Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

PUC: Porquê?

Edição nº 1554 - 20 de Janeiro de 2017

Hoje no Brasil proliferam as instituições de ensino superior, faculdades e universidades. Muitas dessas, seguindo princípios capitalistas e mercantilistas, passam a ser meros mercados de trabalho com finalidades lucrativas, sem preocupações com a finalidade maior que é a educação. 

 

Entre Universidades públicas e privadas encontram-se as Universidades e faculdades Católicas, no mundo mais de nove dezenas. A Igreja Católica desde suas origens manifestou sua preocupação com a  procura da verdade, de mostrar ao homem que a cultura é dele mesmo, provém dele e é para ele. Por isso, já nos primeiros séculos, a Igreja foi promotora do saber, das ciências, das artes e da cultura.

 

Nos séculos áureos do surgimento de universidade, é importante também mencionar figuras cintilantes do mundo das ciências, com grande paixão pelo saber, vindos de ordens religiosas da Igreja como: o franciscano Roberto Grosseteste (1168-1253), o dominicano Alberto Magno (1200-1280), o franciscano Roger Bancon (1210-1292), o dominicano Tomás de Aquino (1224-1274), o franciscano Boa Aventura (1217-1274). Mais tarde a ordem jesuíta assumiu no mundo, especialmente a península ibérica, papel de grande relevância na vida universitária.

 

A Igreja Católica marcou historicamente sua presença no  mundo da cultura e foi a precursora na organização da agremiações superiores de ensino, ou sejam as universidades. Com título de Universidade Católica, a primeira a ser criada foi a Universidade de Lovaina na Bélgica. A essa sucedera-se inúmeras fundações espalhas pelo mundo.

 

Algumas das Católicas passaram a ter o título de Pontifícia Universidade Católica-PUC por serem ligadas mais estreitamente ao Vaticano, pela Sagrada Congregação para a Educação Cristã. No Brasil, a primeira PUC foi a do Rio de Janeiro seguindo a PUC-São Paulo, Porto Alegre, Campinas, Belo Horizonte, Curitiba e mais recentemente a PUC-Goiás. 

 

O objetivo central das instituições Católicas é servir à a verdade em todos os campos do conhecimento. Para atingir essa meta é preciso procurar a integração de fé e vida, formando o profissional e o homem em sua integridade. 

 

 O professor Regis de Moraes no seu texto As Universidades Católicas no contexto atual, afirma que “a sociedade Brasileira, crivada de misérias e injustiças sociais, espera que instituições universitárias Católicas prossigam em sua vocação de proximidade com as necessidades mais básicas e imediatas do povo, diferenciando-se de outras universidades que expõem sua importância em produzir “tecnologia fina” e ciências para uso do primeiro mundo”. A influência da modernidade e pós-modernidade, no campo das ciências dão primazia ao principiou da secularização. A desmedida importância do “ter” sobre o “ser”, fruto de uma sociedade tecnológica e consumista pouco se adequando aos valores humanos e aos direitos das pessoas. 

 

Com essas reflexões pergunta-se: Porquê PUC?. Será que o espirito da Igreja ao instituir universidades Católicas e mais especificamente pontifícias permanece como inicialmente foram projetadas, com as mesmas finalidades de estarem a serviço da comunidade?. O questionamento do professor Regis, acima mencionado, não tem haver com as influências do capital sob as necessidades humanitárias e a solidariedade que essas instituições deveriam ter com os problemas imperiosos da atual educação?

 

Gil Barreto Ribeiro (Professor emérito da PUC-Goiás e Diretor Editorial da Editora Espaço Acadêmico)