Brasil e Estados Unidos estreitam as relações para troca de experiências na agricultura. Através da multinacional, Monsanto, que abastece o país com seus defensivos agrícolas, um grupo formado por 80 fazendeiros brasileiros participou, entre os dias 26 a 4 de agosto último, do programa, Dekalb Tour 2013. Dentre os produtores, estavam dois sacramentanos, a convite da multinacional, Paulo José Marincek e seu filho, o universitário em Agronomia, Paulinho Marincek.
No roteiro da programação, a visita a três cidades que têm na agricultura o seu ponto forte, Champaign, Chicago e Saint Louis, nos estados de Illinois e Michigan.
De acordo com os produtores, o objetivo da viagem foi adquirir experiência e entender um pouco da agricultura Norte Americana, já que é a maior do mundo e influencia diretamente o agronegócio brasileiro. Além do mais, há que se ressaltar a troca de experiências entre produtores brasileiros de diversas regiões do país, durante os oito dias da viagem.
Para Paulinho, o dia a dia foi cansativo pela extensa agenda, mas valeu a pena. “Devemos confessar que o dia a dia era exaustivo, com muitas visitas a fazer e muito conhecimento para absorver, em tão pouco tempo. Foram várias visitas a propriedades nas quais pudemos ver a realidade agrícola naquele país”, informou.
Na Universidade de Illinois, reconhecida como a melhor do mundo em Agronomia, os produtores participaram de uma palestra com um dos maiores economistas americanos do setor. “Foi excelente, com certeza valeu a pena”, reconheceu Paulinho, informando mais que, além de visitas a fazendas, tiveram oportunidade de visitar a sede mundial da Monsanto, centros de pesquisa e uma unidade de beneficiamento de sementes.
Mas, tiveram também tempo para o lazer. “Fizemos uma visita ao Gatheway Arch, o maior arco já construído no mundo, que simboliza o encontro dos dois mais importantes rios dos Estados Unidos, o Mississipi e Missouri. Visitamos também o Willis Tower, o edifício mais alto do país, com 110 andares, que possui na cobertura um observatório e, claro, tempo para as compras e tomar uma cervejinha, afinal, ninguém é de ferro”, conta Paulinho.
As diferenças em relação ao Brasil
De acordo com Paulinho, em termos de tecnologia, os Estados Unidos estão à frente, mas o Brasil não fica atrás. “Eles estão um pouco à frente, mas nem tanto. Como avanço da agricultura norte-americana, podemos citar: o uso de híbridos com até oito transgenias; agricultura de precisão, com um vasto histórico; banco de dados e variáveis, diferente da nossa, que é feita somente com análise de terra e mapa de produtividade na sua maioria”, cita, destacando, entretanto, que “essas tecnologias podem ser utilizadas no Brasil, aliás já estamos vendo a introdução delas, e isso com certeza é de grande importância”, reconhece.
Um diferencial notado pelos produtores brasileiros é com relação aos defensivos agrícolas, que os norte-americanos, praticamente, não usam. “Mas isso tem uma explicação – justifica o universitário - o inverno no hemisfério norte é muito rigoroso, neva muito, e o frio mata praticamente todas as pragas, restos vegetais, que seriam problemas para a safra”.
Outras duas vantagens apontadas por Paulo Marincek são o solo muito fértil e quase 16 horas de luz por dia, proporcionando à planta maior aproveitamento da fotossíntese. “Com isso, eles alcançam a produtividade media de 280 sacas por hectare, no caso do milho. Mas apesar de o Brasil não ter essas condições naturais, ainda somos muito competitivos em termos de produção, pelo fato de conseguirmos produzir duas safras por ano, ao contrário deles, que fazem somente uma devido a neve”, ressalva Paulo, que cultiva soja, milho e cana de açúcar no município.
Política agrícola
“Em relação á política agrícola do país, vimos outra mentalidade, que não tem nem comparação. O governo americano investe pesado na agricultura e a população reconhece o seu devido valor. As estradas das propriedades são asfaltadas pelo governo, eles têm um seguro agrícola barato e que realmente funciona. Existem armazéns em todas as propriedades que visitamos, os impostos são poucos e de forma simplificada para o setor produtor”, diz mais o produtor sacramentano, completado pelo filho: “O Brasil poderia proporcionar muito mais apoio ao setor agropecuário. Abraham Lincoln disse, no século XIX, que, 'enquanto os Estados Unidos tiverem agricultores e engenheiros, seremos um país próspero'. Em pleno século XXI, acho que o Brasil não descobriu isso, é lamentável”.