizes” de algum desmatamento, corrosão ou erosão, servia de apoio e, principalmente, de exemplo em mostrar-nos que devemos sempre preservar “nosso” meio ambiente ou nosso “ambiente inteiro”. E era necessário ter aquela imagem no contexto do que se via, do que se buscava. Aliás, ela foi providencial pois mostrou que nem tudo são “flores” na nossa viagem familiar, na nossa vida.

Era uma manhã de sábado, por um momento imaginei que pudesse ser o da aleluia, pois se via e se sentia a alegria no coração, era realmente um sábado santo. Mas com o passar do tempo, a noite chegou e um pouco cansados e ainda sem saber em que local nos encontrávamos, imaginando estar no final do percurso, avistamos um FAROL e, de imediato, percebemos que aquela luz significaria uma resposta a essa “embarcação” de casais.

E a resposta veio no último dia, uma manhã fria de domingo. Todos felizes e com um sentimento de dever cumprido, de vitória, agradecidos pelo término daquela travessia serena.

Mas havia uma pergunta final: como pôde essa viagem ter sido feita com tanta gente nessa barca, sem ter tido um só percalço, sem ter tido um só ressentimento, sequer um temor? E todos souberam a resposta: naquela barca o salva-vidas é JESUS.

Imaginei ser um domingo de Páscoa. Um domingo de Ressurreição. 

 

Munir Miguel Jacob