Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

O Papa e a Amazônia*

Edição nº 1585 - 25 de Agosto de 2017

 “...As propostas de internacionalização da Amazônia só servem aos interesses econômicos das corporações internacionais.” (Papa Francisco)

A constância com que o carismático Papa Francisco é aqui evocado decorre da circunstância de que, em seu refulgente pontificado, além de mentor espiritual acatado por multidões, ele é aclamado como o mais qualificado estadista da história contemporânea. Nenhum tema de alta relevância, alusivo às angustias humanas, é desconsiderado em suas argutas percepções da vida.

Recente manifestação desse líder religioso vindo dos confins do mundo, como faz questão de dizer, abordando com firmeza e lucidez as sempre candentes questões da Amazônia, deixa novamente  explicitado o seu singular e propositivo estilo de liderança. A palavra está com Francisco: “Mencionemos, por exemplo, os pulmões do planeta repletos de biodiversidade, que são a Amazônia e a bacia fluvial do Congo, ou os grandes lençóis freáticos e os glaciares. A importância desses lugares para o conjunto do Planeta e para o futuro da humanidade não se pode ignorar. Todavia, ao falar sobre estes lugares, impõe-se um delicado equilíbrio, porque não é possível ignorar também os enormes interesses econômicos estrangeiros que a pretexto de cuidar deles, podem atentar contra as soberanias nacionais. Com efeito, as propostas de internacionalização da Amazônia só servem aos interesses econômicos das corporações internacionais”.

Análise soberba. Tem-se aí esplendidamente configurado o enorme tamanho do problema suscitado pela gula insaciável dos “donos do mundo”. O estadista Francisco, do alto de sua incontestável autoridade moral, registra sua preocupação diante das copiosas evidências de que a Amazônia, afortunado pedaço de chão bem brasileiro, vive sob a constante e despudorada mira da cobiça internacional.

Quem se entrega ao trabalho de coletar informações acerca do tema sabe perfeitamente bem que, tanto na Europa como nos Estados Unidos da América, pipocam volta e meia frenéticas ações indicativas de trabalhos articulados voltados flagrantemente para o insano objetivo de fragilizar, de modo a sensibilizar a opinião pública internacional, o direito sagrado e soberano da Nação brasileira sobre o vastíssimo e riquíssimo território, superior em extensão territorial à Europa inteira, Rússia excluída. São ações desencadeadas por inimigos a cada momento mais desenvoltos em suas solertes manobras.

Essa inapelável denúncia do Papa Francisco foi feita por ocasião do lançamento de uma luminosa carta encíclica, a “Laudato si”, a monumental aula de Direito e Educação Ambiental, onde se fala dos cuidados que a sociedade humana carece tomar com objetivo de preservar a “Casa Comum”. No documento, o Santo Padre faz um apelo pela Natureza para que o mundo pare de dar as costas à Mãe Terra. Pede pela preservação da Amazônia, reclama atenções para com o meio ambiente na exploração dos recursos naturais. Critica o consumismo e o desenvolvimento irresponsável, formulando um apelo a mudanças e à unificação global das ações destinadas a combaterem a degradação ambiental e as alterações climáticas. Convida as pessoas a ouvirem os gemidos dos “abandonados do mundo”, exortando todos e cada um – indivíduos, famílias, coletividades locais, nações e comunidade internacional – ao que denomina de “uma conversão ecológica”, isto é, uma “alteração de rumo”, assumindo a beleza e a responsabilidade de um compromisso para o “cuidado da casa comum”.

 

* Texto publicado em A Folha Regional - http://www.afolharegional.com/portal/ e reproduzido em vários sites.